anfíbios

Xenohyla truncata: A perereca jardineira das florestas

A polinização é um processo que consiste no transporte de grãos de pólen entre as flores, em que o grão produzido e liberado pela antera é recebido pelo estigma, parte da flor adaptada para receber esse pólen. Por meio desse processo, ocorre a reprodução das plantas, já que, por meio do grão de pólen liberado, o gameta feminino (oosfera) é fecundado pelo gameta masculino (anterozóide), gerando uma nova planta.

Ao pensarmos em polinizadores, é comum pensarmos nas abelhas, borboletas, vespas e até mesmo em morcegos, mas nunca em anfíbios. Seria possível existir um anfíbio polinizador? Aparentemente, sim! A Xenohyla truncata, popularmente conhecida como Perereca-Comedora-de-Frutas, vive na Mata Atlântica e seu nome popular já entrega muito sobre sua dieta. A maioria dos anfíbios é carnívora, se alimentando, principalmente, de pequenos insetos. Porém, estudos de análise estomacal de espécimes de coleções herpetológicas já haviam demonstrado que a dieta da X. truncata era onívora, ou seja, essa espécie se alimentava de insetos e também de pequenos frutos, além de outras partes da planta. Porém, até então, ainda não tinham sido feitos registros desse animal se alimentando na natureza.

Animais que se alimentam de frutas são considerados dispersores, já que, ao defecar, as sementes da fruta acabam saindo junto com as fezes, podendo ser levadas para outros lugares, o que auxilia no processo de reflorestamento. Isso faz com que o “se alimentar de frutas” já seja algo inusitado para essa perereca, mas não é só … Leia mais

Efeitos do aquecimento global sobre as populações de anuros

Os anuros são o grupo de vertebrados que correm o maior risco de serem extintos perante às alterações climáticas decorrentes do aquecimento global. Isto se dá devido às características fisiológicas, ecológicas, evolutivas e outras adaptações do grupo. Estes animais possuem um importante papel de controle biológico de diversos insetos como baratas, pernilongos, moscas entre outros e sua extinção ou diminuição pode causar um aumento considerável destes bichos.

O aquecimento global pode causar consequências diretas como o aumento da temperatura no planeta e também consequências indiretas, como mudanças no regime hídrico, alteração da umidade, alteração no PH do solo e aumento na incidência de raios UVB no planeta, além de influenciar no tipo e quantidade de presas e na distribuição das espécies de anfíbios.

Sapos, Salamandras e Cecílias são animais ectotérmicos, ou seja, suas funções fisiológicas estão relacionadas com a temperatura do ambiente, portanto, alterações climáticas drásticas podem resultar em mudanças na sua fisiologia e consequentemente nos seus ciclos de vida, o que afetaria a distribuição desse gênero.

As mudanças nos padrões de distribuição de uma espécie podem desencadear outras variações que influenciam na alimentação, relação com microrganismos patogênicos e características da reprodução. O grupo apresenta baixa habilidade de dispersão, portanto não há uma grande disseminação dessas espécies para áreas com características climáticas mais favoráveis à sua sobrevivência, ocorrendo uma alta extinção local de espécies de anuros.

A pele desses animais é extremamente permeável à água, o que os deixa sensíveis ao excesso de radiação solar e outras sustâncias presentes no … Leia mais

Entre cobras, sapos e lagartos… E milhões de anos de evolução!

 Rodrigo de Mello

 

Certa vez, depois de dizer que participaria de um congresso de herpetologia, minhas sobrinhas – Ana Carolina e Maria Fernanda, de 11 e 8 anos – me perguntaram o que era isso. Logo depois de explicar que tal evento é uma reunião entre pessoas que estudam anfíbios e répteis, detalhando que o primeiro grupo abriga todos os sapos, rãs e pererecas, e o segundo, todos os lagartos, crocodilos, cobras e tartarugas, ouvi: “credo… cobras, sapos e lagartos!”, combinado com os rostos com feições de nojo das meninas. A reação – ou opinião— da Carol e da Fernanda é bem comum; As pessoas geralmente propagam uma imagem asquerosa, perigosa ou maléfica desses animais em desenhos animados, filmes ou lendas. Entretanto, quando vemos esses animais estudados pela herpetologia de outro prisma, começamos a ver quão interessantes eles são começando pela sua história evolutiva.

O surgimento dos primeiros anfíbios e répteis aconteceu entre 300 a 400 milhões de anos atrás, quando a Terra ainda tinha seus continentes diferentes da conformação atual; eles aparecem simultaneamente com inovações evolutivas únicas para a conquista do ambiente terrestre – um lugar até então inexplorado por qualquer vertebrado. Desde então, a herpetofauna se tornou extraordinariamente rica e diversificada, representando porção significativa da fauna de vertebrados, particularmente em ambientes áridos e tropicais, onde são os vertebrados mais abundantes. No mundo todo, são mais de 6.700 espécies de anfíbios e mais de 9.500 espécies de répteis; só no Brasil o número de anfíbios e répteis catalogados … Leia mais