O planeta Terra depois da vida

Os ecossistemas do planeta Terra às vezes parecem engrenagens perfeitas que trabalham em conjunto para que toda forma de vida possa continuar existindo. Mas como é possível que o tudo funcione tão bem e abrigue essa enorme diversidade que conhecemos? Os seres vivos são influenciados pelas mudanças do ambiente, entretanto, pode-se afirmar que o ambiente também é modificado pelos seres vivos.

Já se perguntou por que o oceano é salgado? Apesar de muitos outros elementos serem bem abundantes na Terra antes de haverem formas de vida, existem elementos como o cálcio que é aproveitado por determinados organismos para produzir carapaças calcárias, conchas, ossos, placas ósseas e até em processos metabólicos vitais. Basicamente, é possível afirmar que os compostos utilizados pelos organismos de um ambiente, influenciam na disponibilidade desse composto naquele lugar. Pensando assim é fácil compreender que o cloreto de sódio, um dos responsáveis por “salgar” os mares, não possui muita utilidade metabólica para os seres vivos em sua forma bruta. Por não ser tão utilizado, encontra-se em maior quantidade no ambiente.

A forma com a qual um ambiente é habitado pelos seres vivos também molda o planeta. Se pensarmos em um relevo inclinado, sem nenhum tipo de vegetação, a chuva escoa forte pelo lugar, levando parte do solo que dá aquela forma. Se fizermos um comparativo com outro cenário em que o relevo íngreme possui diversas árvores, com raízes profundas e bem ramificadas, a chuva escoará devagar e levará mais tempo para que ela modifique o relevo. Isso ocorre porque a vegetação, além de utilizar grande parte da água recebida pelo solo, também gera certo amortecimento do impacto da chuva no solo, barrando o escoamento que seria bem mais intenso no cenário em que as plantas não aparecem.

As camadas de solo podem ser divididas em diferentes categorias, sendo que as mais superficiais, ou seja, as que são habitadas por seres vivos, possuem aspecto físico e químico bem diferente das camadas mais profundas. É interessante que as mudanças, causadas no ambiente por influência dos organismos, acontece o tempo todo e tem efeito em escala de milhões de anos.

A presença de petróleo em camadas mais profundas da crosta terrestre, por exemplo, é mais uma prova de que a biota modifica a geografia. O petróleo é resultado da decomposição de matéria orgânica em milhares de anos, com ação de bactérias. Se não existisse vida no planeta, essa camada de petróleo não existiria. A atmosfera terrestre também sofreu modificações devido às formas de vida que surgiram com o tempo. Boa parte dos organismos hoje utiliza oxigênio durante a respiração, mas nem sempre foi assim.

Os ciclos dos elementos incluem a participação do elemento no metabolismo dos seres vivos, um exemplo bem claro é todo o processo de fotossíntese durante o qual o gás carbônico é consumido enquanto o oxigênio é liberado. Basta observar o aumento de gases do efeito estufa por ação dos humanos para concluir que o papel da vida na Terra é importante na evolução do planeta.

Existem eventos que são chamados de extinções em massa, em poucas palavras, significa a extinção de várias espécies diferentes em escala global. Conclui-se, através de análise do registro fóssil, que durante a história da vida a presença de determinados organismos em um ambiente causou a extinção de outra espécie. Na atualidade acredita-se que os seres humanos sejam responsáveis por dar o pontapé inicial para uma sexta extinção em massa, já que os gases lançados na atmosfera com queima de combustível fóssil, levam à mudanças climáticas que prejudicam a sobrevivência de muitos outros seres vivos. Entender o papel dos seres vivos nas formações dos ambientes presentes na Terra é importante nos estudos de paleontologia, geografia e evolução, mas o conhecimento vai além e vale como importante lembrete de que nossas ações no presente é que define qual é o futuro do mundo onde as próximas gerações viverão.

Fonte: https://blogdoenem.com.br/biologia-enem-ciclos/

Letícia Fainé Gomes cursa Ciências Biológicas na Universidade Federal de Viçosa.

Referências: Gross, M. 2015, How life shaped Earth.

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