ecologia

O que a teoria dos jogos tem a ver com comportamento animal?

A teoria dos jogos é uma teoria matemática que foi desenvolvida nas décadas de 40 e 50 pelo matemático húngaro John von Neumann para entender como as pessoas tomam decisões. Basicamente, ela é como um conjunto de regras matemáticas para entender como as pessoas fazem escolhas quando estão em situações de conflito com outras pessoas, servindo como ferramenta para ajudar a tomar decisões inteligentes quando você está competindo com outras pessoas. A teoria dos jogos é frequentemente estudada em sua forma matemática pura e aplicada como uma ferramenta para compreender sistemas complexos, como análise teórica em eleições, leilões, equilíbrio de poder e evolução genética, entre outros.

Vamos ver um exemplo para entender melhor. Imagine dois ladrões, Al e Bob, presos em celas diferentes, acusados do mesmo crime. O delegado faz uma proposta: eles podem confessar ou negar o crime. Se ambos negarem, eles pegam um ano de prisão. Se ambos confessarem, pegam cinco anos. Mas se um confessar e o outro negar, o que confessou vai livre, e o outro pega dez anos.

Como resolver esse dilema? Analisemos a Figura 1. Considere o sinal negativo representando a quantidade de anos que o prisioneiro ficará preso a depender de sua escolha em relação a do outro. Exemplo, se Al negar e Bob confessar, Al pegará 10 anos de prisão e Bob ficará livre.

Figura 1. Tabela representando o dilema dos prisioneiros. O sinal de menos (-), indica quantos anos a pessoa ficará presa. O primeiro número se refere à Al
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Aves frugívoras: Ecologia e conservação

Os serviços ecológicos, ecossistêmicos ou ambientais, são os papéis que cada espécie exerce no planeta. Estes serviços influenciam na vida e sobrevivência de todo ser vivo, inclusive na nossa. Ao admirar o fascinante tucano, com aquela beleza que mais parece uma pintura; ao ouvir a barulhenta vocalização das maritacas; ao contemplar a elegância do canto de um sanhaço ou de um sabiá, muitos nem imaginam o quão estamos ligados ecologicamente às aves.

Ave da família Psittacidae se alimentando de um fruto (PEREIRA, 2010)

As aves frugívoras, por exemplo, podem ser consideradas espécies dispersoras de sementes. Funciona assim, ao se alimentarem de alguns frutos as aves podem excretar ou regurgitar suas sementes, além de ocasionalmente carregarem alguns grãos em seu bico ou em suas garras, os eliminando durante o voo e o pouso. Em muitos casos, as sementes carregadas ao serem dispersas germinam no local depositado. Considerando que as aves, de forma geral, visitam muitos locais durante o dia, estes animais são muito importantes na dispersão de espécies, podendo transportar sementes a quilômetros de distância da planta mãe, fazendo assim que grupos vegetais prevaleçam e conquistem novos territórios. Devido a isso pode-se dizer que as aves auxiliam na restauração natural de áreas degradadas, sem que haja intervenção humana.

Em um estudo publicado na revista PeerJ em 2016, intitulado “Internal seed dispersal by parrots: na overview of a neglected mutualism”, foi observada a eliminação de sementes viáveis para germinação, em fezes de aves da família Psittacidae. Essa família trata-se do grupo ao … Leia mais

Espécies alienígenas: uma grande ameaça em ação

A invasão, antes vista somente em filmes antigos com grandes nações que guerreavam por um trono ou em tramas que envolviam super-espiões ou heróis, recebe uma nova categoria, a biológica. Isso ocorre quando uma espécie é inserida em outro ambiente que não seja o de sua origem ou ocorrência natural (espécie exótica), nele se adapta e prolifera gerando desequilíbrio ecológico e se tornando uma espécie exótica-invasora.

A invasão biológica é uma das grandes vilãs na perda da biodiversidade mundial, pois altera toda dinâmica do ecossistema e coloca em risco a vida das espécies nativas. A questão é tão preocupante que o assunto foi o tema central na conferência da ONU sobre biodiversidade em Montreal, no Canadá, e desde 2001 o Ministério do Meio Ambiente adota medidas de combate a esse tipo de problema. O mosquito-da-dengue (Aedes aegypti), o gato-doméstico (Felis catus), o bambu (Bambusa sp.), a abelha europeia/africana (Apis mellifera) e a Minhoca- gigante-africana (Eudrilus eugeniae) são algumas das espécies exóticas que se estabeleceram no Brasil.

Achatina fulica, espécie de caramujo introduzida no Brasil desde a década de 1980.

Grande parte das plantas exóticas e invasoras possui hábito herbáceo-arbustivo, isto é, plantas de pequeno a médio porte e ciclo de vida curto. Poucos vegetais invasores são árvores, como por exemplo, Acácia (Acacia mangium) e o Nim indiano (Azadirachta indica). Contudo, a existência de diversos atributos torna algumas espécies invasoras autossuficientes, como a independência de polinizadores e dispersores para a produção e distribuição das suas sementes. A dispersão comumente ocorre por … Leia mais

Genética Ecológica – uma ferramenta para o estudo da biodiversidade

Rubens Pazza

 

Embora pareça novidade, a Genética Ecológica não é uma área nova. Na realidade, suas primeiras impressões vieram dos trabalhos de Darwin e Wallace, que primeiro relacionaram a Genética (variação) com a Ecologia (luta pela sobrevivência). Em termos simples, a Genética Ecológica é uma ciência que trabalha com a análise das variações genéticas inter e intrapopulacionais, que em última instância leva à adaptação e especiação. Assim, diferentes metodologias que avaliem a variabilidade de populações, espécies ou mesmo indivíduos podem ser utilizados como ferramenta para a Genética Ecológica. Mais recentemente, com o advento da biologia molecular, novas ferramentas permitiram a observação de variação em níveis cada vez mais refinados. Não apenas os avanços técnicos, mas também os avanços teóricos foram importantes para a consolidação desta área de estudo, como a teoria de metapopulações e as análises filogenéticas, por exemplo.

Uma das áreas de estudo da genética ecológica envolve a resolução dos problemas taxonômicos. Mas por que motivo os problemas taxonômicos seriam problemas ecológicos? Em primeiro lugar, um naturalista deve se preocupar em saber com que espécie está lidando, pois isso é imprescindível para a avaliação dos seus resultados. Quando um pesquisador afirma que determinada espécie de peixes apresenta desova total na época chuvosa, ele precisou avaliar vários exemplares da mesma espécie em diferentes épocas do ano para chegar a esta conclusão. Toda a sua hipótese depende da correta identificação dos exemplares observados. Entretanto, existem dois grandes problemas associados à identificação de espécies. O primeiro deles é em relação ao conceito … Leia mais