Pierre Rafael Penteado.
Você com certeza já leu ou ouviu “… espécie está em risco de extinção…”, não é mesmo?
Quando todos os indivíduos de uma espécie morrem, podemos dizer que ela está extinta. É um processo natural, esperado de acordo com a teoria da evolução biológica, uma vez que os organismos competem por recursos limitados na natureza. Desse modo, as populações adaptam-se ao longo de gerações, migram ou acabam se extinguindo. E o que é extinção em massa? Também conhecido como evento de extinção, acontecem quando o ambiente em que os organismos vivem muda bruscamente, em um curto intervalo de tempo, impedindo a adaptação dos mesmos. Alguns cientistas se referem às extinções em massa como um reset da evolução biológica. De certo modo, podemos dizer que é isso, já que as espécies extintas deixam um ambiente para ser explorado por outras espécies. Também é notável o fato de que existiram muito mais espécies (e que foram extintas) do que o total de espécies atual. Durante toda a história da vida no planeta Terra, a biodiversidade do planeta já sofreu cinco eventos de extinção!
Permiano-Triássico.
Há aproximadamente 250 milhões de anos, cerca de 60% de todos os gêneros (categoria taxonômica que pode agrupar uma ou várias espécies) viventes da foram extintos. Entre eles, estavam os trilobitas (artrópodes bastante diversificados), euriptéridos (escorpiões-marinhos) entre vários grupos que não perderam todas as espécies. Esse evento é conhecido como a grande extinção do Permiano-Triássico. Mas o que poderia ter causado tamanho efeito na biodiversidade do período? Após várias hipóteses e estudos, cientistas propuseram que não foi uma causa única: primeiramente, erupções vulcânicas gigantescas, com mais de 2 milhões de Km² num intervalo de milhares de anos, localizadas na Sibéria, Rússia, elevaram a temperatura média do planeta em aproximadamente 5°C, graças ao efeito estufa causado pelo CO2 liberado. Em seguida, o calor liberou uma grande quantidade de metano armazenada no fundo dos oceanos. Assim, o metano também contribuiu no aumento do efeito estufa, elevando a temperatura média global a 10°C no total. O efeito sobre os organismos produtores nos oceanos foi devastador, e toda a teia alimentar sofreu com isso.
Fim do Cretáceo.
Depois de se recuperar, outras extinções abalaram a biodiversidade da Terra. Os dinossauros, por exemplo, dominaram o meio terrestre do planeta por mais de 130 milhões de anos, até serem extintos no final período Cretáceo, há 65 milhões de anos. A hipótese mais aceita até o momento para explicar essa extinção é a colisão de um asteroide (10 Km de diâmetro) com a Terra, na península de Yucatán, no México. O impacto teria levantado poeira suficiente para prejudicar a absorção da luz solar pelas plantas, comprometendo parte da teia alimentar, incluindo os dinossauros. Entretanto, vários grupos conseguiram sobreviver, incluindo os ancestrais das aves, e os nossos obviamente.
Atualmente, fala-se sobre o que seria a 6ª extinção em massa do planeta, com o desaparecimento de inúmeras espécies, causada pelo homem. Mas isso é assunto para outra ocasião.
Pierre Rafael Penteado é biólogo e mestre em Biologia Animal pela UFV. Atualmente é professor temporário na Universidade Federal de Viçosa, campus de Rio Paranaíba. Atua na área de genética animal.
Como citar esse documento:
Penteado, P.R. (2012). Extinções: ciclos de vida e morte. Folha biológica 3. (1): 3