A história dos zoológicos se iniciou há milhares de anos. De acordo com estudos das civilizações antigas, o homem desde o início de sua adaptação ao ambiente urbano, mantém animais selvagens em cativeiro em benefício próprio, como proteção e alimentação. No século XV, as realezas europeias também iniciaram o aprisionamento de animais a fim de seu próprio entretenimento e demonstração de seu domínio sobre terras estrangeiras.
Com a Revolução Industrial, e a ascensão da burguesia, esses zoológicos sustentados pela realeza começaram a passar por diversas mudanças. Animais antes “propriedade” da realeza, foram transferidos para burgueses e emergentes e assim, em meados do século XIX, os zoológicos abertos à visitação pública através do pagamento de ingressos começaram a se popularizar. Com isso, zoológicos foram considerados por muitos anos meros entretenimentos, sem considerar o bem-estar animal.
Se a história dos zoológicos não é conhecida por priorizar o bem estar animal, pode se dizer que hoje isso é primordial para um zoológico funcionar, tanto pela ética quanto pela moral. A partir do século XX surgiu uma maior preocupação com a importância dos bichos e seu bem-estar físico e mental e com isso, a existência de animais selvagens em cativeiro só é possível para conservar as espécies, a biodiversidade e o patrimônio natural.
Para tal, a educação ambiental é extremamente importante, bem como o pensamento conservacionista e o fomento a ciência. Apesar do que ouvimos falar sobre a visitação aberta ao público, é necessário entender que ela é muito importante para a educação ambiental, pois somente assim, chegaremos ao respeito e consciência coletiva da importância da biodiversidade para o planeta. Além disso, em teoria, o valor arrecadado pelos ingressos é destinado para a sobrevivência do próprio zoológico.
Atualmente os animais encontrados em zoológicos, em sua grande maioria, são aqueles que não conseguem mais sobreviver na natureza, muitas vezes vítimas das próprias ações humanas. Há inúmeros papéis importantes que os zoológicos desempenham. No Brasil essas instituições trabalham efetivamente na reprodução de animais em cativeiros como, por exemplo, o mutum-de-alagoas que é uma espécie extinta na natureza, mas que apresenta sucesso de reprodução em cativeiro. Em casos como esse o zoológico age como um suporte a preservação desses organismos que futuramente, com auxilio de pesquisadores e demais órgão ambientais competentes poderão ser reintroduzidos na natureza.
Contudo, não podemos fechar os olhos para os diversos zoológicos que não visam à preservação, conservação e bem-estar dos animais. Um caso famoso desse tipo de instituição é o antigo zoológico de Luján, situado na Argentina. Considerado como um ponto turístico imperdível em Buenos Aires esse jardim zoológico foi fechado por apresentar praticar antiéticas como aplicação de sedativos nos animais para a aproximação do publico. É fato que ainda existem diversas falhas nos zoológicos atuais, mas precisamos enxergar um futuro para essas instituições tão importantes para a vida selvagem. A ideia é a priorização total do animal, depois o restante, como a educação ambiental. Para isso precisamos lembrar que de nada adianta demonizar toda uma ideia, onde diversas instituições e profissionais sérios trabalham incansavelmente em prol da biodiversidade se não cobrarmos e lutarmos para que a vida em todas as suas formas, em todos os ambientes e por todas as pessoas, começando por nós mesmos, seja respeitada. É preciso sempre confrontar e questionar, mas também entender e respeitar.
Gabriella Katlheen Leles é Bióloga formada pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba.