O aquecimento global e seus impactos nos recifes de corais

Há anos as pesquisas científicas nos demonstram que a Terra passa por períodos cíclicos de aumento e diminuição de temperatura. Nos últimos 100 anos, o clima de nosso planeta esquentou e, a cada ano que passa, é notável o aumento na temperatura. Entretanto, ainda existem grupos que neguem o aquecimento global.

Diversas pesquisas relatam os efeitos das mudanças ambientais como um todo. O grande problema que enfrentamos é o negacionismo científico, onde grandes grupos tendem a tentar derrubar a explicação do aquecimento global. O que falta-lhes entender é que este é um processo natural, e que está sendo acelerado pelo ser humano.

Como demonstrado por Walther et al. (2002), o aumento da temperatura global traz consequências para animais e plantas, principalmente quando se trata do tempo de geração. Na Europa e na América do Norte foram publicados alguns estudos desde os anos 1960 que demonstram algumas mudanças, como a chegada precoce de aves migratórias em certas regiões, o aparecimento antecipado das mariposas na primavera e até a antecipação da desova de alguns anfíbios. Além disso, a invasão de algumas espécies tem sido correlacionada com o aquecimento global, já que este é responsável por mudanças na biota local, permitindo com que espécies adjacentes invadam áreas anteriormente dominadas por outras.

Um dos ecossistemas mais afetados pela mudança ambiental na temperatura é o marinho. Isso acontece porque este fenômeno está diretamente ligado com a acidificação dos oceanos, que afeta diversos seres vivos. A acidificação ocorre por conta do aumento da quantidade de CO2 na atmosfera, que é uma das prováveis causas do aquecimento global. Estima-se que 25% de todo o CO2 atmosférico atual provenha de intervenções humanas. Este gás, ao entrar em contato com os oceanos, forma ácido carbônico, que causa a acidificação. Os recifes de corais são extremamente importantes economicamente, representam uma porção muito diversa dos organismos marinhos e são diretamente afetados pelos efeitos citados, visto que estes reduzem a disponibilidade de carbonatos aos sistemas biológicos.

Um estudo demonstrou que mesmo dobrando a quantidade de carbono encontrada na atmosfera na era pré-industrial, haveria uma redução correspondente a mais de 40% na calcificação dos corais, ao inibir a formação da aragonita (que é a principal forma cristalina depositada nos corais no processo conhecido como embranquecimento dos corais). Isso nos mostra que a quantidade de carbono que estamos convivendo na atmosfera é muito mais alta do que o dobro do que tínhamos na era industrial.

Outro grande problema do aquecimento global é o efeito estufa, que acelera esse processo mais ainda. Este efeito é natural, inclusive extremamente importante para a vida, mas vem sendo acelerado pela ação humana. Nosso papel atual é tentar reverter este processo de aquecimento, ou pelo menos freia-lo enquanto há tempo.

Francisco de M. C. Sassi é graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba e estagiário do Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva.

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