A evolução do voo e a origem das aves

O Planeta Terra como conhecemos hoje, passou por diversas mudanças ao longo dos milhares de anos para se tornar habitável. Como exemplo disso, temos as eras de gelo e as extinções em massa. Além disso, foram necessários alguns milhares de anos, e a ação de seres vivos como as bactérias, para que o oxigênio se tornasse presente na Terra, permitindo o início da expansão da diversidade no planeta. Isso foi um ponto positivo para que plantas terrestres se estabilizassem no ambiente, aumentando o oxigênio disponível, e permitindo que a “vida” saísse da água para colonizar o ambiente terrestre.

Dentre os animais que conseguiram se adaptar em um determinado momento da história na Terra, antes de serem extintos, podemos citar os dinossauros. Como sabemos, existiram várias espécies destes, algumas delas carnívoras, herbívoras, com um tamanho corporal maior ou com tamanho reduzido, e, em especial, as que utilizavam as quatro pernas (tetrápodes) e aquelas que só utilizavam duas (terópodes).

Um exemplo terópode é a espécie Microraptor zhaoianus, que apresentava penas por todo o corpo. Era uma espécie carnívora, sendo um dos menores dinossauros que já viveram na Terra, e que demonstram uma estreita relação evolutiva entre as aves e dinossauros, já que possuía longas penas em suas patas e cauda.

A origem das aves ainda é algo muito debatido no mundo acadêmico, e a teoria mais aceita é a de que as essas teriam evoluído a partir de pequenos e ágeis dinossauros terópodes, que com os milhões de anos adquiriram as penas e só depois aprenderam a voar. Em relação ao surgimento das penas, nos dinossauros terópodes, acredita-se que, em um primeiro momento, não surgiram para o voo propriamente dito, e sim com uma função metabólica, como a regulação da temperatura corporal para manter o corpo aquecido. Uma curiosidade sobre as penas, é que elas são distribuídas assimetricamente no corpo dos animais, o que é muito importante nas asas que possuem a função de voo, pois permite uma maior estabilidade do mesmo.

Quanto à origem do voo nos ancestrais das aves, duas teorias tentam buscar explicações. A primeira é a teoria arborícola, ou top-down (de cima pra baixo), que considera que os ancestrais das aves viviam no topo das árvores, e dessa forma pulavam de galho em galho entre elas. Além disso, aqueles que conseguissem se descolocar mais teriam uma vantagem na hora de fugir de predadores ou mesmo na busca por alimento, e, os que possuíssem uma maior força e habilidade na hora de planar teriam um sucesso relativamente maior. Um exemplo é o próprio Microraptor, onde a partir de experimentos em laboratório, tentando reproduzir como era o voo nessa espécie, viram que, por ser um animal escalador, saltava em busca de suas presas. Outra inferência com o estudo foi o fato de que esses indivíduos conseguiam alcançar distâncias maiores caso pulassem de perna fechada em relação à perna aberta.

A segunda é a teoria terrícola, ou bottom-up (de baixo pra cima), onde afirma que os ancestrais das aves eram na verdade corredores bípedes, e começaram a voar correndo ou se impulsionando do solo. Isso pode ter sido tanto para que conseguissem dar pequenos e rápidos saltos para escapar de predadores, ou mesmo para dar saltos sobre suas presas, utilizando suas asas primitivas para capturá-las contra o solo ou apenas derrubá-las no chão.

Portanto, embora ainda existam lacunas quanto à origem e evolução das aves, principalmente devido ao registro fóssil desse grupo não ser completo, a partir dessas informações, é possível obter uma compreensão razoável sobre o assunto. Espera-se que através de mais descobertas fósseis seja possível o esclarecimento sobre a origem desse grupo que tanto é debatido.

Elisa Gabriella Martins, Bacharela em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba.

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