Provavelmente você já ouviu essa palavra, “Punk”, como referência àqueles que provocam a ordem social vigente. Por aqui, o acrônimo PANC, criado pelo Biólogo Valdely Ferreira Kinupp, quer dizer “plantas alimentícias não convencionais”. Mas o que são essas plantas alimentícias não convencionais mesmo? Nunca ouvi falar! Então, são plantas nativas ou mesmo exóticas que podem ser comestíveis e consumíveis, e que não são comuns no dia a dia da grande maioria da população de uma região ou de um país.
No Brasil, existe uma grande diversidade de alimentos convencionais e não convencionais, que tornam nossa culinária a soma e o resultado de diversas culturas étnicas. Isso estabeleceu uma rica troca de alimentos, especiarias, condimentos e hábitos alimentares, que muitas vezes se relacionam com a identidade de um lugar ou de uma região. Também revela tradições e potenciais de uma área, considerando que o uso de algumas dessas plantas não convencionais possui fins artesanais (decorativo) e medicinais (chás).
Algumas plantas não convencionais muitas vezes passam despercebidas por nossos olhos, como é o caso da PANC Turnera subulata sm. Nativa da América Tropical, ela se faz presente em praticamente todo o território brasileiro e é popularmente conhecida como Chanana. Talvez você já tenha visto uma de manhã em sua rua. Geralmente elas são encontradas entre passeios nas cidades ou brotam de forma arbustiva, desde que encontre condições favoráveis para crescer. Essa espécie possui algumas características como o tamanho médio de 50 cm de altura, caule pouco ramificado e folhas simples. Suas flores são solitárias, de cor verde amarelada e têm um sabor adocicado, podendo ser consumidas. Suas folhas podem ser submetidas à infusão para preparação de chás (secas ou moídas). Uma curiosidade sobre suas flores é que elas se abrem pela manhã e se fecham logo após o meio-dia.
Cada planta alimentícia não convencional apresenta um modo de consumo diferente. Algumas PANCs precisam ser cozidas ou refogadas antes serem ingeridas. O cozimento deve-se ao fato de que muitas plantas carregam substâncias tóxicas, que podem causar problemas à saúde sem o preparo adequado. Existe um incentivo ao consumo destas plantas alimentícias não convencionais, pois elas podem ser importantes para a diversidade alimentícia da população, contribuindo para uma dieta mais rica. Só não vale consumir plantas que você não conhece e que não tenham o devido conhecimento científico a respeito de sua espécie, identificação ou de sua procedência, pois elas podem ser tóxicas!
Celso dos Santos Pedrosa é graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com Especialização em Desenvolvimento, Etnicidade e Políticas Públicas na Amazônia pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM).
Fonte: CORDEIRO, Sandra Zorat. Turnera subulata Sm. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Acesso em 28 de Julho de 2020. (Mídia Digital). Disponível em: http://www. unirio.br/ccbs/ibio/herbariohuni/turnera-subulata-sm
KINUPP, Valdely Ferreira, LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. São Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014.