Entendendo a Anencefalia.

Rubens Pazza

 

A Constituição Federal é a lei máxima de nosso país. Nela está escrito que o aborto é permitido no Brasil em duas situações: em caso de risco de vida para a mãe e em casos de gravidez em decorrência de estupro (que é um crime hediondo).

No dia 12 de Abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a antecipção do parto de feto comprovadamente portador de anencefalia não é crime.

O que isto significa? Estaria o STF legitimando o aborto em uma forma que não está prevista na Constituição Federal?

Vamos esclarecer alguns detalhes e depois você mesmo pode chegar a uma conclusão.

Em primeiro lugar, o que é anencefalia? Todo o Sistema Nervoso Central se desenvolve no primeiro mês de gestação em uma forma chamada de tubo neural. Do fechamento deste tubo neural desenvolve-se o encéfalo e a caixa craniana. O encéfalo apresenta várias estruturas, incluindo o cérebro.

A anencefalia é uma má formação do tubo neural onde não acontece o fechamento do mesmo. Em decorrência disso, o cérebro e da caixa craniana não se desenvolvem, restando apenas o tronco cerebral, que é responsável pela manutenção das funções vitais. Entre estas funções estão a respiração, por exemplo.

Assim, a sobrevivência do anencéfalo pode variar de algumas horas até alguns dias. Há casos esporádicos em que o bebê sobrevive mais tempo por apresentar pequenas variações da doença, como a merocefalia, onde uma pequena parte do cérebro se desenvolve com sua membrana de proteção, permitindo uma … Leia mais

Extraterrestres de um ponto de vista biológico.

Dênis Glauber da Silva Reis

 

A existência de vida extraterrestre é uma hipótese a ser considerada a partir de um ponto de vista biológico e muitos estudos têm sido realizados procurando respostas, dentro e fora de nosso planeta. Será que algum dia terão uma resposta para a pergunta: “Estamos sozinhos no universo ou não?”

O que a maioria dos cientistas que estudam a exobiologia concorda é que a existência de água tenha sido uma condição fundamental para o surgimento e para a manutenção da vida em nosso planeta.

A partir disso, muitos esforços já foram feitos a fim de se detectar corpos celestes que contenham esta molécula e possivelmente vida dentro destes. Ao todo já foram identificados 340 exoplanetas, sendo que 30 destes situam-se em regiões chamadas de zonas habitáveis.

Essas regiões são definidas como as distâncias máximas e mínimas de um planeta em relação à estrela que orbitam e nas quais a temperatura e a iluminação permitem a existência de água no estado líquido. Em nosso sistema solar os principais candidatos para abrigar uma possível forma de vida, devido ao fato de possuírem água são: Marte, Europa (uma lua de Júpiter), Titã e Encélado (luas de Saturno).

Abaixo do solo marciano existe gelo em abundância similar ao permafrost (solo terrestre que jamais descongela). Se microorganismos que se multiplicam no gelo já foram detectados na Antártida, seria razoável admitir que eles possam igualmente habitar o gelo marciano.

 

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O gás metano na atmosfera deste planeta também sugere a presença … Leia mais

Um poema sobre Ciência

Flávia Fróes de Motta Budant

 

Imagine você que seu professor de ciências (biologia, física ou química) chega na sala com um novo texto sobre a matéria. Um texto que fala de animais. Que também fala a respeito da óptica. E também sobre átomos. Em que formato ele viria? Provavelmente em prosa, cheio de nomes gigantes e, dependendo da bondade do autor, com algumas figuras ilustrativas. Bom, talvez não fosse bem assim…

Ciência em versos

Há cerca de dois mil e cem anos vivia em Roma um sujeito chamado Lucrécio, sobre o qual sabemos pouco. O mais seguro que temos é a sua obra: um livro chamado De Rerum Natura – Sobre a natureza das coisas.  Lucrécio era seguidor de Epicuro, um filósofo grego que pregava a busca da felicidade através da dissolução dos medos, como o medo da morte. São eles que nos prendem, que impedem que vivamos bem.  Para os superarmos, precisamos conhecer o universo no qual estamos imersos, do qual somos uma pequena parte. Precisamos entender a natureza das coisas. Lucrécio, que, como bom romano, pagava tributo à cultura helenística (da Grécia Antiga), decidiu fazer uma obra para divulgar essas ideias filosóficas. E a fez – em versos. À época, o verso pertencia não só ao conteúdo lírico, mas também ao épico e ao didático, gênero ao qual pertence o De Rerum Natura.  Ele contém quase oito mil versos, separados em seis livros (ou cantos, divisões como capítulos), que tangem várias áreas do conhecimento: física, química, biologia, … Leia mais

Mudanças climáticas globais: verdades e consequências

Daniel Meira Arruda

Atualmente somos bombardeados com notícias sobre aquecimento global e mudanças climáticas, evidenciando causas e as consequências dessas alterações para o mundo em que vivemos. Neste texto, veremos o que são essas mudanças e como elas afetam os processos naturais. Veremos também que as alterações climáticas são um processo natural, que sempre ocorreu, mas que é intensificada pelas atividades do homem.

Nossos cientistas, por meio de diversas técnicas, conseguem obter estimativas do clima que a terra já experimentou ao longo de milhões de anos atrás. Considerando os últimos 65 milhões de anos, o clima global alterou drasticamente pelo menos seis vezes. Essas alterações são variações globais de temperatura entre 5-10°C, que representam os períodos glaciais, quando varia para menos, ou interglaciais, quando variam para mais. Desde o início do período considerado, se manteve uma fase bem quente com temperatura global próxima dos 33°C até 32 milhões de anos, quando tem peratura diminui bastante, formando a primeira geleira permanente na Antártica. Mesmo com algumas oscilações, a queda da temperatura continuou com ritmo acelerado até dois milhões de anos atrás, dando início a Era do Gelo. Nesse período as calotas polares ocupavam dois terços da extensão atual. O volume de água convertida em gelo foi tão grande que o nível dos oceanos era de 120 a 130 metros mais baixo que o atual. Os trópicos também sentiram os efeitos da glaciação, nessa fase a temperatura média tropical estava entre 5 e 10°C e, com a diminuição do nível dos oceanos, Leia mais

Sequestro de Carbono

Silvana da Costa Ferreira

Os impactos ambientais, ocorrentes em todo o planeta, aumentaram consideravelmente durante as últimas décadas do século passado. As emissões poluentes na atmosfera são feitas por todos os países do mundo e o gás dióxido de carbono (CO2), um dos compostos lançados na atmosfera, é produzido em todas as partes do planeta, principalmente pela queima de combustíveis derivados

do petróleo e pela produção de cimento que totalizam 75% das emissões. Os processos de uso da terra, sobretudo os desmatamentos e as queimadas, são responsáveis por grande parte dos 25% restantes.

Porém quando pensamos no título desse artigo, surge a pergunta: sequestro de carbono, como assim? Quem sequestrou o carbono? Na verdade o sequestro de carbono refere-se a processos de absorção e armazenamento de CO2 atmosférico, com intenção de minimizar seus impactos no ambiente, já que se trata de um gás de efeito estufa (GEE). A finalidade desse processo é conter e reverter o acúmulo de CO2 atmosférico, visando a diminuição do efeito estufa. Este processo ocorre principalmente em oceanos, florestas e outros locais onde os organismos por meio de fotossíntese, capturam o carbono e lançam oxigênio na atmosfera. Trata-se de uma captura e estocagem segura do CO2, evitando, deste modo, sua emissão e permanência na atmosfera terrestre.

A forma mais comum de sequestro de carbono é naturalmente realizada pelas florestas. Na fase de crescimento, as árvores demandam uma quantidade muito grande de carbono para se desenvolver e acabam retirando parte do gás carbônico do ar. Esse processo Leia mais

O que acontece com as espécies quando o clima muda?

Rúbia Santos Fonseca

Em ecologia denominamos comunidade como o conjunto de espécies que interagem entre si em uma área. Cada espécie apresenta um número diferente de indivíduos, por isso na comunidade algumas espécies são raras (com poucos indivíduos) e outras comuns (muitos indivíduos). A presença das espécies em um local, assim como a sua abundância, está relacionada a diversas características essenciais para sua sobrevivência, tais como precipitação, temperatura e recursos do ambiente. Muitas espécies apresentam distribuição restrita a uma pequena região, enquanto outras ocorrem sobre boa parte da superfície terrestre. Esses diferentes padrões de distribuição são relacionados às exigências de cada espécie para a sua sobrevivência, que é o nicho dessa espécie; e quanto mais exigente for a espécie, menos lugares aptos à ocupação ela terá.

Em função da relação das espécies com o clima, mudanças climáticas podem tornar o ambiente em que uma espécie ocorre inapropriado para a sua permanência, e a espécie pode ser extinta ou pode buscar outros locais com condições ideais para a sua sobre vivência. Esse fenômeno, denominado migração, já ocorreu muitas vezes durante o tempo em que a vida é registrada na Terra, nos períodos glaciais e interglaciais. Nos períodos glaciais as espécies das regiões temperadas deslocaram-se para a zona tropical, enquanto as espécies típicas da zona tropical ficaram restritas a pequenos refúgios climáticos. Nos períodos interglaciais, as espécies das regiões

temperadas retornaram para as suas áreas de origem, enquanto os refúgios tropicais se expandiram por toda a zona tropical, formando o padrão de Leia mais

Novo Código Florestal : dilema entre produção e preservação.

 Sandro Ezequiel

 

O Código Florestal brasileiro é um conjunto de normas que definem os critérios de proteção ambiental e uso sustentável dos recursos florestais.

O último código foi promulgado em 1965. A atualização dessa lei é importante frente aos novos dilemas ambientais.

No ano de 2011, a proposta de atualização avançou no Congresso Nacional, onde ocorrem vários debates entre ruralistas e ambientalistas. Os meios de comunicação e os movimentos soci-ais se mobilizaram para apresentar à sociedade as novas propostas que somente recentemente tiveram a aprovação definitiva.

 

Áreas de Preservação Permanentes

 

Dentre as normas dispostas no Código Florestal estão as Áreas de Preservação Permanente, as chamadas (APP´s), que protegem topos de morros, veredas e nascentes.

As APP´s são fundamentais para conservar e proteger as áreas de recarga das nascentes, aumentando a infiltração da água no solo. Elas ainda garantem a qualidade das águas, mantendo a perenidade dos rios, de modo a diminuir o assoreamento e evitar grandes enchentes. Essas áreas devem ser conservadas com vegetação nativa.

 

Reserva Legal

 

Outro termo disposto no código é a área de Reserva Legal (RL), que é uma área dentro da propriedade destinada a preservação da flora e da fauna.

Cada propriedade tem que possuir no mínimo 20% de área destinada a RL. Esse percentual aumenta de acordo o bioma onde se localiza a propriedade.

 

Crescimento x produção de alimento

 

A população do planeta ultrapassou 7 bilhões e continua crescendo. Logo, é necessário aumentar a produção de alimentos, e isso … Leia mais

Mariposas causando alvoroço?

Rubens Pazza.

As mariposas salpicadas Biston betularia representam talvez a mais bem conhecida estória na biologia evolutiva. Antes da revolução industrial na Grã Bretanha, a forma mais observada destas mariposas era a clara, salpicada. A forma melânica, escura, foi identificada pela primeira vez em 1848, perto de Manchester, e aumentou em frequência até constituir mais de 90% da população de áreas poluídas em meados do século 20. Em áreas despoluídas, a forma clara ainda era comum. A partir dos anos 1970, entretanto, em decorrência de práticas conservacionistas e consequente diminuição da poluição, a frequência das formas melânicas diminuiu drasticamente, de cerca de 95% até menos de 10% em meados dos anos 90.

Desde 1890, vários trabalhos tentam explicar os fenômenos envolvidos no aumento da frequência da forma melânica, como efeito da cor sobre a eficiência térmica, indução das formas melânicas por efeitos diretos da poluição, entre outros diversos fatores atuando sozinhos ou em conjunto.  Em meados dos anos 50, Kettlewell explicou a mudança na frequência pela ação da caça visual por pássaros. A forma melânica ficava melhor camuflada no tronco de árvores em regiões poluídas, onde a fuligem matou o líquen. Por outro lado, as mariposas salpicadas ficavam melhor camufladas em áreas despoluídas.

Alguns autores, entretanto, afirmam que estas mariposas raramente permanecem no tronco das árvores durante o dia, preferindo regiões mais altas e protegidas.  Recentemente, experimentos simulando a visão dos pássaros demonstraram que os liquens efetivamente promovem uma boa camuflagem para as formas salpicadas. Alguns estudos identificaram um aumento … Leia mais

Os Peixes de Minas Gerais

Willian Lopes Silva

Patrícia Giongo

Wagner M. S. Sampaio

A América do Sul possui a mais rica fauna de peixes do mundo, e isso se deve ao fato de ela possuir os maiores sistemas fluviais. O Brasil, apresentando a maior parte desses sistemas, incorpora uma parcela significativa dessa biodiversidade. O nosso país concentra 20% de todas as espécies de peixes descritas no mundo, o que equivale, aproximadamente, a 3.000 espécies. Este número é subestimado e podem chegar até 8.000, segundo alguns especialistas. O mais importante é que uma parcela muito significativa dessa fauna é considerada endêmica, isto é, ocorre apenas em um lugar (no nosso país, neste caso). O estado de Minas Gerais apresenta aproximadamente 12% das espécies que ocorrem no Brasil.

 

Os Peixes de Minas Gerais

O assoreamento dos rios é um dos principais problemas no Estado de Minas Gerais, e falta de Mata Ripária ou Ciliar está diretamente ligada esse fenômeno.

Podemos destacar sete das 15 bacias mineiras em termos de riqueza: A bacia do rio São Francisco com 173 espécies, do rio Paranaíba com 103, do rio Grande com 88, do rio Doce com 64, do rio Paraíba do Sul com 55, do rio Mucuri com 51 e do rio Jequitinhonha com 35. As famílias de peixes com maior número de espécies descritas para Minas Gerais são a Loricariidae (sendo representada pelos populares cascudos), a Rivulidae (que possui os peixes temporários) e Characidae (que englobam os lambaris ou piabas), muitas das quais encontram-se em perigo de extinção. As principais ameaças aos … Leia mais