Prisão de ventre, constipação intestinal, ressecamento intestinal, obstipação, empate e intestino preso são os nomes populares dados para uma alteração no intestino caracterizada pela dificuldade para evacuar. Esse distúrbio pode trazer alguns problemas ao metabolismo, pois existem microrganismos no bolo fecal e a permanência destes no intestino não é benéfica.
Existem alguns medicamentos que tratam essa alteração intestinal e, quando se pensa em fitoterapia, que é o tratamento de enfermidades utilizando as plantas medicinais, podemos citar a cutieira como exemplo.
A cutieira (Joannesia princeps Vell.) é uma espécie arbórea, conhecida também, dependendo da região, como andá-açu, boleira, coco-de-purga, fruta-de-arara, fruta-de-cutia, arapaçú, arrebenta-cavalo, dentre outros nomes. Esta espécie é uma angiosperma, pertencente à família Euphorbiaceae, a mesma família da mamona e da mandioca.
No Brasil a cutieira é encontrada de forma natural nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Minas Gerais esta espécie é pouco encontrada na natureza.
Como características morfológicas dessa espécie vegetal podemos relatar que são árvores de médio a grande porte, 15 a 30 metros de altura. Floração branca, em cachos, muito pequena. Fruto com 10 cm de diâmetro, polpa externa relativamente macia e fruto resistente. É necessário quebrar o fruto e extrair as sementes para plantio.
A cutieira produz uma semente de sabor apreciado, parecido com o sabor de castanhas e amêndoas. É dessa semente que pode ser extraído um óleo medicinal com propriedades purgativas. A partir da ingestão correta, o intestino desprende, variando de pessoa para pessoa. Desta forma, a semente desta árvore é um poderoso e efi caz método para a liberação do intestino. No entanto, seus efeitos podem ser perigosos para quem não os conhecem ou não sofrem de problemas intestinais.
Não é apenas a semente que possui utilidade, mas o óleo extraído da casca também pode ser utilizado para fins medicinais, podendo ser empregado na cicatrização de feridas e no combate à febre.
Apesar de não ser recomendada na arborização urbana, em virtude do tamanho, do peso de seus frutos e do perigo que as sementes oferecem devido ao seu efeito tóxico e purgativo, essa espécie é indispensável na recomposição de áreas degradadas, pois sua germinação e crescimento são rápidos, além de possuir uma boa adaptabilidade e produzir folhas de fácil decomposição, sendo uma espécie potencial para a recuperação do solo.
A semente da cutieira é protegida por um fruto denso e resistente. Assim, a perpetuação da espécie depende de um pequeno roedor conhecido como cutia e por isso a árvore recebe esse nome popular.
O fruto da cutieira contém entre uma e três sementes. Este fruto cai da árvore, ficando no solo até apodrecer ou ser comido por algum animal. Se o fruto apodrecer, as sementes também apodrecem e não são capazes de germinar.
Alguns animais como a paca, por exemplo, comem o fruto inteiro ou o destroem, eliminando a possibilidade de germinação da semente. A cutia, no entanto, em seu trabalho paciente e engenhoso abre o fruto, come uma ou duas semente e enterra o que não comeu. Essa atitude da cutia pode gerar uma futura árvore de cutieira.
É importante ressaltar que se ingerida em grandes quantidades e de forma incorreta a semente da cutieira, pode ser tóxica, então é necessário um cuidado especial ao se utilizar suas propriedades pra tal finalidade.
Todas as plantas medicinais são importantes no nosso dia-a-dia e é muito bom utilizarmos produtos naturais sempre que possível, porém temos que ter atenção, pois as plantas possuem diversas substâncias e podem fazer mal a saúde se não utilizadas corretamente.
Mardem Michael Ferreira da Silva Graduando em Ciências Biológicas, Bolsista do Programa PET-Educação Universidade Federal de Viçosa Campus Florestal
Lívia Constâncio de Siqueira Bióloga, doutoranda em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa Campus Viçosa