Volume 2 – 2011

Biologia Molecular na Medicina Veterinária

Detentor do maior rebanho comercial de bovino do mundo, o Brasil ocupa hoje uma posição de destaque no cenário da pecuária mundial. Aliado a isso, o crescimento populacional e a elevação do consumo conforme a renda aumentada da população faz da pecuária o setor que mais cresce dentro das atividades do campo.

Além da ferramenta de seleção de animais superiores, os princípios de melhoramento genético se baseiam cada vez mais em biotécnicas reprodutivas que visam aumentar o ganho de produção, reduzindo o intervalo entre geração.

Ferramentas atuais

Dentre as principais existentes podemos citar a inseminação artificial, criopreservação de sêmen e embriões, sexagem do sêmen, transferência de embriões, produção in vitro de embriões, transgenia e clonagem (Figuras 1 e 3).

Figura 1 – Fêmea bovina “Vitória da Embrapa”, primeiro bovino clonado do Brasil e da América Latina. Fonte: Revista Globo Rural.

Apesar da existência de inúmeras biotécnicas, mesmo as mais simples, muitas vezes se encontram distantes da realidade dos produtores, seja por falta de informação, seja por falta de técnico habilitado para sua aplicação. Para se ter uma idéia deste déficit tecnológico, atualmente estima-se que apenas 9% das fêmeas em idade reprodutiva no Brasil sejam submetidas a inseminação artificial, considerada a biotecnia mais simples dentre as existentes.

No entanto, outra vertente do melhoramento, conhecida como Engenharia Genética, tem alcançado muito sucesso avanço no meio científico. Com o sequenciamento do genoma bovino no ano de 2009 permitiu-se, mais do que nunca, a exploração de genes que controlam características de interesse econômico e … Leia mais

II Simpósio da Biodiversidade – SIMBIO 2011

O colegiado do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Viçosa, do Campus de Rio Paranaíba promoveu entre os dias 17 e 20 de maio o II Simpósio da Biodiversidade – SIMBIO. O evento, de abrangência nacional, foi organizado por professores e alunos dos cursos de Ciências Biológicas, Agronomia e Ciências de Alimentos.

Durante os quatro dias do evento, o público assistiu à palestras de especialistas com temas importantes dentro da grande área da biodiversidade. Além disso, houve apresentação de trabalhos inscritos e concurso de fotografia.

Jaqueline Dias Pereira, coordenadora do curso de Ciências Biológicas do Campus de Rio Paranaíba afirma que os temas variados das palestras podem auxiliar os acadêmicos na escolha da especialização que pretendem fazer após a graduação. “ O SIMBIO é o principal evento do curso e é muito importante, pois traz palestrantes de todo o país. Esse contato com professores de outras universidades e de diferentes áreas permite ao aluno já criar uma consciência do que ele vai querer”, afirma Jaqueline.

Rock com Ciência

A novidade no II Simpósio da Biodiversidade foi a gravação do programa de rádio e podcast Rock com Ciência, que é um projeto de extensão em Divulgação Científica do curso de Ciências Biológicas. Foram convidados os professores Edmilson Escher, Orlando Moreira Filho e Claudio Oliveira. Pela primeira vez o programa foi gravado com plateia, que participou fazendo perguntas aos convidados.

O tema do programa, transmitido no dia 21 de maio pela rádio local Maximus FM, foi a popularização da ciência. … Leia mais

Como estudamos as Células?

Você certamente já ouviu falar da células. Nos organismos vivos, são conhecidas como as suas unidades fundamentais, que formam todos eles. É dentro das células que a maior parte das reações químicas do metabolismo dos organismos vivos acontece.

O estudo das células pode ser feito de modo direto, pela observação da célula onde ela se encontra, ou pelo estudo dos seus componentes após isolamento e observação em separado.

Um grande avanço na observação das células foi a invenção do microscópio. São creditadas a Antonie van Leeuwenhoek (1632 – 1723), com um simples microscópio de lente única, as primeiras observações biológicas em microscópio.

Ainda no século XVII, Robert Hooke observou que a casca do carvalho era formada por espaços vazios semelhantes a favos de uma colméia, aos quais chamou de pequenas caixas ou células, cunhando o termo que muito tempo depois foi utilizado para as unidades fundamentais dos organismos vivos.

O avanço da tecnologia permite que hoje possamos realizar grandes aumentos e observar a estrutura das células cada vez mais de perto. Os principais microscópios atuais dividem-se de acordo com o processo utilizado para a observação.

O microscópio de luz, também conhecido como óptico, utiliza um feixe de luz que atravessa o material a ser observado e amplia a imagem através de um sistema de lentes. Algumas variações deste tipo de microscópio utilizam filtros de polarização da luz ou para observação de corantes fluorescentes excitados por luz ultravioleta.

Apesar de permitir a observação em bons detalhes, o aumento obtido pelos microscópios … Leia mais

Tuberculose: há cura quando se completa o tratamento

A Tuberculose, uma doença infectocontagiosa causada pelo bacilo de Koch, cientificamente chamado de Mycobacterium tuberculosis, e por uma série de outros microorganismos em quantidades menores, é uma doença mortal, que quando descoberta a tempo, tem cura.

Essa doença afeta principalmente os pulmões, devido ao bacilo se reproduzir com maior facilidade em áreas do corpo com alto índice de oxigênio. Entretanto, pode ocorrer a infecção também nos rins, meninges, ossos, intestino delgado e até mesmo em órgãos genitais, de forma independente ou junto com a infecção pulmonar.

Quando a bactéria afeta os pulmões a doença muitas vezes é confundida com uma simples gripe de longa duração, fazendo com que o quadro clínico se agrave cada vez mais. Os primeiros sintomas são quase sempre brandos, e constituem-se basicamente de tosse contínua que causa certo desconforto. Posteriormente a tosse se agrava e passa a ocorrer com presença de secreções, por cerca de mais quatro semanas, passando depois a tosse com pus ou sangue, indicando uma séria infecção. A pessoa passa a ter febre baixa, cansaço excessivo, rouquidão, fraqueza, sudorese noturna, palidez, emagrecimento, perda te apetite e prostração. Nos casos mais graves pode ocorrer dor torácica seguida de eliminação de grande quantidade de sangue, causada pelo colapso do pulmão e acumulo de pus na membrana que o reveste (pleura). Nesse estágio a pessoa se encontra em um quadro praticamente irreversível.

Quando o organismo entra em contato com o bacilo pela primeira vez, e tem uma boa resistência natural ele pode sozinho matar e expulsar … Leia mais

A macrovisão da micromudança

A evolução é a ciência que estuda como a natureza se transforma ao longo das gerações, através da acumulação de pequenas mudanças que ocorrem nas populações de organismos vivos. Para entender como a evolução produziu a biodiversidade é preciso que estudemos dois processos:

a) como as espécies mudam através do tempo (microevolução); b) como uma espécie se torna duas espécies ou mais (macroevolução)

Micro x macro

Na verdade, estes dois “processos” são o mesmo, mas vistos em escalas diferentes. É como se tivéssemos um balde sob uma goteira… o constante pingar, em algum momento, encherá o balde, que transbordará. Podemos pensar nessas micromudanças da mesma forma, “pingando” aos poucos na história do grupo. Em algum momento, haverá um transbordamento, e os indivíduos da população, que estavam divergindo aos poucos de suas gerações passadas, podem passar a acumular diferenças cada vez maiores.

O primeiro processo é bastante conhecido e responde como ocorreu o desenvolvimento dos bicos dos tentilhões estudados por Darwin nas Ilhas Galápagos, por exemplo. Também explica o mecanismo de resistência de insetos a pesticidas, o surgimento de superbactérias, resistentes a todos os tipos de antibióticos, e por que nem sempre as vacinas contra a gripe funcionam como gostaríamos.

Entretanto, alguns críticos da teoria da evolução argumentam que a microevolução não poderia explicar a origem de novas espécies, ou a macroevolução. Estes dizem que membros de uma espécie não podem se tornar tão diferentes de outros indivíduos através da variação natural a ponto de se tornarem duas espécies não intercruzantes. … Leia mais

Desbravadores da Natureza

Simone Rodrigues Slusarski

 

Os naturalistas que vieram ao Brasil no século XIX haviam tomado a difícil decisão de viajar, pois além dos perigos da viagem, a comunidade científica não era unânime quanto à valorização do trabalho do viajante.  Muitos dos mais importantes naturalistas europeus nunca viajaram. Para esta função treinava-se jardineiros coletores, desenhistas, pintores e preparadores de animais que acompanhavam ou substituíam os próprios naturalistas.   O exemplo mais conhecido do pesquisador que defendia a viagem como parte indispensável foi Alexander von Humboldt. Acreditava que as impressões estéticas vivenciadas pelo viajante, fazia parte da atividade científica e não podia ser substituída por descrições ou amostras destacadas dos lugares de onde foram tiradas. Alguns dos viajantes-naturalistas que vieram ao Brasil e foram influenciados por esta ideia de Humboldt, como Martius e Saint Hilaire, optaram pelas expedições, pelo simples fato de “ver com os próprios olhos” e assim produzir ciência in loco. Muitos cientistas vieram ao Brasil e cada um deixou uma importante contribuição científica retratando o ambiente, a história e os costumes de nossos povos.

Langsdorff esteve aqui em 1803 e retornou em 1813 como cônsul da Rússia. Em 1820 foi encarregado pelo governo Russo a organizar uma expedição científica, a qual fizera parte Riedel e Freyreiss. Esta missão organizou um herbário com 60.000 exemplares que foi levado para São Petersburg, hoje Leningrado. Sellow nasceu em 1789 na Alemanha, conheceu Humboldt e Langsdorff, veio jovem para o Brasil e com recursos financeiros dos dois amigos pode desenvolver suas pesquisas. Foi Sellow o … Leia mais

Carregando as baterias

Karine Frehner Kavalco.

 

Depois de um dia cheio de atividades, uma boa noite de sono costuma ser fundamental. Quando dormimos entramos em um estado de inconsciência, do qual podemos ser despertados por estímulos do ambiente, entre eles os sensoriais. O coma e a anestesia não podem ser considerados sono, embora possuam muitas características semelhantes a este. Durante uma noite normal, todos passam pelo menos por dois “tipos” de sono, o sono de onda lenta, e o sono paradoxal.

 

Enquanto o corpo descansa…

Este tipo de sono é denominado também de sono repousante profundo, sono sem sonho, sono de onda delta ou sono normal. O sono profundo de onda lenta é destituído de sonho, muito relaxante e está associado a uma diminuição tanto do tônus vascular periférico quanto da maior parte das funções vegetativas do organismo. Diminui também a pressão arterial, a frequência respiratória e o índice de metabolismo básico. Esta é uma parte do sono em que o corpo realmente entre em repouso, tanto das funções conscientes quando de parte das funções autônomas, que incluem aquelas que não são controladas por nossa vontade, como a peristalse, por exemplo. Este sono repousante é interrompido periodicamente por um segundo tipo de sono, o sono REM.

 

   … A mente divaga

Durante um período normal de sono ocorrem episódios de sono paradoxal, que duram de 5 a 20 minutos, em média a cada 90 minutos, ocorrendo o primeiro episódio 80 a 100 minutos após a pessoa adormecer. Quando a pessoa está muito … Leia mais

O perigo está próximo, abandonado na rua!

Rubens Pazza

 

Você certamente já observou cachorros ou gatos correndo pelas ruas de sua cidade, não? Já parou para pensar se alguém cuida deles, se os está vacinando e os mantendo vermifugados? Já parou para observar seu comportamento, a maneira como viram o lixo na rua e correm na frente dos carros? Pois bem, estes animais inocentes podem ser transmissores de zoonoses. Zoonoses são doenças típicas de animais que podem ser transmitidas para os seres humanos ou vice-versa. Estas doenças são causadas por vermes parasitas, fungos, vírus ou bactérias, e os cães e gatos, juntamente com morcegos, ratos, aves e insetos são os principais transmissores. Dentre as zoonoses mais comuns, pode-se destacar a raiva (hidrofobia), a hantavirose, a leptospirose, a Leischmaniose, a peste bubônica, a toxoplasmose, a psitacose, a histoplasmose, o bicho-geográfico, entre outras. Os modos de transmissão vão desde o contato direto com o animal como também do contato indireto, através de água ou hortaliças contaminadas com fezes ou urina, por exemplo, ou ainda através de um vetor (em geral um mosquito ou pulga).

 

  O perigo esta proximo, abandonado na rua! (rubens)

Animais de companhia são abandonados nas ruas, onde se reproduzem e aumentam o problema das zoonoses. Todos são responsáveis e devem incentivar a posse responsável. Fotos: World Wide Web.

 

Não é brincadeira!

Várias destas doenças são fatais, especialmente por terem sintomas confundidos com os de uma gripe comum. O tempo de incubação (tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas) pode ser longo, dificultando também o diagnóstico, pois o paciente pode … Leia mais

Conservação da Biodiversidade em Minas Gerais

Jaqueline Dias Pereira

As Unidades de Conservação ou “UCs” dividem-se em várias categorias, dentre elas: Estação Ecológica Reserva Biológica, Parques, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. O Estado de Minas Gerais conta com várias UCs e o órgão responsável por essas unidades é o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Segundo o IEF, as UCs são importantes para a conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros, pois criam instrumentos legais para o estabelecimento de medidas de manejo e fiscalização. Elas contribuem significativamente à preservação de espécies ameaçadas de extinção, preservação dos recursos hídricos (nascentes, rios, cachoeiras), valores culturais, históricos e arqueológicos, além de promoverem estudos e pesquisas científicas, educação ambiental e turismo ecológico.

Dentre as várias unidades administradas pelo IEF, destacam-se os Parques Estaduais, como o Ibitipoca, Itacolomi, Rio Doce, Nova Baden, Serra do Brigadeiro, Rola-Moca e outros. Destaco aqui o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), localizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, ocupando uma área de 14.984 hectares no extremo norte da Serra da Mantiqueira, abrangendo os municípios de Araponga, Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Pedra Bonita, Muriaé e Divino. Neste local predominam montanhas, vales, chapadas, encostas, além de diversos cursos d’água e da Mata Atlântica.  O PESB é uma das áreas prioritárias para conservação no estado de Minas Gerais. Nele ocorrem extensas áreas cuja flora ainda é pouco conhecida, assim como ocorrem em várias outras áreas do território nacional.

Vale destacar, no PESB, a Trilha do Muriqui, conhecida por abrigar várias populações destes primatas, pertencentes … Leia mais

Presente ontem, hoje e certamente amanhã

Susana Johann

 

Na sua definição mais ampla, a biotecnologia é uma área multidisciplinar que utiliza princípios científicos de diversas ciências (como a microbiologia, bioquímica, genética, engenharia química, entre outras) para o processamento de materiais por agentes biológicos (microrganismos, células, moléculas) com várias contribuições à sociedade.

Benditos micro-organismos.

Durante milhares de anos a biotecnologia tem sido utilizada para a produção de variados bens alimentar, tais como pão, queijo, vinhos e outros produtos fermentados. Nestes processos de manufatura a flora microbiana natural atuava espontaneamente, obtendo-se produtos fermentados com características diferentes.

 

Presente ontem, hoje e certamente amanhã (Susana)

A cerveja é conhecida dos Egípcios já milhares de anos, e é um ícone dos produtos biotecnológicos.

Futuro da ciência

Com o conhecimento da estrutura do material genético (DNA ou ácido desoxirribonucleico) e seu correspondente código genético, a partir dos anos 70, tem-se uma nova fase da biotecnologia, que trata da transferência de genes entre espécies, resultando nas plantas geneticamente manipuladas, também denominadas transgênicas ou OGM (organismo geneticamente modificado). Através da manipulação dos genes é possível direcionar os mecanismos da célula viva para fins específicos, tornando possível uma célula fazer algo para o qual ela não estava programada.

Os benefícios são irrestritos

O uso das ferramentas da biotecnologia tem produzido uma riqueza de conhecimento em diversas áreas. O impacto dela pode ser sentido em diversos setores. No setor agrícola observa-se a produção de adubo composto, pesticidas, silagem, mudas de plantas ou de árvores, plantas transgênicas, e na pecuária a produção de embriões, etc. Na indústria de alimentos a biotecnologia nos fornece … Leia mais