Volume 1 – 2010

Tosse, chiado e falta de ar?

Tatiana Frehner Kavalco

A asma é uma doença pulmonar muito comum, sendo de maior impacto em populações afrodescendentes e latinas que vivem nos grandes centros urbanos. Sua prevalência vem aumentando em algumas regiões do mundo, devido principalmente às mudanças climáticas e ambientais pelas quais o planeta passa.

A asma ocorre em pessoas de todas as idades, mas é predominante nos primeiros anos de vida (aproximadamente metade dos casos surge antes dos 10 anos). Na infância ocorre mais nos meninos e em torno dos 30 anos a proporção é equilibrada entre homens e mulheres. É uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, ou seja, é causada por um estado de inflamação persistente mesmo quando na fase sem sintomas. A asma é marcada pelo engrossamento da parede das vias respiratórias, causado pela contração do músculo dos brônquios (broncoconstrição). Juntamente com a diminuição do diâmetro das vias respiratórias, ocorre uma grande resposta imunológica, gerando edema local (inchaço) e produção de muco espesso.

Os estímulos mais comuns que desencadeiam uma crise de asma são agentes alérgicos (às vezes relacionados com estações do ano – pois o regime hídrico e temperatura mudam a umidade e constituição do ar), a poluição do ar e do meio ambiente, fatores relacionados ao trabalho, infecções respiratórias, estresse emocional e exercício (geralmente as crises começam depois do esforço e não durante o exercício).

Exemplos de agentes alérgicos são: pólen; penas, pelos, poeiras, soros e secreções de animais e insetos; ácaros do mofo; poeiras de vegetais (como carvalho, cereais, farinha, mamona, … Leia mais

Para onde vai o seu lixo?

Janaína Pazza.

 

Você já se deu conta da quantidade de lixo que produz todos os dias na sua casa e no trabalho?

E para onde vai todo esse lixo? Muita gente pensa que a responsabilidade acaba no momento em que se deixam as sacolinhas na lixeira em frente de casa, que serão recolhidas pelo caminhão da prefeitura. “Pronto! Fiz minha parte”. Mas o que não é devidamente separado, infelizmente vai parar no aterro sanitário do seu município, que deveria comportar somente o lixo orgânico.

O meio ambiente ainda sofre com a falta de consciência da população que, apesar de tanto ouvir falar e comentar o assunto, insiste em fazer de conta que está alheio a isso. É muito bonito dizer “eu faço a minha parte”. Mas será que está fazendo mesmo? Você diminuiu o tempo no banho? Escova os dentes com a torneira fechada? Foi a pé ao mercado ou ao trabalho? Deixou de imprimir papéis desnecessários? Você separa seu lixo corretamente?

Se você respondeu não na maioria destas perguntas, então você não pode dizer que está fazendo a sua parte. Enquanto você está cantando no chuveiro, muita gente não tem água para cozinhar.

Dados da ONU de 2006 revelam que até 2050 mais de 45% da população mundial não terá acesso à água potável. O Brasil é o país mais rico em quantidade de água disponível para consumo e se as previsões se confirmarem, nos próximos anos a guerra entre nações não será mais pelo petróleo e sim … Leia mais

Bronzeamento e Saúde

Karine Frehner Kavalco

 

A “geração saúde” de alguns anos atrás era caracterizada por um corpo malhado e pele dourada. Depois de anos de cultura ao sol e às peles bronzeadas, foi apenas na década de 80 que as pesquisas mostraram o perigo da exposição irrestrita ao sol.

O bronzeamento ou escurecimento da pele é causado pelo aumento de melanina (um pigmento castanho) dentro das células da pele, no período logo após a exposição à radiação solar. A melanina é produzida e liberada por células chamadas melanócitos, e atua na proteção da pele. Ela impede o corpo de absorver radiação solar em excesso, o que pode ser prejudicial. Dependendo de sua etnia e constituição genética, algumas pessoas podem adquirir um bronzeado muito maior e mais rapidamente que outras. Embora atue na proteção da pele, a melanina não tem o poder de bloquear a incidência de radiação solar, e mesmo pessoas mais morenas podem ter queimaduras de pele devidas à exposição em excesso.

A radiação emitida pelo sol pode ser dividida em função de suas frequências de onda. A radiação ultravioleta (UV) é a radiação eletromagnética ou os raios ultravioleta com um comprimento de onda menor que a da luz visível e maior que a dos raios X, de 380 a 1 nm (nanômetros). O nome significa “mais alta que violeta”, pois o violeta é a cor com comprimento de onda mais curto e com maior frequência dentre todas as cores da luz visível. Mesmo em dias nublados de verão, a incidência … Leia mais

Zoologia, o estudo da fauna

Ana Lúcia Miranda Tourinho

A zoologia é uma área científica multidisciplinar. De um modo geral, pode ser definida como a ciência que estuda os representantes do reino animal em todos os seus aspectos.

O fascínio dos homens pelos animais atravessa a história, remontando um passado onde pinturas destes, muitos hoje extintos, eram feitas no interior de cavernas. Diversos povos de importância histórica como os egípcios e celtas possuíam tamanho deslumbramento pelos animais que estes eram representados em seus deuses, reverenciados e profundamente admirados.

Apesar desse interesse, foi com o trabalho do grego Aristóteles, “História dos animais”, que a zoologia passou a ser de fato ciência. Ele reuniu todos os fatos zoológicos conhecidos até então, e lançou um sistema de classificação para todos os animais.

Algumas obras importantes sucederam a publicação de Aristóteles, destacando-se Carl Linnaeus que criou o sistema nominal adotando dois nomes em latim (gênero e espécie) que é usado até os dias de hoje.

Entretanto, o grande marco revolucionário na zoologia aconteceu com o desenvolvimento da Teoria da Evolução das Espécies, proposta por Charles Darwin, mudando a atitude expoente do método científico utilizado na classificação dos animais.

A partir de 1950, com a proposição da Sistemática Filogenética por Willi Henning, a classificação passou então a uma teoria consistente de investigação e representação das relações de parentesco entre as espécies.

Pode-se dizer que a zoologia tem como objetivos principais descrever e explicar a diversidade faunística, identificar, avaliar e estudar os ajustes adaptativos das espécies ao meio, ou ecossistemas específicos, … Leia mais

Genética Ecológica – uma ferramenta para o estudo da biodiversidade

Rubens Pazza

 

Embora pareça novidade, a Genética Ecológica não é uma área nova. Na realidade, suas primeiras impressões vieram dos trabalhos de Darwin e Wallace, que primeiro relacionaram a Genética (variação) com a Ecologia (luta pela sobrevivência). Em termos simples, a Genética Ecológica é uma ciência que trabalha com a análise das variações genéticas inter e intrapopulacionais, que em última instância leva à adaptação e especiação. Assim, diferentes metodologias que avaliem a variabilidade de populações, espécies ou mesmo indivíduos podem ser utilizados como ferramenta para a Genética Ecológica. Mais recentemente, com o advento da biologia molecular, novas ferramentas permitiram a observação de variação em níveis cada vez mais refinados. Não apenas os avanços técnicos, mas também os avanços teóricos foram importantes para a consolidação desta área de estudo, como a teoria de metapopulações e as análises filogenéticas, por exemplo.

Uma das áreas de estudo da genética ecológica envolve a resolução dos problemas taxonômicos. Mas por que motivo os problemas taxonômicos seriam problemas ecológicos? Em primeiro lugar, um naturalista deve se preocupar em saber com que espécie está lidando, pois isso é imprescindível para a avaliação dos seus resultados. Quando um pesquisador afirma que determinada espécie de peixes apresenta desova total na época chuvosa, ele precisou avaliar vários exemplares da mesma espécie em diferentes épocas do ano para chegar a esta conclusão. Toda a sua hipótese depende da correta identificação dos exemplares observados. Entretanto, existem dois grandes problemas associados à identificação de espécies. O primeiro deles é em relação ao conceito … Leia mais

Boa para o produtor, melhor ainda para o consumidor

 Sydney Antonio Frehner Kavalco.

 

A aveia branca (Avena sativa L.) é uma das espécies mais antigas cultivadas pelo homem e seus grãos são utilizados para alimentação humana e animal, apresentando um balanceamento de aminoácidos, vitaminas, minerais e carboidratos de alta qualidade. É uma planta exótica, de origem européia, introduzida no Rio Grande do Sul e disseminada para os outros Estados da região sul, sudeste e centro oeste do Brasil. É possível cultivá-la em uma grande variedade de solos, mas é preferível que seja em solos argilosos, sem acúmulo de água. Solos arenosos sem Potássio limitam seu cultivo, pois a Aveia Branca é menos resistente a doenças como a ferrugem da folha e do colmo se comparada a Aveia Preta. É capaz de suportar baixas temperaturas e por apresentar baixa tolerância à umidade é mais bem adaptada a regiões de altas altitudes. Seu plantio deve ser realizado de março a junho. O preparo do solo pode ser de forma convencional ou em plantio direto. Gradativamente ela vem ocupando espaço como pasto de inverno, feno, ensilado, como adubo verde e como cobertura morta no plantio direto, além de sua palhada exercer efeito alelopático sobre a geminação de sementes de capim-marmelada.

A aveia é um cereal altamente nutritivo, considerada um alimento funcional, pois além de ser fonte de carboidratos, vitaminas e minerais, é rica em fibras. Uma das mais importantes é uma fibra solúvel chamada de beta-glucana, responsável por parte das vantagens nutricionais proporcionadas pelo consumo da aveia, como o bom … Leia mais

Caminhando e mudando, de ideias a atitudes

Pierre Rafael Penteado.

 

Quando era pequeno, lembro que às vezes os mais velhos brincavam com um cumprimento, no comecinho da tarde: “Bom dia”, diziam. E quando eu olhava para o fulano com uma cara estranha, justificavam dizendo que ainda não haviam almoçado, então para eles continuava ser ideal usar o “bom dia”. Em algumas vezes fiquei pensando: “Poxa, e se ele não almoçar o dia inteiro?”. Bem, é claro que é apenas uma brincadeira de adultos com crianças. Mas os pequenos levam as histórias ao pé-da-letra, vocês sabem…

Entretanto, já imaginou se cada pessoa exigisse que o mundo só andasse de acordo com o que ela fez ou deixou de fazer?  Ou ainda, pensasse que a natureza só existe com o único propósito de satisfazer suas necessidades? Bem, durante a história, a maneira de o homem pensar seu lugar no universo variou ao longo das épocas. O Teocentrismo, que predominou durante a Idade Média, propunha que Deus é o centro do Universo. Por outro lado, o Antropocentrismo, que foi concebido durante o Renascimento, considera que o universo deve ser percebido de acordo somente na sua relação com o homem, elevando este a um papel central.

Na biologia, por exemplo, uma das classificações biológicas propostas na história, no século IV, foi a de Santo Agostinho, que separou animais nas seguintes categorias: úteis, inúteis ou indiferentes ao homem. Apesar de ele ser uma figura importante no Cristianismo, usou um sistema que é totalmente antropocêntrico, partindo do princípio de que os animais deveriam … Leia mais

Conhecer para preservar e preservar para conhecer.

Karine Frehner Kavalco

 

“Nada na Biologia faz sentido exceto à luz da Evolução”. Foi o que inteligentemente afirmou Theodosius Dobzhansky (que consolidou a nascente ciência da genética no Brasil), depois de observar características genéticas da pequena mosca da fruta, Drosophila melanogaster. Esta afirmação fora usada inúmeras vezes depois dele a ter proferido, e a cada dia ela ganha mais sentido. Desde muito antes de Charles Darwin, vários pesquisadores já tinham notado que as espécies mudavam, mas eles não sabiam como. De posse de ideias de outros pesquisadores sobre a mudança nos padrões de diversidade vistos na natureza e sobre dados demográficos de populações humanas, Darwin pôde dar sentido àquilo que ele encontrou em sua viagem com o navio britânico “H. M. S. Beagle” pela América do Sul. A região Neotropical (que se estende do sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina), visitada quase em sua totalidade pelo naturalista em sua aventura, é realmente uma das mais ricas em termos de número de diferentes espécies, seja com relação a plantas ou animais. Darwin viu uma vasta diversidade de formas e tipos, cores e comportamentos, que o levou a indagar sobre os processos que dariam origem a este fenômeno. O arquipélago de Galápagos, formado por mais de 50 ilhas, foi o laboratório natural de Charles Darwin, o local que lhe suscitou tantas dúvidas e o extasiou com tamanha beleza exótica. Essa viagem pode ser considerada o marco de início da Biologia Evolutiva como Ciência. Darwin estabeleceu métodos para análise … Leia mais

O Brasil no Ano Internacional da Biodiversidade.

Rubens Pazza.

A biodiversidade é caracterizada como a diversidade biológica em pelo menos três níveis hierárquicos: diversidade genética, diversidade de espécies e diversidade de ecossistemas. O tema da conservação da biodiversidade tem sido amplamente difundido nos últimos anos, especialmente quando se trata de assuntos econômicos. Afinal de contas, inúmeros fármacos, cosméticos e variedades cultivadas na agricultura são obtidos através do uso de nossa biodiversidade. Entretanto, a necessidade da conservação da biodiversidade vai muito além de questões econômicas. Toda uma cadeia ecológica depende da relação entre as espécies de um determinado ecossistema, onde a perda de uma única peça pode ser altamente prejudicial, alterando as inter-relações e desequilibrando o mesmo. Durante a Eco-92, uma grande convenção internacional sobre meio ambiente realizada no Brasil em 1992, 175 países assinaram um tratado chamado de Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB). Este documento propõe regras para a conservação da biodiversidade, bem como de seu uso sustentável e a repartição justa dos benefícios provenientes do uso econômico dos recursos. Periodicamente, os países signatários deste tratado se reúnem em convenções. Este ano, em outubro, acontecerá a COP-10 (Conferência das Partes, 2010), em Nagoya, no Japão. Nestes encontros, discute-se o que os países têm feito para cumprir sua parte no tratado e quais as medidas e metas que devem ser adotadas a seguir.

O Brasil é signatário deste tratado, tendo legislação apropriada e regulamentada pelo Decreto Nº 2.519 de 16 de março de 1998. Em vistas ao encontro em Nagoya, a Câmara dos Deputados realizou alguns eventos … Leia mais

O Mundo fascinante da Botânica.

Jaqueline Dias Pereira

 

A Botânica ou Biologia Vegetal é uma das áreas da Biologia e é um fascinante campo de estudo, pesquisa e aplicações práticas. É o estudo das plantas, e nos possibilita compreender a grande diversidade de plantas presentes em nosso planeta, nos mais diversos ambientes. Estes podem ser aquáticos, terrestres, ou ainda explorados por plantas de hábitos diferentes, como as epífitas, aquelas plantas que vivem sobre outras sem parasitá-las. Existem plantas bem simples como os musgos e samambaias, que não produzem sementes e não apresentam flores e frutos, até plantas com todos os órgãos vegetativos (raiz, caule e folha) e reprodutivos (flor, fruto e semente). É possível verificar plantas com mais de 100m de altura até plantas minúsculas.

Muitas dessas plantas chamam a nossa atenção pelo colorido exuberante de suas flores e pela sua interação direta com certos animais. Dentre as aplicações práticas da botânica, destacam-se o uso das plantas medicinais e as plantas utilizadas como bioindicadores de poluição ambiental, dentre outras. Acredita-se que desde 3000 a.C. os chineses já cultivavam plantas medicinais.  Elas eram utilizadas como purgantes, vermífugos, diuréticos, cosméticos e especiarias para a cozinha, além de líquidos e gomas utilizados para embalsamar múmias. No Brasil, muitas espécies vegetais nativas são utilizadas pela população para fins terapêuticos.

Trabalhos realizados com algumas espécies nativas de plantas com hábito epifítico e terrestre têm demonstrado eficácia como bioindicadoras do ambiente, pois elas reagem aos efeitos da poluição através de alguns “sinais” como necrose, queda de suas folhas, diminuição do … Leia mais