A preservação começa com a conscientização

Willian Lopes Silva

 

Quando se trata de Conservação da Biodiversidade, um dos grandes problemas que enfrentamos hoje é encontrar uma forma de mudar o foco do homem, de uma visão exploradora para uma visão de sustentabilidade. A consciência humana precisa ser voltada para o mundo não humano. Assim como compreendemos facilmente que nós o “dominamos” e dele usufruímos para nossa sobrevivência, devemos nos ver como seus protetores. É preciso que nos vejamos como promotores da sustentabilidade, vivendo em harmonia no planeta e sobrevivendo com os recursos que dele precisamos. Hoje, desmatar uma área para plantio, botar fogo em uma pastagem, usar excessiva quantidade de agrotóxicos nas lavouras, jogar dejetos nos rios, não são vistos como um atentado à humanidade. A maioria pensa apenas em lucrar e expandir o mercado, esquecendo que a cobertura vegetal e a biodiversidade animal são uma garantia de vida para seus descendentes.

Ecologicamente falando, apenas uma espécie, seja animal ou vegetal, não consegue se manter viva. Existem as necessárias interações ecológicas, que possibilitam a sobrevivência de um ecossistema inteiro. Apenas nós, e algumas espécies de monoculturas, não garantiremos o futuro do planeta, visto que não é só de alimento que precisamos. Também precisamos de novos remédios, de novas fontes de nutrientes, de tantos recursos quanto podemos imaginar.

É necessária uma mudança de atitude quanto à conservação da biodiversidade. Para conseguir isso, um trabalho forte em conscientização precisa ser feito. Mas a conscientização, para ser eficiente, deve vir acompanhada de propostas realizáveis de sustentabilidade. Enquanto apenas algumas pessoas verem a conservação da biodiversidade como algo importante nada vai mudar. Isso tem de ser postulado em caráter de urgência. E não só os profissionais engajados na conservação da biodiversidade têm a obrigação de falar e fazer. Isso é do interesse de todos, economistas, biólogos, advogados, empresários, religiosos, imprensa, políticos e trabalhadores rurais. Todos vivemos em um só lugar, uma só casa: o planeta Terra.  O homem, por milhares de anos, viveu em harmonia com a natureza, retirando dela o que seria usado para seu sustento e nada mais, além disso. O fato é que a população humana no planeta nesse tempo era minoria e nem se imaginava a possibilidade de nos tornarmos sete bilhões e termos que produzir industrialmente quase tudo o que utilizamos para uma manutenção confortável da vida.

Diante disso, o nosso desafio de viver em harmonia com a natureza se tornou muito maior. E o homem demorou muito tempo para perceber isso. Mas as esperanças não foram perdidas. Grandes empresas estão nos dando exemplos de que isso é possível, aliando uma produção em massa com a sustentabilidade e a preservação da biodiversidade. Pelo menos uma empresa brasileira de cosméticos, por exemplo, oferece produtos com matéria prima proveniente de extração sustentável da Amazônia, além do uso de refis em seus produtos, diminuindo a produção de lixo. Ela promove um trabalho junto à população local, oferecendo emprego e ao mesmo tempo conservando a biodiversidade.  Muitas empresas de celulose exibem com orgulho em seus produtos que todo o material vegetal é proveniente de reflorestamentos. Atitudes como essas são seguidas por muitos outros setores de produção industrial e alimentícia. Grandes latifundiários e pequenos agricultores também se aliaram, fazendo plantios programados através da associação e rotação de cultura, conseguindo assim obter lucro e conservar a natureza ao mesmo tempo.

Já está mais que provado que não é preciso aumentar a área plantada para aumentar a produção de grãos. Temos ferramentas como o melhoramento genético a nosso favor. Portanto, é possível, seguindo estes exemplos, mudarmos nosso modo de agir.  Para conseguirmos preservar o nosso meio ambiente precisamos nos ver dentro dele, como parte dele. Uma grande mudança começa em pequenos atos. Em nossos pequenos atos de cuidar do nosso lixo, de dar preferência a produtos biologicamente corretos, enfim, estamos nos conscientizando, e espalhando uma mensagem. E é o consenso das mais diferentes pessoas da sociedade em prol dessa única causa que irá alavancar todo o mundo.

Mudar esse quadro lastimável é um dever nosso. Este pequeno texto, mesmo sendo uma gota d’água no oceano de informações que temos hoje, não se deixou subjugar, e está tentando contribuir para a busca de um mundo melhor. Contribua você também!

 

Willian Lopes Silva é acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Viçosa, campus de Rio Paranaíba e bolsista do programa de Iniciação à Extensão – PIBEX.


 

Como citar esse documento:

Silva, W.L. (2012). A preservação começa com a conscientização. Folha biológica 3. (1): 1

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