Volume 14, número 2

A origem do voo dos morcegos

Os morcegos são os únicos mamíferos conhecidos que possuem a capacidade de voar, são também os vertebrados mais rápidos a realizarem o voo horizontal, e possuindo em média uma necessidade energética maior, já que possuem maior mobilidade durante seus voos.

Esses organismos têm ampla distribuição, outra característica notável desses organismos é a sua capacidade de ecolocalização. Tal característica consiste na emissão de um barulho e a interpretação do retorno que este faz, conseguindo, assim, identificar e construir um mapa tridimensional do que está ao seu redor. Mas nem todos os morcegos utilizam dos mesmos métodos, sendo divididos em dois grupos, os que se localizam por meio de barulhos gerados a partir da laringe e os que geram barulhos a partir de estalos da língua.

Um dos grandes empecilhos para o voo é o limite de peso que os organismos podem ter, havendo relatos de morcegos com mais de 1 Kg (Acerodon jubatus). As aves contornaram este problema com seus ossos pneumáticos e sacos aéreos, já os morcegos desenvolveram diversas modificações, como o afinamento dos ossos e a substituição de diversos ossos por estruturas cartilaginosas. É provável que esse grupo tenha, então, desenvolvido a capacidade de ecolocalização e de várias formas de voo de formas independentes.

Existe a teoria de que o ancestral desses grupos fosse noturno, como era comum para os mamíferos de 66 milhões de anos atrás, com membranas interdigitais bem desenvolvidas, assim como o sistema auditivo, sendo originalmente planadores e posteriormente adquirindo a capacidade de voo … Leia mais

Você sabe o que é simetria corporal e como ela surgiu?

Se algum dia você já se perguntou o porquê a espécie humana tem dois braços, duas pernas, dois olhos, duas orelhas e assim por diante, você se questionou sobre simetria corporal. Simetria corporal é basicamente a característica de possuir igualdade entre algum plano corporal. Simplificando, se traçarmos 3 linhas em um ser vivo, sendo uma delas da cabeça aos pés, outra bem no meio (digamos altura do umbigo) e a última atravessada (passando pela parte de trás do ombro esquerdo e saindo na direção do peito do lado direito, por exemplo), e esse ser vivo apresentar semelhança entre as duas partes do corpo em pelo menos uma dessas linhas imaginárias, então dizemos que este ser vivo é simétrico. Existem diferentes tipos de simetria: bilateral (ex.: humanos), radial (ex.: estrela do mar) e esférica (ex.:bactérias), e é claro, existem os seres vivos assimétricos (ex.: esponjas do mar), que não apresentam igualdade entre os lados do corpo em plano algum. Não existe uma explicação 100% aceita do porque a simetria existe nos seres vivos, mas ideias como a de aumentar a complexidade corporal, melhorar a organização celular, permitir a junção de neurônios todos no mesmo ponto (cefalização e formação de um cérebro) e adaptações aos ambientes pouco favoráveis à vida podem ser citadas.

O fato é que os planos de simetria corporal surgiram há milhões de anos atrás. Isso é tão antigo quanto à própria existência da vida pluricelular. Pesquisadores acreditam que a simetria pode ter surgido mais de uma vez ao … Leia mais

Xenohyla truncata: A perereca jardineira das florestas

A polinização é um processo que consiste no transporte de grãos de pólen entre as flores, em que o grão produzido e liberado pela antera é recebido pelo estigma, parte da flor adaptada para receber esse pólen. Por meio desse processo, ocorre a reprodução das plantas, já que, por meio do grão de pólen liberado, o gameta feminino (oosfera) é fecundado pelo gameta masculino (anterozóide), gerando uma nova planta.

Ao pensarmos em polinizadores, é comum pensarmos nas abelhas, borboletas, vespas e até mesmo em morcegos, mas nunca em anfíbios. Seria possível existir um anfíbio polinizador? Aparentemente, sim! A Xenohyla truncata, popularmente conhecida como Perereca-Comedora-de-Frutas, vive na Mata Atlântica e seu nome popular já entrega muito sobre sua dieta. A maioria dos anfíbios é carnívora, se alimentando, principalmente, de pequenos insetos. Porém, estudos de análise estomacal de espécimes de coleções herpetológicas já haviam demonstrado que a dieta da X. truncata era onívora, ou seja, essa espécie se alimentava de insetos e também de pequenos frutos, além de outras partes da planta. Porém, até então, ainda não tinham sido feitos registros desse animal se alimentando na natureza.

Animais que se alimentam de frutas são considerados dispersores, já que, ao defecar, as sementes da fruta acabam saindo junto com as fezes, podendo ser levadas para outros lugares, o que auxilia no processo de reflorestamento. Isso faz com que o “se alimentar de frutas” já seja algo inusitado para essa perereca, mas não é só … Leia mais