Você provavelmente já ouviu falar que, ao colocar um fruto dentro de uma sacola plástica e em um local quente, ele amadurece mais rápido. Isso já se tornou um conhecimento popular, mas você sabe qual a explicação para isso? E qual o motivo disso não acontecer com todos os frutos?
Há uma classificação dos frutos de acordo com seu amadurecimento: frutos climatéricos e os frutos não climatéricos. Basicamente, os frutos climatéricos são aqueles capazes de amadurecer mesmo após colhidos, já os não-climatéricos não amadurecem após colhidos.
O amadurecimento dos frutos se dá, entre outras condições, pela ação dos hormônios vegetais, ou
fitormônios. O fitormônio que atua no amadurecimento dos frutos é o etileno (C2H4), um hormônio vegetal gasoso.
Então, a resposta para a pergunta inicial é simples: os frutos climatéricos produzem muito etileno no pós-colheita, enquanto que os não-climatéricos apresentam produção baixa de etileno após serem retirados do pé. Por isso, quando guardamos frutos em ambientes fechados e mais aquecidos, a tendência é que eles amadureçam muito rápido, pois o etileno gasoso fica concentrado junto ao fruto e, ao invés de ser liberado para atmosfera. As altas concentrações de etileno junto aos frutos potencializam a ação do hormônio, acelerando o amadurecimento.
O etileno age nas células dos frutos e gera as mudanças que estamos acostumados a ver durante o amadurecimento de frutos: mudança de uma coloração verde para cores mais chamativas (degradação da clorofila); mudança de uma textura endurecida para uma consistência mais mole (modificações da parede celular); mudança de sabores amargos e adstringentes para sabores mais adocicados (produção de açúcares, como a frutose e a glicose).
Vale lembrar que o etileno é produzido não só pelas plantas, mas também por outros organismos, como bactérias, algas e fungos. Assim, frutos que apodrecem por ataques de microrganismos podem acelerar o amadurecimento de outros frutos próximos.
Figura 1. Esquematização da produção e liberação de etileno. Fonte: Arquivo pessoal dos autores (2022).
João Victor de Sousa Lima é graduando em Engenharia Florestal na Universidade Federal de Goiás (UFG), membro do Grupos de Frutíferas do Cerrado (Gefruce) e da Liga Acadêmica de Biodiversidade Vegetal e Interações (LABIVI);
Sarah Magalhães Dias é graduanda em Engenharia Florestal na Universidade Federal de Goiás (UFG), membra do Grupos de Frutíferas do Cerrado (Gefruce) e da Liga Acadêmica de Biodiversidade Vegetal e
Interações (LABIVI).