A Ciência da Genômica Nutricional

Sabrina Alves da Silva

 

Um gene é definido como uma sequência de DNA que contém a informação necessária para sintetizar uma molécula de RNA mensageiro, que por sua vez, irá dirigir a síntese de uma proteína; este processo é denominado expressão gênica. Existem vários meios de regular esse processo, garantindo que as proteínas sejam sintetizadas quando e o quanto forem necessárias para cada parte do corpo e esses meios estão relacionados a vários fatores, como a adaptação celular, variação do ambiente, diferenciação celular e desenvolvimento do organismo.  Algumas bactérias, por exemplo, modificam a expressão dos genes quando há presença de lactose no meio, induzindo, assim, a síntese de proteínas ligadas ao metabolismo da lactose; este processo é conhecido como Operon da lactose.  A partir destas informações, alguns cientistas se perguntaram se os nutrientes provindos da dieta poderiam ter algum efeito semelhante a esse no organismo humano. Desta dúvida surgiu um novo campo de estudo, a genômica nutricional.

 

A Ciência da Genômica Nutricional

Um questionamento recente da genômica nutricional, ciência que estuda as interações entre a nutrição e o genoma humano, é entender como os genes interagem com os nutrientes provindos da alimentação, modificando o metabolismo celular, e como os nutrientes podem regular a expressão gênica.  A nutrigenética e a nutrigenômica surgem como alternativas para se estudar e entender como funcionam os efeitos dos nutrientes em nível molecular e qual sua importância na expressão gênica.  A nutrigenômica é um ramo da genômica nutricional que estuda como os nutrientes podem influenciar na expressão dos genes e … Leia mais

Macroinvertebrados aquáticos

Nilcilene de F. Resende Souza

Quem são e qual a sua importância? 

Alterações antrópicas (produzidas pelo homem) podem resultar na perda da biodiversidade e consequentemente, na alteração da estrutura das comunidades biológicas, sendo estas bem notáveis nas comunidades aquáticas. A comunidade de invertebrados bentônicos está representada por uma grande variedade de organismos, com indivíduos de vários filos que vivem, pelo menos parte de sua vida, no fundo dos ecossistemas aquáticos. Dentre estes estão os insetos que tem se destacado tanto na riqueza como na abundância de espécies e vem amplamente sendo utilizados em estudos de monitoramento e avaliação da qualidade da água. Algumas vantagens da utilização dos destes organismos com bioindicadores da qualidade da água estão relacionadas com o ciclo de vida longo (quando comparado a outros organismos aquáticos), tamanho do corpo (relativamente grande), baixa mobilidade, fácil amostragem e de baixo custo, identificação taxonômica relativamente simples.

Além disso, estes organismos podem ser utilizados em experimentos de campo e laboratório, e podem acumular poluentes, dentre outras. Os macroinvertebrados bentônicos diferem entre si em relação à poluição orgânica, podendo ser sensíveis e intolerantes, tolerantes ou resistentes. Via de regra, se há organismos mais intolerantes ou sensíveis em dado ambiente, este pode ser considerado menos impactado. Ambientes em só são observados organismos tolerantes à poluição, ou apenas as formas mais resistentes costumam ser mais impactados.

Portanto, diante da importância da comunidade aquática no biomonitoramento ambiental, avaliação de impacto ambiental, identificação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e recuperação e manejo de … Leia mais

Extinções: ciclos de vida e morte

Pierre Rafael Penteado.

 

Você com certeza já leu ou ouviu “… espécie está em risco de extinção…”, não é mesmo? 

 

Quando todos os indivíduos de uma espécie morrem, podemos dizer que ela está extinta. É um processo natural, esperado de acordo com a teoria da evolução biológica, uma vez que os organismos competem por recursos limitados na natureza. Desse modo, as populações adaptam-se ao longo de gerações, migram ou acabam se extinguindo.  E o que é extinção em massa? Também conhecido como evento de extinção, acontecem quando o ambiente em que os organismos vivem muda bruscamente, em um curto intervalo de tempo, impedindo a adaptação dos mesmos. Alguns cientistas se referem às extinções em massa como um reset da evolução biológica.  De certo modo, podemos dizer que é isso, já que as espécies extintas deixam um ambiente para ser explorado por outras espécies. Também é notável o fato de que existiram muito mais espécies (e que foram extintas) do que o total de espécies atual. Durante toda a história da vida no planeta Terra, a biodiversidade do planeta já sofreu cinco eventos de extinção!

Permiano-Triássico.

Há aproximadamente 250 milhões de anos, cerca de 60% de todos os gêneros (categoria taxonômica que pode agrupar uma ou várias espécies) viventes da foram extintos. Entre eles, estavam os trilobitas (artrópodes bastante diversificados), euriptéridos (escorpiões-marinhos) entre vários grupos que não perderam todas as espécies.  Esse evento é conhecido como a grande extinção do Permiano-Triássico. Mas o que poderia ter causado tamanho efeito … Leia mais

Entre cobras, sapos e lagartos… E milhões de anos de evolução!

 Rodrigo de Mello

 

Certa vez, depois de dizer que participaria de um congresso de herpetologia, minhas sobrinhas – Ana Carolina e Maria Fernanda, de 11 e 8 anos – me perguntaram o que era isso. Logo depois de explicar que tal evento é uma reunião entre pessoas que estudam anfíbios e répteis, detalhando que o primeiro grupo abriga todos os sapos, rãs e pererecas, e o segundo, todos os lagartos, crocodilos, cobras e tartarugas, ouvi: “credo… cobras, sapos e lagartos!”, combinado com os rostos com feições de nojo das meninas. A reação – ou opinião— da Carol e da Fernanda é bem comum; As pessoas geralmente propagam uma imagem asquerosa, perigosa ou maléfica desses animais em desenhos animados, filmes ou lendas. Entretanto, quando vemos esses animais estudados pela herpetologia de outro prisma, começamos a ver quão interessantes eles são começando pela sua história evolutiva.

O surgimento dos primeiros anfíbios e répteis aconteceu entre 300 a 400 milhões de anos atrás, quando a Terra ainda tinha seus continentes diferentes da conformação atual; eles aparecem simultaneamente com inovações evolutivas únicas para a conquista do ambiente terrestre – um lugar até então inexplorado por qualquer vertebrado. Desde então, a herpetofauna se tornou extraordinariamente rica e diversificada, representando porção significativa da fauna de vertebrados, particularmente em ambientes áridos e tropicais, onde são os vertebrados mais abundantes. No mundo todo, são mais de 6.700 espécies de anfíbios e mais de 9.500 espécies de répteis; só no Brasil o número de anfíbios e répteis catalogados … Leia mais

A preservação começa com a conscientização

Willian Lopes Silva

 

Quando se trata de Conservação da Biodiversidade, um dos grandes problemas que enfrentamos hoje é encontrar uma forma de mudar o foco do homem, de uma visão exploradora para uma visão de sustentabilidade. A consciência humana precisa ser voltada para o mundo não humano. Assim como compreendemos facilmente que nós o “dominamos” e dele usufruímos para nossa sobrevivência, devemos nos ver como seus protetores. É preciso que nos vejamos como promotores da sustentabilidade, vivendo em harmonia no planeta e sobrevivendo com os recursos que dele precisamos. Hoje, desmatar uma área para plantio, botar fogo em uma pastagem, usar excessiva quantidade de agrotóxicos nas lavouras, jogar dejetos nos rios, não são vistos como um atentado à humanidade. A maioria pensa apenas em lucrar e expandir o mercado, esquecendo que a cobertura vegetal e a biodiversidade animal são uma garantia de vida para seus descendentes.

Ecologicamente falando, apenas uma espécie, seja animal ou vegetal, não consegue se manter viva. Existem as necessárias interações ecológicas, que possibilitam a sobrevivência de um ecossistema inteiro. Apenas nós, e algumas espécies de monoculturas, não garantiremos o futuro do planeta, visto que não é só de alimento que precisamos. Também precisamos de novos remédios, de novas fontes de nutrientes, de tantos recursos quanto podemos imaginar.

É necessária uma mudança de atitude quanto à conservação da biodiversidade. Para conseguir isso, um trabalho forte em conscientização precisa ser feito. Mas a conscientização, para ser eficiente, deve vir acompanhada de propostas realizáveis de sustentabilidade. Enquanto apenas … Leia mais

Desbravadores da Natureza

Simone Rodrigues Slusarski

 

Os naturalistas que vieram ao Brasil no século XIX haviam tomado a difícil decisão de viajar, pois além dos perigos da viagem, a comunidade científica não era unânime quanto à valorização do trabalho do viajante.  Muitos dos mais importantes naturalistas europeus nunca viajaram. Para esta função treinava-se jardineiros coletores, desenhistas, pintores e preparadores de animais que acompanhavam ou substituíam os próprios naturalistas.   O exemplo mais conhecido do pesquisador que defendia a viagem como parte indispensável foi Alexander von Humboldt. Acreditava que as impressões estéticas vivenciadas pelo viajante, fazia parte da atividade científica e não podia ser substituída por descrições ou amostras destacadas dos lugares de onde foram tiradas. Alguns dos viajantes-naturalistas que vieram ao Brasil e foram influenciados por esta ideia de Humboldt, como Martius e Saint Hilaire, optaram pelas expedições, pelo simples fato de “ver com os próprios olhos” e assim produzir ciência in loco. Muitos cientistas vieram ao Brasil e cada um deixou uma importante contribuição científica retratando o ambiente, a história e os costumes de nossos povos.

Langsdorff esteve aqui em 1803 e retornou em 1813 como cônsul da Rússia. Em 1820 foi encarregado pelo governo Russo a organizar uma expedição científica, a qual fizera parte Riedel e Freyreiss. Esta missão organizou um herbário com 60.000 exemplares que foi levado para São Petersburg, hoje Leningrado. Sellow nasceu em 1789 na Alemanha, conheceu Humboldt e Langsdorff, veio jovem para o Brasil e com recursos financeiros dos dois amigos pode desenvolver suas pesquisas. Foi Sellow o … Leia mais

Carregando as baterias

Karine Frehner Kavalco.

 

Depois de um dia cheio de atividades, uma boa noite de sono costuma ser fundamental. Quando dormimos entramos em um estado de inconsciência, do qual podemos ser despertados por estímulos do ambiente, entre eles os sensoriais. O coma e a anestesia não podem ser considerados sono, embora possuam muitas características semelhantes a este. Durante uma noite normal, todos passam pelo menos por dois “tipos” de sono, o sono de onda lenta, e o sono paradoxal.

 

Enquanto o corpo descansa…

Este tipo de sono é denominado também de sono repousante profundo, sono sem sonho, sono de onda delta ou sono normal. O sono profundo de onda lenta é destituído de sonho, muito relaxante e está associado a uma diminuição tanto do tônus vascular periférico quanto da maior parte das funções vegetativas do organismo. Diminui também a pressão arterial, a frequência respiratória e o índice de metabolismo básico. Esta é uma parte do sono em que o corpo realmente entre em repouso, tanto das funções conscientes quando de parte das funções autônomas, que incluem aquelas que não são controladas por nossa vontade, como a peristalse, por exemplo. Este sono repousante é interrompido periodicamente por um segundo tipo de sono, o sono REM.

 

   … A mente divaga

Durante um período normal de sono ocorrem episódios de sono paradoxal, que duram de 5 a 20 minutos, em média a cada 90 minutos, ocorrendo o primeiro episódio 80 a 100 minutos após a pessoa adormecer. Quando a pessoa está muito … Leia mais

O perigo está próximo, abandonado na rua!

Rubens Pazza

 

Você certamente já observou cachorros ou gatos correndo pelas ruas de sua cidade, não? Já parou para pensar se alguém cuida deles, se os está vacinando e os mantendo vermifugados? Já parou para observar seu comportamento, a maneira como viram o lixo na rua e correm na frente dos carros? Pois bem, estes animais inocentes podem ser transmissores de zoonoses. Zoonoses são doenças típicas de animais que podem ser transmitidas para os seres humanos ou vice-versa. Estas doenças são causadas por vermes parasitas, fungos, vírus ou bactérias, e os cães e gatos, juntamente com morcegos, ratos, aves e insetos são os principais transmissores. Dentre as zoonoses mais comuns, pode-se destacar a raiva (hidrofobia), a hantavirose, a leptospirose, a Leischmaniose, a peste bubônica, a toxoplasmose, a psitacose, a histoplasmose, o bicho-geográfico, entre outras. Os modos de transmissão vão desde o contato direto com o animal como também do contato indireto, através de água ou hortaliças contaminadas com fezes ou urina, por exemplo, ou ainda através de um vetor (em geral um mosquito ou pulga).

 

  O perigo esta proximo, abandonado na rua! (rubens)

Animais de companhia são abandonados nas ruas, onde se reproduzem e aumentam o problema das zoonoses. Todos são responsáveis e devem incentivar a posse responsável. Fotos: World Wide Web.

 

Não é brincadeira!

Várias destas doenças são fatais, especialmente por terem sintomas confundidos com os de uma gripe comum. O tempo de incubação (tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas) pode ser longo, dificultando também o diagnóstico, pois o paciente pode … Leia mais

Conservação da Biodiversidade em Minas Gerais

Jaqueline Dias Pereira

As Unidades de Conservação ou “UCs” dividem-se em várias categorias, dentre elas: Estação Ecológica Reserva Biológica, Parques, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. O Estado de Minas Gerais conta com várias UCs e o órgão responsável por essas unidades é o Instituto Estadual de Florestas (IEF). Segundo o IEF, as UCs são importantes para a conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros, pois criam instrumentos legais para o estabelecimento de medidas de manejo e fiscalização. Elas contribuem significativamente à preservação de espécies ameaçadas de extinção, preservação dos recursos hídricos (nascentes, rios, cachoeiras), valores culturais, históricos e arqueológicos, além de promoverem estudos e pesquisas científicas, educação ambiental e turismo ecológico.

Dentre as várias unidades administradas pelo IEF, destacam-se os Parques Estaduais, como o Ibitipoca, Itacolomi, Rio Doce, Nova Baden, Serra do Brigadeiro, Rola-Moca e outros. Destaco aqui o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), localizado na região da Zona da Mata de Minas Gerais, ocupando uma área de 14.984 hectares no extremo norte da Serra da Mantiqueira, abrangendo os municípios de Araponga, Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Pedra Bonita, Muriaé e Divino. Neste local predominam montanhas, vales, chapadas, encostas, além de diversos cursos d’água e da Mata Atlântica.  O PESB é uma das áreas prioritárias para conservação no estado de Minas Gerais. Nele ocorrem extensas áreas cuja flora ainda é pouco conhecida, assim como ocorrem em várias outras áreas do território nacional.

Vale destacar, no PESB, a Trilha do Muriqui, conhecida por abrigar várias populações destes primatas, pertencentes … Leia mais

Presente ontem, hoje e certamente amanhã

Susana Johann

 

Na sua definição mais ampla, a biotecnologia é uma área multidisciplinar que utiliza princípios científicos de diversas ciências (como a microbiologia, bioquímica, genética, engenharia química, entre outras) para o processamento de materiais por agentes biológicos (microrganismos, células, moléculas) com várias contribuições à sociedade.

Benditos micro-organismos.

Durante milhares de anos a biotecnologia tem sido utilizada para a produção de variados bens alimentar, tais como pão, queijo, vinhos e outros produtos fermentados. Nestes processos de manufatura a flora microbiana natural atuava espontaneamente, obtendo-se produtos fermentados com características diferentes.

 

Presente ontem, hoje e certamente amanhã (Susana)

A cerveja é conhecida dos Egípcios já milhares de anos, e é um ícone dos produtos biotecnológicos.

Futuro da ciência

Com o conhecimento da estrutura do material genético (DNA ou ácido desoxirribonucleico) e seu correspondente código genético, a partir dos anos 70, tem-se uma nova fase da biotecnologia, que trata da transferência de genes entre espécies, resultando nas plantas geneticamente manipuladas, também denominadas transgênicas ou OGM (organismo geneticamente modificado). Através da manipulação dos genes é possível direcionar os mecanismos da célula viva para fins específicos, tornando possível uma célula fazer algo para o qual ela não estava programada.

Os benefícios são irrestritos

O uso das ferramentas da biotecnologia tem produzido uma riqueza de conhecimento em diversas áreas. O impacto dela pode ser sentido em diversos setores. No setor agrícola observa-se a produção de adubo composto, pesticidas, silagem, mudas de plantas ou de árvores, plantas transgênicas, e na pecuária a produção de embriões, etc. Na indústria de alimentos a biotecnologia nos fornece … Leia mais