Janaína Pazza.
Você já se deu conta da quantidade de lixo que produz todos os dias na sua casa e no trabalho?
E para onde vai todo esse lixo? Muita gente pensa que a responsabilidade acaba no momento em que se deixam as sacolinhas na lixeira em frente de casa, que serão recolhidas pelo caminhão da prefeitura. “Pronto! Fiz minha parte”. Mas o que não é devidamente separado, infelizmente vai parar no aterro sanitário do seu município, que deveria comportar somente o lixo orgânico.
O meio ambiente ainda sofre com a falta de consciência da população que, apesar de tanto ouvir falar e comentar o assunto, insiste em fazer de conta que está alheio a isso. É muito bonito dizer “eu faço a minha parte”. Mas será que está fazendo mesmo? Você diminuiu o tempo no banho? Escova os dentes com a torneira fechada? Foi a pé ao mercado ou ao trabalho? Deixou de imprimir papéis desnecessários? Você separa seu lixo corretamente?
Se você respondeu não na maioria destas perguntas, então você não pode dizer que está fazendo a sua parte. Enquanto você está cantando no chuveiro, muita gente não tem água para cozinhar.
Dados da ONU de 2006 revelam que até 2050 mais de 45% da população mundial não terá acesso à água potável. O Brasil é o país mais rico em quantidade de água disponível para consumo e se as previsões se confirmarem, nos próximos anos a guerra entre nações não será mais pelo petróleo e sim pela água e nós seremos o alvo.
Recicláveis
Todos os resíduos produzidos diariamente têm um destino, muitas vezes, incorreto. O ideal é que em casa se utilize pelo menos duas lixeiras: uma para os orgânicos e outra para o material que pode ser reciclado, lembrando que para as pessoas que moram em casas, até mesmo o lixo orgânico pode ser reaproveitado, através da compostagem. Já as embalagens descartáveis devem ser juntadas separadamente e de preferência limpas.
Em Cascavel, no Paraná, muitas pessoas tiram sua renda mensal com o recolhimento de material reciclável. A Cootacar – Cooperativa dos catadores de material reciclável – recolhe cerca de 80 toneladas de material por mês, o que é pouco, comparado à quantidade de lixo produzido pela cidade.
Aterro Sanitário Municipal
Localizado na zona rural do município, em Espigão Alto, o aterro sanitário recebe cerca de 240 toneladas de lixo por dia, o qual é disposto em trincheiras, compactado e coberto todos os dias, conforme a legislação ambiental recomenda. O aterro foi preparado com uma lona de gel membrana de polietileno de alta densidade, recomendada pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná) para impermeabilização, além do sistema de drenagem e reaproveitamento de gases.
Biogás
O aterro sanitário possui um gerador de energia através do gás metano (biogás), produzido pelos resíduos. O gás é canalizado e alimenta o gerador, transformando em energia elétrica.
A Prefeitura Municipal de Cascavel investiu em um gerador maior, para ampliar a produção de energia a partir do biogás, com capacidade de produzir quatro vezes mais que o antigo. De acordo com o engenheiro químico que idealizou o projeto e diretor da Secretaria de Meio Ambiente, Elmo Rowe Junior, antes se produzia 36 Kw/h, já o novo consegue processar 172 Kw/h. “O novo equipamento tem capacidade de atender 60 residências simultaneamente. Cascavel é o único Município do Estado do Paraná que produz energia de biogás a partir do seu aterro sanitário”, explica o engenheiro.
Com os dois geradores, a prefeitura pretende vender a energia excedente para a Copel. Segundo o prefeito Edgar Bueno, isso é inédito no Paraná. Cascavel está sendo exemplo a vários municípios do Brasil, pois além de produzir energia, o gerador não polui o meio ambiente.
Se na sua cidade nada é feito a respeito do lixo, comece a cobrar das autoridades. Afinal, preservar o meio ambiente também pode ser lucrativo!
Janaína Pazza é jornalista.
Como citar esse documento:
Pazza, J. (2010). Para onde vai o seu lixo? Folha biológica 1 (4): 2