O planeta terra é cheio de formas de vida adaptadas a quase todos os ambientes e modos de sobrevivência. Isso não é só de agora, afinal, a vida apareceu pela primeira vez na Terra há pelo menos 3,5 bilhões de anos atrás, onde era predominantemente microscópica durante os primeiros 3 bilhões de anos mas segue sobrevivendo desde então.
Há cerca de 575 Milhões de anos atrás, no final do Proterozóico, surgiram no planeta grandes organismos com formatos complexos totalmente diferentes dos que existem hoje, com formato de discos, tubos e até folhas. Esse grande grupo de organismos chamados de biota ediacariana, já foi considerado como sendo de águas-vivas, vermes marinhos, artrópodes, fungos e até plantas. Alguns paleontologistas sugerem que estes organismos representam linhagens completamente extintas que não se assemelham a nenhum ser vivo atual, onde poderia até ser pertencer a reinos extintos diferentes dos atuais.
Todos os fósseis ediacarianos, assim chamados, pois foram encontrados pela primeira vez numa região da Ediacara na Austrália, eram mais semelhantes entre si do que com qualquer outro animal vivo da história. Suas características indicam que a maioria desses organismos estava fixa no fundo do mar, com alguns móveis pelo oceano onde se alimentavam de material em suspensão na água. Mais ou menos como as esponjas e outros filtradores marinhos fazem.
Os fósseis de Ediacara apresentavam quase que exclusivamente organismos de corpo mole, sendo criaturas delicadas que foram preservadas sob (ou raramente dentro de) leitos de areia ou cinzas vulcânicas. Geralmente esses fósseis exibem alto relevo e carece de carbonização ou mineralização, o que indica que eram organismos de corpo mole, porém, extremamente rígidos. Suas impressões fósseis eram deixadas quando as cinzas vulcânicas ou sedimentos depositados por tempestades cobriam instantaneamente os organismos e colônias, onde ficavam aprisionados contra a lama ou tapetes microbianos, deixando assim camadas de marcas conservadas entre as eras.
Os Ediacarianos eram muito diversos e foram agrupados em três tipos principais de acordo com o nome de onde eram encontrados. Algumas superfícies fósseis ediacaranas possuíam densidades de 3.000 a 4.000 indivíduos por metro quadrado, comparáveis aos ecossistemas marinhos modernos mais produtivos atualmente. Esses grupos eram: Avalon, o mais antigo, encontrado apenas em ambientes vulcânicos e de águas muito profundas; Mar Branco, que viviam em ambientes de águas pouco profundas; e Nama que viviam em ambos ambientes.
A biota Ediacara desapareceu de repente há 542 milhões de anos, provavelmente como consequência de uma extinção em massa. Essa extinção pode ter ocorrido devido ao surgimento de predadores, já que a maioria dos organismos era imóvel e sem esqueleto onde eram facilmente predados, ou pela mudança de condições do planeta, onde suas populações não conseguiram se adaptar.
O que pode ter acontecido com esse grupo tão diverso de organismos, envolto em mistérios, desde sua ascensão até sua queda na história da vida? Esse é um grande mistério para os paleontólogos, já que as comunidades fósseis primitivas desapareceram do registro no final do Proterozóico, onde a biota Cambriana, totalmente nova, substituiu completamente os organismos de Ediacara.
Nikolas Daves dos Santos cursa Ciências Biológicas na Universidade Federal de Viçosa.
Referências: NARBONNE, Guy M. The Ediacara biota: Neoproterozoic origin of animals and their ecosystems. Annu. Rev. Earth Planet. Sci., v. 33, p. 421-442, 2005.