Volume 9 – 2018

Cruzamentos cognitivos permitem que a música desperte outros sentidos além da audição

Imagine você, sentado em seu sofá, ouvindo a sua banda ou seu músico preferido e, de repente, cada batida da bateria começa a parecer azul e cada acorde da guitarra começa a ter um gosto de framboesa. Difícil de imaginar, né? Não se você faz parte de cerca de 4% da população mundial que é sinesteta – indivíduo que possui condição neurológica excepcional, em que um estímulo indutor desperta, de forma involuntária e consistente, outra sensação que não foi estimulada.

Fora dessa condição neurológica que acomete uma pequena parcela da população, é normal que haja certos cruzamentos de modos cognitivos/sensoriais. “Os cruzamentos de modos sensoriais são associações que todos fazemos, geralmente de forma automática, entre uma sensação estimulada externamente e outra sensação. Na fruição musical, essas correspondências sensoriais são constantes e automáticas e, quanto mais intensa é a fruição musical, mais fortes são esses cruzamentos de modos sensoriais” explica Guilherme Bragança, doutor em neurociências pela Universidade Federal de Minas Gerias.

Tais cruzamentos ocorrem de maneira intuitiva, sem que se perceba. Um exemplo é quando se descrevem os sentimentos provocados por uma música, e em metáforas sinestésicas como “uma canção doce” ou “a voz daquele cantor me acalma, é muito suave”. Músicos, por sua vez, podem apontar que “o som de um trompete é brilhante”, ou “som do fagote é opaco”.

Parece haver um grau latente de sinestesia em todos os indivíduos (levando o nome de weak synesthesia), e é ela que auxilia a construção de associações abstratas entre diferentes campos … Leia mais

Uma breve história dos Gatos

O gato doméstico (Felis catus) está presente em quase todos os continentes, com exceção da Antártida e regiões mais remotas. Embora atualmente eles sejam habitantes dos nossos sofás e lareiras, nas sociedades antigas aqueles que habitavam celeiros, navios e vilarejos proporcionavam grande proteção. Que tipo de proteção os bichanos conferiam? Bom, basicamente contra pragas e vermes oriundos de pequenos animais, principalmente de roedores, os quais eram responsáveis por danos às plantações e por doenças críticas.

Um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution demonstrou que o gato doméstico é mais próximo de uma subespécie de gato selvagem africano, o Gato-da-Líbia (Felis silvestris lybica). Esses selvagens geralmente são solitários, caçadores territorialistas e não possuem estrutura social e hierárquica. Um animal com essas características dificilmente seria escolhido para a domesticação e, ao que parece, de fato os gatos não foram escolhidos por nós, eles é que “se convidaram” para serem domesticados (típico de gato não?)! O que se sabe é que esses felinos começaram a habitar plantações há milhares de anos atrás ao serem atraídos por ratos que invadiam os estoques de grãos dos humanos no Oriente Próximo.

Evidências zooarqueológicas apontam que a primeira relação entre os humanos e os bichanos foi um tipo de comensalismo que durou milhares de anos. Durante esse período, os gatos que habitavam regiões humanas mantinham cruzamentos com os selvagens. Acredita-se que essas trocas genéticas contribuíram para manter pouca diferenciação entre os dois grupos. Devido a isso, nossos ronronadores mantiveram muitas das características … Leia mais