Atualmente a maioria das pessoas consomem apenas alimentos industrializados ou, de forma geral, alimentos comprados e já popularizados nas grandes sociedades, assim como alimentos oriundos do trigo, arroz, milho, toma- te, cenoura, batata, couve e assim por diante. Mas na realidade existem alimentos não convencionais para a sociedade, são as chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais, ou simplesmente PANCs. As PANCs são encontradas em abundância no Brasil e eram muito comuns aos nossos ancestrais. Mas por que esse conhecimento tem se perdido? No Brasil ocorreu principalmente devido ao grande êxodo rural no século XX, quando essas pessoas acabaram por mudar seus hábitos alimentares de maneira radical.
Existem, registradas no Brasil, cerca de 3 mil espécies de PANCs (de acordo com Marília Elisa B. K., em PANCs: hortaliças espontâneas e nativas. 2015, UFRGS). Mas, afinal de contas, quais são as PANCs? Alguns exemplares dessas plantas você mesmo provavelmente já viu ou ouviu falar, como por exemplo Picão Preto, Ora-pro-nóbis, Taioba, Palma, Trevo (Trevo 3 folhas), Folha da Batata Doce, Folha da Beterraba, Língua de Vaca e entre outras. Infelizmente, mesmo com tamanha diversidade alimentícia, a fome ainda é presente na vida de alguns brasileiros. Para tal, enfrentamos algumas dificuldades para levar as PANCs às mesas das pessoas, tal como o preconceito com o desconhecido.
As plantas têm grande importância para nós, não apenas como alimento, mas também como medicamento. As PANCs não fogem dessa afirmativa, sendo usadas no passado para o tratamento de enfermidades, como a ora-pro-nóbis que é rica em ferro, logo seu consumo ajuda a combater a anemia, ou o chá de picão preto que é um anti-inflamatório, antidiabético, relaxante muscular entre outras propriedades, e até mesmo a língua de vaca, que pode ser usada para o tratamento de dores musculares, dores de cabeça e insônia, entre várias outras plantas com diversas propriedades medicinais.
Você acredita que existam maiores vantagens no cultivo das PANCs, do que sobre as plantas mais convencionais? Por incrível que possa parecer existem sim, entre elas estão a maior capacidade de absorção de nutrientes do solo, a baixa necessidade hídrica e também a resposta a uma baixa exigência de solo. Alguns preparos e cuidados especiais podem ser necessários para a produção desses alimentos, assim como qualquer outro alimento mais conhecido, como por exemplo a taioba e a folha de batata doce que precisam ser refogadas. Por outro lado, a ora-pro-nóbis e a folha de beterraba podem ser consumidas cruas, mas ficam ótimas das duas formas. É também essencial ficar de olho nas diferentes denominações para a mesma planta através das regiões do Brasil, visto a possibilidade de se confundir no momento da colheita. Devido a esses fatores é importante sempre pesquisar sobre as plantas antes de comer ou mesmo colher e, em caso de dúvida, não se arriscar a consumir.
Matheus de Castro Silva é graduando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba.