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Sequestro de Carbono

Silvana da Costa Ferreira

Os impactos ambientais, ocorrentes em todo o planeta, aumentaram consideravelmente durante as últimas décadas do século passado. As emissões poluentes na atmosfera são feitas por todos os países do mundo e o gás dióxido de carbono (CO2), um dos compostos lançados na atmosfera, é produzido em todas as partes do planeta, principalmente pela queima de combustíveis derivados

do petróleo e pela produção de cimento que totalizam 75% das emissões. Os processos de uso da terra, sobretudo os desmatamentos e as queimadas, são responsáveis por grande parte dos 25% restantes.

Porém quando pensamos no título desse artigo, surge a pergunta: sequestro de carbono, como assim? Quem sequestrou o carbono? Na verdade o sequestro de carbono refere-se a processos de absorção e armazenamento de CO2 atmosférico, com intenção de minimizar seus impactos no ambiente, já que se trata de um gás de efeito estufa (GEE). A finalidade desse processo é conter e reverter o acúmulo de CO2 atmosférico, visando a diminuição do efeito estufa. Este processo ocorre principalmente em oceanos, florestas e outros locais onde os organismos por meio de fotossíntese, capturam o carbono e lançam oxigênio na atmosfera. Trata-se de uma captura e estocagem segura do CO2, evitando, deste modo, sua emissão e permanência na atmosfera terrestre.

A forma mais comum de sequestro de carbono é naturalmente realizada pelas florestas. Na fase de crescimento, as árvores demandam uma quantidade muito grande de carbono para se desenvolver e acabam retirando parte do gás carbônico do ar. Esse processo Leia mais

O que acontece com as espécies quando o clima muda?

Rúbia Santos Fonseca

Em ecologia denominamos comunidade como o conjunto de espécies que interagem entre si em uma área. Cada espécie apresenta um número diferente de indivíduos, por isso na comunidade algumas espécies são raras (com poucos indivíduos) e outras comuns (muitos indivíduos). A presença das espécies em um local, assim como a sua abundância, está relacionada a diversas características essenciais para sua sobrevivência, tais como precipitação, temperatura e recursos do ambiente. Muitas espécies apresentam distribuição restrita a uma pequena região, enquanto outras ocorrem sobre boa parte da superfície terrestre. Esses diferentes padrões de distribuição são relacionados às exigências de cada espécie para a sua sobrevivência, que é o nicho dessa espécie; e quanto mais exigente for a espécie, menos lugares aptos à ocupação ela terá.

Em função da relação das espécies com o clima, mudanças climáticas podem tornar o ambiente em que uma espécie ocorre inapropriado para a sua permanência, e a espécie pode ser extinta ou pode buscar outros locais com condições ideais para a sua sobre vivência. Esse fenômeno, denominado migração, já ocorreu muitas vezes durante o tempo em que a vida é registrada na Terra, nos períodos glaciais e interglaciais. Nos períodos glaciais as espécies das regiões temperadas deslocaram-se para a zona tropical, enquanto as espécies típicas da zona tropical ficaram restritas a pequenos refúgios climáticos. Nos períodos interglaciais, as espécies das regiões

temperadas retornaram para as suas áreas de origem, enquanto os refúgios tropicais se expandiram por toda a zona tropical, formando o padrão de Leia mais

Novo Código Florestal : dilema entre produção e preservação.

 Sandro Ezequiel

 

O Código Florestal brasileiro é um conjunto de normas que definem os critérios de proteção ambiental e uso sustentável dos recursos florestais.

O último código foi promulgado em 1965. A atualização dessa lei é importante frente aos novos dilemas ambientais.

No ano de 2011, a proposta de atualização avançou no Congresso Nacional, onde ocorrem vários debates entre ruralistas e ambientalistas. Os meios de comunicação e os movimentos soci-ais se mobilizaram para apresentar à sociedade as novas propostas que somente recentemente tiveram a aprovação definitiva.

 

Áreas de Preservação Permanentes

 

Dentre as normas dispostas no Código Florestal estão as Áreas de Preservação Permanente, as chamadas (APP´s), que protegem topos de morros, veredas e nascentes.

As APP´s são fundamentais para conservar e proteger as áreas de recarga das nascentes, aumentando a infiltração da água no solo. Elas ainda garantem a qualidade das águas, mantendo a perenidade dos rios, de modo a diminuir o assoreamento e evitar grandes enchentes. Essas áreas devem ser conservadas com vegetação nativa.

 

Reserva Legal

 

Outro termo disposto no código é a área de Reserva Legal (RL), que é uma área dentro da propriedade destinada a preservação da flora e da fauna.

Cada propriedade tem que possuir no mínimo 20% de área destinada a RL. Esse percentual aumenta de acordo o bioma onde se localiza a propriedade.

 

Crescimento x produção de alimento

 

A população do planeta ultrapassou 7 bilhões e continua crescendo. Logo, é necessário aumentar a produção de alimentos, e isso … Leia mais

Mariposas causando alvoroço?

Rubens Pazza.

As mariposas salpicadas Biston betularia representam talvez a mais bem conhecida estória na biologia evolutiva. Antes da revolução industrial na Grã Bretanha, a forma mais observada destas mariposas era a clara, salpicada. A forma melânica, escura, foi identificada pela primeira vez em 1848, perto de Manchester, e aumentou em frequência até constituir mais de 90% da população de áreas poluídas em meados do século 20. Em áreas despoluídas, a forma clara ainda era comum. A partir dos anos 1970, entretanto, em decorrência de práticas conservacionistas e consequente diminuição da poluição, a frequência das formas melânicas diminuiu drasticamente, de cerca de 95% até menos de 10% em meados dos anos 90.

Desde 1890, vários trabalhos tentam explicar os fenômenos envolvidos no aumento da frequência da forma melânica, como efeito da cor sobre a eficiência térmica, indução das formas melânicas por efeitos diretos da poluição, entre outros diversos fatores atuando sozinhos ou em conjunto.  Em meados dos anos 50, Kettlewell explicou a mudança na frequência pela ação da caça visual por pássaros. A forma melânica ficava melhor camuflada no tronco de árvores em regiões poluídas, onde a fuligem matou o líquen. Por outro lado, as mariposas salpicadas ficavam melhor camufladas em áreas despoluídas.

Alguns autores, entretanto, afirmam que estas mariposas raramente permanecem no tronco das árvores durante o dia, preferindo regiões mais altas e protegidas.  Recentemente, experimentos simulando a visão dos pássaros demonstraram que os liquens efetivamente promovem uma boa camuflagem para as formas salpicadas. Alguns estudos identificaram um aumento … Leia mais

Os Peixes de Minas Gerais

Willian Lopes Silva

Patrícia Giongo

Wagner M. S. Sampaio

A América do Sul possui a mais rica fauna de peixes do mundo, e isso se deve ao fato de ela possuir os maiores sistemas fluviais. O Brasil, apresentando a maior parte desses sistemas, incorpora uma parcela significativa dessa biodiversidade. O nosso país concentra 20% de todas as espécies de peixes descritas no mundo, o que equivale, aproximadamente, a 3.000 espécies. Este número é subestimado e podem chegar até 8.000, segundo alguns especialistas. O mais importante é que uma parcela muito significativa dessa fauna é considerada endêmica, isto é, ocorre apenas em um lugar (no nosso país, neste caso). O estado de Minas Gerais apresenta aproximadamente 12% das espécies que ocorrem no Brasil.

 

Os Peixes de Minas Gerais

O assoreamento dos rios é um dos principais problemas no Estado de Minas Gerais, e falta de Mata Ripária ou Ciliar está diretamente ligada esse fenômeno.

Podemos destacar sete das 15 bacias mineiras em termos de riqueza: A bacia do rio São Francisco com 173 espécies, do rio Paranaíba com 103, do rio Grande com 88, do rio Doce com 64, do rio Paraíba do Sul com 55, do rio Mucuri com 51 e do rio Jequitinhonha com 35. As famílias de peixes com maior número de espécies descritas para Minas Gerais são a Loricariidae (sendo representada pelos populares cascudos), a Rivulidae (que possui os peixes temporários) e Characidae (que englobam os lambaris ou piabas), muitas das quais encontram-se em perigo de extinção. As principais ameaças aos … Leia mais

A Ciência da Genômica Nutricional

Sabrina Alves da Silva

 

Um gene é definido como uma sequência de DNA que contém a informação necessária para sintetizar uma molécula de RNA mensageiro, que por sua vez, irá dirigir a síntese de uma proteína; este processo é denominado expressão gênica. Existem vários meios de regular esse processo, garantindo que as proteínas sejam sintetizadas quando e o quanto forem necessárias para cada parte do corpo e esses meios estão relacionados a vários fatores, como a adaptação celular, variação do ambiente, diferenciação celular e desenvolvimento do organismo.  Algumas bactérias, por exemplo, modificam a expressão dos genes quando há presença de lactose no meio, induzindo, assim, a síntese de proteínas ligadas ao metabolismo da lactose; este processo é conhecido como Operon da lactose.  A partir destas informações, alguns cientistas se perguntaram se os nutrientes provindos da dieta poderiam ter algum efeito semelhante a esse no organismo humano. Desta dúvida surgiu um novo campo de estudo, a genômica nutricional.

 

A Ciência da Genômica Nutricional

Um questionamento recente da genômica nutricional, ciência que estuda as interações entre a nutrição e o genoma humano, é entender como os genes interagem com os nutrientes provindos da alimentação, modificando o metabolismo celular, e como os nutrientes podem regular a expressão gênica.  A nutrigenética e a nutrigenômica surgem como alternativas para se estudar e entender como funcionam os efeitos dos nutrientes em nível molecular e qual sua importância na expressão gênica.  A nutrigenômica é um ramo da genômica nutricional que estuda como os nutrientes podem influenciar na expressão dos genes e … Leia mais

Macroinvertebrados aquáticos

Nilcilene de F. Resende Souza

Quem são e qual a sua importância? 

Alterações antrópicas (produzidas pelo homem) podem resultar na perda da biodiversidade e consequentemente, na alteração da estrutura das comunidades biológicas, sendo estas bem notáveis nas comunidades aquáticas. A comunidade de invertebrados bentônicos está representada por uma grande variedade de organismos, com indivíduos de vários filos que vivem, pelo menos parte de sua vida, no fundo dos ecossistemas aquáticos. Dentre estes estão os insetos que tem se destacado tanto na riqueza como na abundância de espécies e vem amplamente sendo utilizados em estudos de monitoramento e avaliação da qualidade da água. Algumas vantagens da utilização dos destes organismos com bioindicadores da qualidade da água estão relacionadas com o ciclo de vida longo (quando comparado a outros organismos aquáticos), tamanho do corpo (relativamente grande), baixa mobilidade, fácil amostragem e de baixo custo, identificação taxonômica relativamente simples.

Além disso, estes organismos podem ser utilizados em experimentos de campo e laboratório, e podem acumular poluentes, dentre outras. Os macroinvertebrados bentônicos diferem entre si em relação à poluição orgânica, podendo ser sensíveis e intolerantes, tolerantes ou resistentes. Via de regra, se há organismos mais intolerantes ou sensíveis em dado ambiente, este pode ser considerado menos impactado. Ambientes em só são observados organismos tolerantes à poluição, ou apenas as formas mais resistentes costumam ser mais impactados.

Portanto, diante da importância da comunidade aquática no biomonitoramento ambiental, avaliação de impacto ambiental, identificação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e recuperação e manejo de … Leia mais

Extinções: ciclos de vida e morte

Pierre Rafael Penteado.

 

Você com certeza já leu ou ouviu “… espécie está em risco de extinção…”, não é mesmo? 

 

Quando todos os indivíduos de uma espécie morrem, podemos dizer que ela está extinta. É um processo natural, esperado de acordo com a teoria da evolução biológica, uma vez que os organismos competem por recursos limitados na natureza. Desse modo, as populações adaptam-se ao longo de gerações, migram ou acabam se extinguindo.  E o que é extinção em massa? Também conhecido como evento de extinção, acontecem quando o ambiente em que os organismos vivem muda bruscamente, em um curto intervalo de tempo, impedindo a adaptação dos mesmos. Alguns cientistas se referem às extinções em massa como um reset da evolução biológica.  De certo modo, podemos dizer que é isso, já que as espécies extintas deixam um ambiente para ser explorado por outras espécies. Também é notável o fato de que existiram muito mais espécies (e que foram extintas) do que o total de espécies atual. Durante toda a história da vida no planeta Terra, a biodiversidade do planeta já sofreu cinco eventos de extinção!

Permiano-Triássico.

Há aproximadamente 250 milhões de anos, cerca de 60% de todos os gêneros (categoria taxonômica que pode agrupar uma ou várias espécies) viventes da foram extintos. Entre eles, estavam os trilobitas (artrópodes bastante diversificados), euriptéridos (escorpiões-marinhos) entre vários grupos que não perderam todas as espécies.  Esse evento é conhecido como a grande extinção do Permiano-Triássico. Mas o que poderia ter causado tamanho efeito … Leia mais

Entre cobras, sapos e lagartos… E milhões de anos de evolução!

 Rodrigo de Mello

 

Certa vez, depois de dizer que participaria de um congresso de herpetologia, minhas sobrinhas – Ana Carolina e Maria Fernanda, de 11 e 8 anos – me perguntaram o que era isso. Logo depois de explicar que tal evento é uma reunião entre pessoas que estudam anfíbios e répteis, detalhando que o primeiro grupo abriga todos os sapos, rãs e pererecas, e o segundo, todos os lagartos, crocodilos, cobras e tartarugas, ouvi: “credo… cobras, sapos e lagartos!”, combinado com os rostos com feições de nojo das meninas. A reação – ou opinião— da Carol e da Fernanda é bem comum; As pessoas geralmente propagam uma imagem asquerosa, perigosa ou maléfica desses animais em desenhos animados, filmes ou lendas. Entretanto, quando vemos esses animais estudados pela herpetologia de outro prisma, começamos a ver quão interessantes eles são começando pela sua história evolutiva.

O surgimento dos primeiros anfíbios e répteis aconteceu entre 300 a 400 milhões de anos atrás, quando a Terra ainda tinha seus continentes diferentes da conformação atual; eles aparecem simultaneamente com inovações evolutivas únicas para a conquista do ambiente terrestre – um lugar até então inexplorado por qualquer vertebrado. Desde então, a herpetofauna se tornou extraordinariamente rica e diversificada, representando porção significativa da fauna de vertebrados, particularmente em ambientes áridos e tropicais, onde são os vertebrados mais abundantes. No mundo todo, são mais de 6.700 espécies de anfíbios e mais de 9.500 espécies de répteis; só no Brasil o número de anfíbios e répteis catalogados … Leia mais