Abacate – Um antigo fruto completo

O Abacate, nome científico de Persea americana, é uma planta da família Lauraceae, da mesma família do Loureiro e da Canela. Pesquisadores acreditam que a planta tenha surgido originalmente no México, mas existem divergências quanto à origem. Atualmente são conhecidas mais de 500 variedades diferentes de abacate e existem 3 centros diferentes com variedades próprias, nomeados cada uma de acordo com a região. São elas a guatemalteca, a antilhana e a mexicana.

É um fruto relativamente grande, pesando entre 200 e 400 gramas, que comporta somente uma semente em seu interior. Sua polpa é esverdeada, macia e nutritiva. Sua casca é fina e sai facilmente quando o fruto está maduro. É um fruto muito apreciado em muitos países ao redor do mundo, em especial os tropicais. Pode ser consumido de diversas formas diferentes, tanto em receitas doces quanto salgadas, Além disso, é rico em ácido oleico (ômega-9), um óleo bom para a saúde e que pode contribuir com o bom funcionamento do sistema cardiovascular. Além disso, a fruta é fonte de fibras alimentares, vitaminas dos complexos B, C e K, bem como também fornece minerais importantes como potássio e cobre.

Por ser um fruto neotropical muito antigo, conviveu por muito tempo com organismos da megafauna, isto é, animais muito grandes que viveram até o período do Pleistoceno, ao qual terminou há cerca de dez mil anos atrás. Esses animais, devido ao seu tamanho, consumiam grandes quantidades de alimento, incluindo frutos da época. O Abacate, por ser uma espécie também muito antiga (94-70 milhões de anos atrás), além é claro de ter passado por todos os eventos de perturbação aos quais a Terra passou nesses últimos milhares de anos, se adaptando às condições ambientais e de pressão seletiva, desenvolveu meios próprios de dispersão de suas sementes. Seus frutos eram consumidos majoritariamente pela megafauna da época, uma vez que por ser um fruto naturalmente de grandes dimensões, somente um animal de grande porte poderia consumir este fruto e depois dispersá-lo para outras áreas. Acredita-se que o abacate era consumido inteiro por espécies da megafauna, onde a semente permanecia intacta no processo de deglutição (não era mastigada) e sua polpa densa e carnosa protegia o embrião dos sucos gástricos dos tratos digestivos dos animais que os comiam. Uma vez que a megafauna foi extinta, é normal se questionar o porquê de os Abacateiros ainda existirem, já que sem os dispersores, uma hora ou outra as árvores já existentes iriam vir a desaparecer. Essa é uma pergunta ainda não tão bem esclarecida ainda, mas estudiosos acreditam que pode ter ocorrido dispersão secundária ou até mesmo uma dispersão primária menos eficiente, quando espécies menores se alimentam dos frutos e os dispersam por distâncias menores do que mega-espécies faziam.

Imagem: https://www.saudeemdia.com.br/alimentacao/abacate-10-beneficios-desse-superalimento/4

Gustavo Gonçalves Marciano é graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba

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