Volume 10 – 2019

O planeta Terra depois da vida

Os ecossistemas do planeta Terra às vezes parecem engrenagens perfeitas que trabalham em conjunto para que toda forma de vida possa continuar existindo. Mas como é possível que o tudo funcione tão bem e abrigue essa enorme diversidade que conhecemos? Os seres vivos são influenciados pelas mudanças do ambiente, entretanto, pode-se afirmar que o ambiente também é modificado pelos seres vivos.

Já se perguntou por que o oceano é salgado? Apesar de muitos outros elementos serem bem abundantes na Terra antes de haverem formas de vida, existem elementos como o cálcio que é aproveitado por determinados organismos para produzir carapaças calcárias, conchas, ossos, placas ósseas e até em processos metabólicos vitais. Basicamente, é possível afirmar que os compostos utilizados pelos organismos de um ambiente, influenciam na disponibilidade desse composto naquele lugar. Pensando assim é fácil compreender que o cloreto de sódio, um dos responsáveis por “salgar” os mares, não possui muita utilidade metabólica para os seres vivos em sua forma bruta. Por não ser tão utilizado, encontra-se em maior quantidade no ambiente.

A forma com a qual um ambiente é habitado pelos seres vivos também molda o planeta. Se pensarmos em um relevo inclinado, sem nenhum tipo de vegetação, a chuva escoa forte pelo lugar, levando parte do solo que dá aquela forma. Se fizermos um comparativo com outro cenário em que o relevo íngreme possui diversas árvores, com raízes profundas e bem ramificadas, a chuva escoará devagar e levará mais tempo para que ela modifique o relevo. Isso ocorre … Leia mais

A Explosão do Cambriano: a maior diversificação da vida na Terra

O evento conhecido como a Explosão do Cambriano é um episódio único na história da vida na Terra, pois ele caracteriza a maior diversificação de animais marinhos até hoje, onde originou a maioria das formas corporais conhecidas atualmente. Todos os filos de animais identificados no registro fóssil surgiram no Cambriano, período datado como entre 542 milhões de anos atrás (M.a.) e cerca de 488 M.a.. No período Cambriano, havia uma vasta extensão de mares rasos que estavam sobre grandes áreas continentais, o então recém-formado megacontinente da Gondwana se posicionava onde hoje chamamos de polo sul.

O termo “explosão” pode dar uma impressão errônea sobre a diversidade e surgimento da vida na Terra. A vida não apareceu do nada, como em um estalo de dedos, ela foi se desenvolvendo ao longo de milhões de anos através da evolução proposta por Charles Darwin e Alfred Wallace, onde vários filos se diversificaram ao longo de diferentes eras. Muitos fósseis de animais já foram encontrados datando de antes do Cambriano, como por exemplo, a “estranha” fauna que viveu nos oceanos do período Ediacarano há cerca de 575 milhões de anos atrás. Muitas dos ancestrais das linhagens Cambrianas podem ser pertencentes à fauna Ediacarana.

Antes da “explosão” do Cambriano ocorrer, no período Ediacarano, os ecossistemas no fundo do mar raso eram dominados por recifes de pináculos formados por cianobactérias. Nesse período, os mares que sustentavam uma fauna quase “alienígena”, tinham tão pouco oxigênio que nenhum peixe moderno seria capaz de sobreviver ali. Um tapete de … Leia mais

A biota de Ediacara: organismos diferentes de tudo que conhecemos

O planeta terra é cheio de formas de vida adaptadas a quase todos os ambientes e modos de sobrevivência. Isso não é só de agora, afinal, a vida apareceu pela primeira vez na Terra há pelo menos 3,5 bilhões de anos atrás, onde era predominantemente microscópica durante os primeiros 3 bilhões de anos mas segue sobrevivendo desde então.

Há cerca de 575 Milhões de anos atrás, no final do Proterozóico, surgiram no planeta grandes organismos com formatos complexos totalmente diferentes dos que existem hoje, com formato de discos, tubos e até folhas. Esse grande grupo de organismos chamados de biota ediacariana, já foi considerado como sendo de águas-vivas, vermes marinhos, artrópodes, fungos e até plantas. Alguns paleontologistas sugerem que estes organismos representam linhagens completamente extintas que não se assemelham a nenhum ser vivo atual, onde poderia até ser pertencer a reinos extintos diferentes dos atuais.

Todos os fósseis ediacarianos, assim chamados, pois foram encontrados pela primeira vez numa região da Ediacara na Austrália, eram mais semelhantes entre si do que com qualquer outro animal vivo da história. Suas características indicam que a maioria desses organismos estava fixa no fundo do mar, com alguns móveis pelo oceano onde se alimentavam de material em suspensão na água. Mais ou menos como as esponjas e outros filtradores marinhos fazem.

Os fósseis de Ediacara apresentavam quase que exclusivamente organismos de corpo mole, sendo criaturas delicadas que foram preservadas sob (ou raramente dentro de) leitos de areia ou cinzas vulcânicas. Geralmente esses fósseis exibem alto … Leia mais

Quando a Terra quase virou uma “bola de neve”

Sabemos hoje, que algumas dificuldades assolaram nossos ancestrais humanos: há mais ou menos 20 mil anos atrás (o que, no tempo geológico, não é muito) os humanos conviviam cotidianamente com muitas ameaças. Podemos citar os tigres-dente-de-sabre, mamutes e outros grandes animais da megafauna do Pleistoceno. Uma das maiores preocupações era, sem dúvidas, o clima severo daquele período, também conhecido como a Era do Gelo. Esse clima sem dúvidas foi uma grande barreira para a vida da época, aliás, nos últimos milhões de anos, houve uma era do gelo após a outra, algumas destas atingiram todo o hemisfério norte (América do Norte e Europa).

Por mais drástico que este clima pareça, alguns microorganismos passaram por climas ainda piores, como um congelamento total do planeta. Temos registros de dois congelamentos totais da Terra, sendo um deles há cerca de 2,4 bilhões de anos e o outro há cerca de 600 milhões de anos atrás, que de fato refletiu sobre a biodiversidade no planeta.

Antes do surgimento da vida animal e dos organismos maiores que já ouvimos falar, houve um período conhecido como Neoproterozóico em que o clima frio foi tão intenso que mesmo os trópicos congelaram. Imagine: toda a Terra congelada (lembre-se que nas eras do gelo mais recentes, apenas o hemisfério norte congelou), pairando pelo espaço por um período de, no mínimo, 10 milhões de anos!

Apesar desse frio intenso e duradouro, é importante ressaltar que o calor do magma proveniente do núcleo da Terra impediu o congelamento da terra até … Leia mais

O início da vida! As primeiras células

Você já olhou para a nossa complexidade biológica e imaginou que tudo poderia ser diferente no início? Como será que surgiu a vida? E as primeiras células? Há cerca de 4 BILHÕES de anos atrás, a Terra era uma gigante bola de fogo com tempestades de raios que fornecia energia diversas reações químicas. O planeta também era constantemente bombardeado por meteoritos, cometas e outros corpos celestiais, que traziam consigo muitos compostos, resíduos do ciclo de nascimento e morte de estrelas (provavelmente, metade da água da Terra é de origem extraterrestre). De todos os reagentes presentes na atmosfera daquele período, os CHNOPS (carbono [C], hidrogênio (H), nitrogênio [N], oxigênio [O], fósforo [P] e enxofre [S]), sob o intenso calor e descargas elétricas, eram os principais responsáveis para a formação de substâncias químicas orgânicas como aminoácidos, açúcares simples e bases de ácidos nucléicos.

Após anos de resfriamento da Terra, a presença de água líquida foi possível, formando os primeiros oceanos, que nessa época eram lagoas dispersas pelo planeta. Com os ingredientes mínimos (os CHNOPS) e água líquida, a vida começou a surgir. Na água líquida, as estruturas químicas estão constantemente interagindo e reagindo por causa de suas características físicas.

Alguns compostos, como os anfifílicos, possuem uma parte hidrofílica (que se “atrai” pela água) e uma parte hidrofóbica (é repelido pela água), onde associam entre si e formam micelas. Essas micelas são formadas de forma parecida à daquelas gotículas de óleo em mistura com a água. As primeiras membranas (Fig.1) diferenciando um ambiente … Leia mais

Nem tudo é o que parece ser!

No século passado, Estados Unidos e União Soviética travaram uma disputa política e econômica pela conquista do poder, o que levou essas potências a usarem diversas táticas de guerra. Uma delas foi o uso de espiões que tinham a capacidade de se infiltrar e ganhar a confiança dos inimigos em território adversário para obter informações confidenciais que poderiam trazer alguma vantagem para seu país de origem. Diversos filmes retratam esse período, mas não precisamos ficar apenas na TV! No mundo animal há diversos exemplos como esse, basta apenas olharmos para a natureza!

A partir disso, podemos citar o caso de algumas borboletas, sapos, cobras e diversos outros animais que, por meio do processo de seleção natural ao longo de várias gerações, acabaram por adquirir características similares às de outras espécies, o que conferiu algumas vantagens para viver nos habitats em que estão inseridos. Essa tática pode conferir uma maior chance de sobrevivência no mundo animal e recebe o nome de mimetismo.

Existem alguns tipos distintos de mimetismo, mas abordaremos aqui apenas o conceito introduzido pelo naturalista inglês Henry Walter Bates e que foi batizado em sua homenagem de mimetismo Bartesiano. Ele ocorre quando uma espécie exibe as características físicas de outras espécies, como o padrão de cor, mas não necessariamente possui sua verdadeira nocividade. Ou seja, o organismo modelo (aquele que é copiado) é o que apresenta perigo, enquanto o mímico (aquele que copia) apenas utiliza dessas características como forma de defesa contra potenciais predadores. Para fixar melhor esse conceito, … Leia mais