Boa para o produtor, melhor ainda para o consumidor

 Sydney Antonio Frehner Kavalco.

 

A aveia branca (Avena sativa L.) é uma das espécies mais antigas cultivadas pelo homem e seus grãos são utilizados para alimentação humana e animal, apresentando um balanceamento de aminoácidos, vitaminas, minerais e carboidratos de alta qualidade. É uma planta exótica, de origem européia, introduzida no Rio Grande do Sul e disseminada para os outros Estados da região sul, sudeste e centro oeste do Brasil. É possível cultivá-la em uma grande variedade de solos, mas é preferível que seja em solos argilosos, sem acúmulo de água. Solos arenosos sem Potássio limitam seu cultivo, pois a Aveia Branca é menos resistente a doenças como a ferrugem da folha e do colmo se comparada a Aveia Preta. É capaz de suportar baixas temperaturas e por apresentar baixa tolerância à umidade é mais bem adaptada a regiões de altas altitudes. Seu plantio deve ser realizado de março a junho. O preparo do solo pode ser de forma convencional ou em plantio direto. Gradativamente ela vem ocupando espaço como pasto de inverno, feno, ensilado, como adubo verde e como cobertura morta no plantio direto, além de sua palhada exercer efeito alelopático sobre a geminação de sementes de capim-marmelada.

A aveia é um cereal altamente nutritivo, considerada um alimento funcional, pois além de ser fonte de carboidratos, vitaminas e minerais, é rica em fibras. Uma das mais importantes é uma fibra solúvel chamada de beta-glucana, responsável por parte das vantagens nutricionais proporcionadas pelo consumo da aveia, como o bom funcionamento intestinal, a diminuição do colesterol total e do LDL, e também no controle da pressão arterial e da glicemia. Para os que desejam emagrecer, a aveia também é um excelente alimento para saciedade, pois retarda o esvaziamento gástrico, controlando melhor o apetite. A beta-glucana, assim como as fibras em geral, não é digerida pelas nossas enzimas e não é, portanto, absorvida. Permanecendo no intestino, devido à sua solubilidade, incorpora bastante água em sua estrutura e forma um gel viscoso característico. Este gel interfere na absorção de nutrientes, do colesterol e de carboidratos. Esta ação é fortemente apoiada por estudos científicos, que relacionam a ingestão da beta-glucana a uma efetiva diminuição da quantidade de colesterol total circulante no organismo e também da fração que circula nas LDLs (Lipoproteínas de Baixa Densidade). Ou seja, comer aveia ajuda a controlar os níveis de “colesterol ruim” no organismo. O farelo de aveia é a porção que tem maior concentração desta fibra. Em segundo lugar vêm os flocos e por último a farinha. O FDA (Food and Drug Admistration), agência americana que regula produtos agrícolas, entre outros, recomenda o consumo diário de 3g de beta-glucana de aveia, que equivalem a três colheres de sopa de farelo de aveia (40g) ou quatro da farinha de aveia (60g). A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2005, reconheceu que a beta-glucana de aveia auxilia na redução da absorção de colesterol, mas alerta que seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e a hábitos de vida saudáveis. Vários são os programas de melhoramento genético da aveia no país, organizados em uma Comissão de Pesquisa da Aveia. Tais programas têm oferecido ao mercado genótipos mais adaptados e produtivos, além de promover o aperfeiçoamento de caracteres como peso do hectolitro, massa média de grãos, índice de colheita, número de grãos por panícula, estatura da planta, tolerância ao alumínio, tolerância ao frio e a geada, resistência e tolerância a doenças, entre outros fatores de interesse agronômico. Atualmente, em virtude da potencialidade do seu uso na alimentação humana, existe uma grande demanda por cultivares que apresentem uma elevada qualidade nutricional, com um bom rendimento industrial, aliado a altos teores de beta-glicana no grão, agregando valor às sementes utilizadas na indústria, e consequentemente, aumentando a renda do produtor rural. A produção de aveia tem perspectivas de ser um interessante negócio para o agricultor, mas certamente, quem sai ganhando com sua produção é o consumidor.

 

Sydney Antonio Frehner Kavalco é engenheiro agrônomo, mestrando em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas.


Como citar esse documento:

Kavalco, S.A.F (2010). Boa para o produtor, melhor ainda para o consumidor. Folha biológica 1 (3): 3

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