Existe um estudo especial para as geleiras e gelo em geral, no qual é chamado de Glaciologia (do latim, “glacie” = gelo; “logia” = estudo/lógica). Basicamente a glaciologia surgiu como disciplina no século XVIII, onde o “pai” da glaciologia é Mikhail Lomonosov que, neste mesmo século, foi enviado algumas vezes ao ártico para pesquisar a geografia do ártico Siberiano, da qual, graças a isso, surgiu a Glaciologia.
Mas afinal de contas, por que é importante estudarmos isso? De acordo com o professor Jefferson Cardia Simões, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e também um pioneiro da Glaciologia no Brasil, estamos muito perto da Antártida e, por isso, o Brasil é afetado por essa imensa massa de gelo, que representa cerca de 90% das geleiras do mundo. Isto quer dizer que as mudanças morfológicas alteram o clima em toda América além de afetar o nível do mar. Também é preciso ressaltar que geleiras (como as da Antártida) guardam em suas camadas inferiores um registo de Eras passadas bastante importante, sobre o clima, a composição química da atmosfera, velocidade dos ventos, registros de acontecimentos históricos e assim por diante. Essa possibilidade se dá por causa da neve que se acumula em cima das massas de gelo. Essa neve é formada pela precipitação e acumulação de cristais, que “guardam” de forma natural o registro de outros tempos. Leva cerca de 30 mil anos para que o processo de compactação da neve dê origem às geleiras.
Muito se diz a respeito da água doce das geleiras, mas na verdade nem toda água das geleiras é doce. Apenas a parte mais superficial, visto que é formada pelos cristais de neve que são de origem atmosférica, o que as fazem ser doce. Mas também há uma grande quantidade de águas do oceano que acumulam sais. As Eras Glaciais (períodos duradouros onde a grande parte da superfície terrestre fica coberta em espessas camadas de neve), se fizeram presente algumas vezes na história do planeta e, assim, moldando de maneira significativa a vida e geologia na Terra. Este processo, também conhecido como Glaciação, ocorreu pela última vez na história da espécie humana há cerca de 20 mil anos atrás, seguido do derretimento, que segundo uma publicação da revista ‘Nature’, acabou devido ao aumento do gás do CO2 devido ao ‘aquecimento’ do planeta.
O dióxido de carbono (CO2) é um gás comumente relacionado ao aumento do efeito estufa. Sendo assim, o processo em que se dá as Eras Glaciais, que começa com a inclinação do eixo da Terra em uma posição onde a luz solar incida em menor proporção nas latitudes Norte, faz com que o Ártico comece a congelar as áreas normais do planeta, como as florestas. O congelamento destas faz com que o CO2 seja reduzido, deixando o planeta mais frio.
Matheus de Castro Silva é graduando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba