0 Mamacadela: mais que um Fruto

Leitor, você conhece ou já ouviu falar do fruto Mamacadela? Esse nome soa familiar? Pois bem, a Mamacadela é uma planta da família Moraceae, assim como as conhecidas Amoreiras e Figueiras. Seu nome científico é Brosimum gaudichaudii, conhecida também como Amoreira do campo, Algodão do campo, Apé, Conduru, Inhoré e Mamica de cadela. Este último, assim como o nome Mamacadela, se deve à distribuição dos frutos na planta, que se assemelha às mamas de uma cadela.

A planta Mamacadela pode chegar até 10 metros de altura, podendo então ser caracterizada como arbusto ou árvore. A sua distribuição geográfica estende-se pela Bolívia, Paraguai e Brasil, onde é a sua maior área de ocorrência, no Cerrado. O Cerrado abrange os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do Maranhão, oeste do Piauí e partes do Estado de São Paulo. Ainda há parcelas de Cerrado dentro da Floresta Amazônica.

Após a Floresta Amazônica, o Cerrado representa a segunda maior formação vegetal do Brasil, com grande concentração no Planalto Central Brasileiro. Devido a sua localidade e relevo, o Cerrado abriga em sua área, importantes nascentes de rios que abastecem oito bacias hidrográficas brasileiras. Este bioma também abriga uma grande variedade de frutos, que são altamente nutritivos para os animais e a população que ali existem. Exemplo disso é o fruto Mamacadela, que tem o mesmo nome da planta. Ele é rico em carboidratos, fibras, proteínas, compostos antioxidantes, vitamina C e compostos fenólicos. Quando maduros, são de cor amarelo a alaranjado, medindo aproximadamente 2 centímetros.

A floração de B. gaudichaudii ocorre entre agosto e novembro. Já a frutificação ocorre entre outubro e janeiro. A estrutura do fruto Mamacadela é bem carnosa e tem um leve gosto adocicado. Por apresentar essas características, os frutos podem ser consumidos in natura e também são utilizados na culinária. Ao misturar a polpa do fruto com a farinha de mandioca, obtém-se uma massa que é utilizada na alimentação. Também são produzidos doces, sorvetes e bebidas com a polpa do fruto. Estes produtos alimentícios, consequentemente geram emprego e renda para as pessoas que vivem na região de ocorrência da planta, reforçando a segurança alimentar e nutricional da população.

Já a casca, folhas e raízes, são utilizadas na área farmacêutica como matéria prima para produção de vários remédios que auxiliam no tratamento de vitiligo, gripes, resfriados, bronquite e outros. Isso devido a presença de furanocumarinas, o bergapteno e o psoraleno, que são substâncias orgânicas medicinais encontradas em todas as partes da planta.

Bom, agora que você já conhece um pouco sobre esse fruto e sua planta, que tal em um momento oportuno você experimentá-lo e depois plantar uma semente? A Mamacadela não é uma planta muito exigente em termos nutricionais. Você pode plantá-la em solos arenosos, bem drenados e com fertilidade média. A germinação da semente é bem simples. Seu plantio pode ser feito em um recipiente com 75% de areia e 25% de substrato orgânico, podendo este ser húmus de minhoca ou esterco bovino. Após colocar a areia e o substrato em um recipiente para o plantio da semente, adicione água e espere que ela seja absorvida por completo. Em seguida aperte com um objeto ou o próprio dedo de forma que faça um pequeno buraco de aproximadamente dois centímetros de profundidade. Logo depois coloque a semente, seguidamente acrescente mais substrato para cobri-la por completo. Posteriormente, acrescente água e mantenha sempre o substrato coberto com matéria
orgânica, para evitar a perda da umidade para o meio externo. As sementes germinam entre trinta a quarenta e dois dias. Seu plantio pode ser feito em áreas abertas naturais e em linhas ou canteiros, principalmente em plantios diversificados. Assim você contribui para a propagação da planta e o planeta agradece!

Imagem: https://www.tuasaude.com/mama-cadela/

Ricardo Rodrigues de Oliveira é Técnico em Meio Ambiente com ênfase em Turismo e graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba

Deixe um comentário