IRRADIAÇÃO EM ALIMENTOS COMO FORMA DE CONTROLE BIOLÓGICO

Em algum momento você já deve ter ouvido falar que a radiação faz mal à saúde, certo? Mas você sabia que ela é amplamente empregada na indústria de alimentos? Provavelmente você já consumiu inúmeros produtos tratados por irradiação. Um bom exemplo é o famoso Miojo ou macarrão instantâneo, bem como algumas carnes, especiarias, frutas e hortaliças. A radiação é utilizada com o objetivo de destruir os microrganismos presentes nos alimentos, sendo importante destacar que os alimentos submetidos a esta técnica não se tornam radioativos.

Existem basicamente dois tipos de radiação: Radiação não ionizante e Radiação ionizante (raios gama, raios X ou feixe de elétrons). Este segundo tipo é empregado na indústria de alimentos por possuir capacidade de reduzir elétrons do produto, a qual é aplicada. O alimento é exposto por um determinado tempo à radiação, e sua absorção consiste na absorção da radiação pela água ou moléculas dos alimentos, promovendo a destruição dos microrganismos prejudiciais à saúde, como por exemplo, Salmonella sp., Campylobacter sp., fungos, vírus, entre outros, causando perdas quase que imperceptíveis na qualidade do alimento. A irradiação também é utilizada para retardar o brotamento de tubérculos, como as batatas, assim como o amadure- cimento de legumes e frutas, devido à inativação ou destruição das enzimas responsáveis por estes processos. Os alimentos podem ser irradiados a granel e dentro de suas embalagens evitando a contaminação dos alimentos, já que este não tem contato com o ar.

A NASA (Agência Espacial Americana) utiliza irradiação para suas missões espaciais em diversos alimentos, como o peito de frango, que são armazenados em embalagens apropriadas, mantendo suas características nutricionais e sensoriais por um longo período. Apesar de suas vantagens, ela é pouco utilizada no Brasil, pois se vê um grande preconceito por parte da população, devido ao acidente em Chernobyl situado na Ucrânia, como também no Japão em Fukushima, e o fim da segunda guerra com a explosão das bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki. No Brasil o acidente mais marcante provocado pela radiação foi o de Césio-137 em Goiânia. Ironicamente, o Césio-137 e o Cobalto-60 são os elementos radioativos mais utilizados pelas indústrias de alimentos.

A radiação em alimentos pode ainda ter algumas desvantagens, como por exemplo: o alto custo em sua implementação nas fábricas, mão de obra qualificada, bem como alguns alimentos não podem ser irradiados e alguns microrganismos são resistentes à radiação. Apesar da radiação utilizada na indústria de ali- mentos ser a irradiante, ou seja, a que causa a destruição das células, ela não deixa os alimentos contaminados por radiação, sendo assim, não transmitido para o ser humano quando for consumido, pois estes apenas entram em contato por curtos períodos e em baixas cargas.

Assim como qualquer outro método, a irradiação não está imune aos erros humanos, podendo ocasionar acidentes, mas esta técnica apresenta grandes vantagens para a humanidade, já que grande parte da produção de alimentos é perdida devido a presença de microrganismos nocivos à saúde humana.

O Universo da Engenharia de Alimentos: O uso da radiação na conservação de alimentos (uniengenhariadealimentos.blogspot.com

Rafael Augusto Silva Soares é graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba

Joyce Anna de Souza é graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba

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