Conservação da Biodiversidade em Minas Gerais

Jaqueline Dias Pereira

As Unidades de Conservação ou “UCs” dividem-se em várias categorias, dentre elas: Estação Ecológica Reserva Biológica, Parques, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. O Estado de Minas Gerais conta com várias UCs e o órgão responsável por essas unidades é o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Segundo o IEF, as UCs são importantes para a conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros, pois criam instrumentos legais para o estabelecimento de medidas de manejo e fiscalização. Elas contribuem significativamente à preservação de espécies ameaçadas de extinção, preservação dos recursos hídricos (nascentes, rios, cachoeiras), valores culturais, históricos e arqueológicos, além de promoverem estudos e pesquisas científicas, educação ambiental e turismo ecológico.

Dentre as várias unidades administradas pelo IEF, destacam-se os Parques Estaduais, como o Ibitipoca, Itacolomi, Rio Doce, Nova Baden, Serra do Brigadeiro, Rola-Moca e outros. Destaco aqui o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), localizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, ocupando uma área de 14.984 hectares no extremo norte da Serra da Mantiqueira, abrangendo os municípios de Araponga, Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Pedra Bonita, Muriaé e Divino. Neste local predominam montanhas, vales, chapadas, encostas, além de diversos cursos d’água e da Mata Atlântica.  O PESB é uma das áreas prioritárias para conservação no estado de Minas Gerais. Nele ocorrem extensas áreas cuja flora ainda é pouco conhecida, assim como ocorrem em várias outras áreas do território nacional.

Vale destacar, no PESB, a Trilha do Muriqui, conhecida por abrigar várias populações destes primatas, pertencentes ao gênero Brachyteles. Os muriquis são representantes expressivos da mastofauna da Mata Atlântica, da qual é um herbívoro endêmico. Atualmente, duas espécies são reconhecidas, Brachyteles hypoxanthus e Brachyteles arachnoides, sendo encontrada a espécie Brachyteles hypoxanthus no PESB. Ambas estão incluídas na “Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”. Além disso, a Trilha do Muriqui apresenta uma grande quantidade de espécies epífitas (plantas que vivem sobre outras sem parasitá-las) que têm papel fundamental na sobrevivência dos muriquis, visto que eles dependem de muitas delas para se alimentar e, especialmente, das bromélias que formam “tanques” de onde retiram a água para beber (observação em campo).

A Trilha do Muriqui é utilizada como trilha interpretativa, recebendo costumeiramente estudantes e visitantes de várias regiões do país.  Sendo assim, vários trabalhos científicos já foram conduzidos na Trilha, como: Biodiversidade de Epífitas da Trilha do Muriqui e Anatomia Foliar de Espécies de Epífitas ao Longo da Estratificação Vertical dos Forófitos, da Trilha do Muriqui (Jaqueline Dias Pereira), Ecologia de Florestas Atlânticas com Ocorrência do Muriqui: Diversidade, Sucessão Secundária e Estrutura Nutricional (Wilson Marcelo da Silva Júnior), Entre Montanhas e Muriquis (Leandro Santana Moreira), e outros estão em andamento a fim de melhor compreender as epífitas, os muriquis, a vegetação do PESB, etc., sempre com o objetivo principal de contribuir à conservação da flora e fauna desta importante UC do Estado de Minas Gerais.

 Conservação da biodiversidade em Minas Gerais (jaqueline dias)


Como citar esse documento:

Pereira, J.D. (2011). Conservação da biodiversidade em Minas Gerais. Folha biológica 2 (1): 4

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