O solo é o resultado de um lento processo de erosão que ocorre nas rochas. As rochas, quando estão expostas a processos como ventos, chuvas, calor, frio, ação de fungos e do crescimento das raízes das plantas, são quebradas em pequenos pedaços. Com o tempo, esses fragmentos passam por vários processos e se tornam diminutos, se acumulam e misturam-se com materiais orgânicos, água, ar e outros elementos, formando o solo. Porém, são inúmeros os tipos de rochas existentes e uma rocha fragmentada pode ser submetida a diferentes influências, o que causa a formação de vários tipos de solo. Tal processo de formação de solos é chamado de Pedogênese.
Em cada canto do Brasil, existem características peculiares relacionadas ao relevo, ao clima, aos tipos de rocha e vegetações locais ou regionais, tudo isso contribui para que os solos expressem diferentes composições, cores, densidades, camadas, texturas e profundidades, assim, podemos classificá-los em 13 tipos (Figura 1).
Se estabelecermos uma linha do tempo, é possível agrupar os solos em “velhos” e “novinhos”. Solos formados a partir de rochas que foram expostas a condições climáticas mais severas, como chuvas frequentes, calor intenso, ventos fortes e ação de microrganismos, geralmente são mais profundos. Esses solos apresentam horizontes muito bem definidos, são bem mais estruturados, muito porosos e expressam baixa fertilidade natural, eles foram literalmente envelhecendo! É o caso dos Latossolos, Argissolos, Vertissolos e Nitossolos. Por outro lado, alguns solos estão na flor da idade, são “novinhos”! Normalmente solos assim são poucos profundos, ao ponto de ser possível ver fragmentos de sua rocha de origem. Podem dispor de pouco ou nenhum horizonte e pode haver muita matéria orgânica em sua constituição, características típicas dos Neossolos.
Solos são importantes indicadores de variação ambiental, podendo ser possível até categorizar áreas naturais ou alteradas pelo homem, somente com a análise do solo. Por baixo das grandes florestas como a Amazônia e Mata Atlântica, podem ser encontrados os Nitossolos e Argissolos. São solos profundos, com presença de argila e com diferenciação visível de horizontes. Nas chapadas e planaltos do Cerrado, são encontrados os solos de maior ocorrência no Brasil, os Latossolos, geralmente associados a relevos planos ou suavemente ondulados. Já em vegetações de pequeno porte, como o caso da Caatinga, são encontrados solos menos profundos e naturalmente mais férteis, como os Neossolos, Planossolos e Cambissolos. Em alguns ambientes peculiares, como nas Veredas do norte de Minas Gerais são encontrados solos encharcados, os Gleissolos. Nos Pampas gaúchos, temos solos com elevados teores de matéria orgânica, os Organossolos.
Os solos são importantes desde que eles surgiram nos primórdios do planeta Terra, foi neles que boa parte da vida se abrigou e se consolidou. Os solos fornecem serviços ecossistêmicos invaloráveis, propiciam sustentação aos vegetais, funcionam como moradia e abrigo para diversos animais, armazenam e filtram a água, fornecem condições para a produção de alimentos, são base para construções civis, criação de animais e outras atividades. Além do valor financeiro, os solos também carregam valores culturais e sentimentais para as populações que eles abrigam.
Bruno Dias Semensato é graduando em Engenharia Florestal pelo Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Desenvolve pesquisas sobre tecnologia da madeira.
Márcio Venícius Barbosa Xavier é graduando em Engenharia Florestal pelo Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Desenvolve pesquisas com florística e fitossociologia.