O primata e o cachorro, um caso antigo!

Se perguntássemos a qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, qual é o animal mais próximo do homem, certamente ouviríamos a mesma resposta: o cachorro. E não é pra menos, eles estão por toda parte: dentro da nossa própria casa, vivendo nas ruas e até mesmo trabalhando! Mas quando essa relação começou?  Foi há muitos anos, antes mesmo do homem aprender a plantar e construir cidades.
O relacionamento começou com os lobos, e era arisco e distante. Os homens os alimentavam com restos de comida, como ossos e partes não muito saborosas dos animais caçados. Mas não pense que era só porque eles tinha bom coração. De forma alguma! Eles os alimentavam porque assim os lobos ficavam próximos do acampamento, evitando que predadores se aproximassem, como ursos e grandes felinos.

Pouco a pouco essa relação foi se estreitando e aqueles lobos que eram mais dóceis e sociáveis com o ser humano, desenvolveram uma relação mais próxima. Com isso, havia cruzamento entre os lobos adotados, fazendo com que a característica de ser um animal mais dócil, fosse passada aos filhotes. Parece um pouco surreal lobos tão ferozes, sendo animais dóceis, não é mesmo? Mas basta olhar pro cachorro que temos hoje em dia, basta ver um vídeo de cachorros fofinhos na internet para confirmar essa história. E foi por meio dessa seleção que isso foi possível!

Mas como esses lobos ficaram tão diferentes como são os cães hoje em dia? Tudo graças ao advento da agricultura, criação de animais para alimento … Leia mais

Feedback sobre a utilização do Folha Biológica em atividades escolares!

A equipe do Folha Biológica está extremamente feliz e satisfeita com o feedback recebido por duas escolas estaduais de Minas Gerais! Alunos estão utilizando o jornal para trabalhos escolares, o que faz com que o Folha Biológica consiga atingir cada vez mais o seu objetivo. E o melhor ainda: os próprios alunos que tiveram a iniciativa de nos mandar a notícia sobre utilizarem o jornal! Agradecemos a dedicação de vocês e a importância que dão ao nosso trabalho de divulgação científica, qualquer ajuda nessa missão de divulgar o conhecimento científico é sempre bem-vinda!

Alunos do 8º e 9º anos, da professora Charlene Alvarenga, na Escola Estadual Professora Izaura de Oliveira Vilela, distrito de São José do Barreiro, município de São Roque de Minas, MG.

Alunos da Escola Estadual José Maria de Morais, da cidade de Barão de Cocais, MG.… Leia mais

O Retorno Dos Mamutes

Há muito tempo na Sibéria em uma época denominada Pleistoceno, cerca de 45 mil anos, o ambiente era muito rico. Embora a temperatura variasse entre 4ºC e -30º C, os céus claros que produziam muitas horas de luz solar e chuva moderada possibilitava uma vegetação abundante composta de gramíneas, ervas e vários arbustos.

Nesse local viviam alguns animais, como por exemplo os mamutes. Eles eram bem grandes, com cerca de 3,4 metros de altura, aproximadamente 6 toneladas e possuíam uma camada grossa de pelos longos, o que os tornavam bem adaptados àquele clima frio. Porém a história desses animais teve seu fim há mais ou menos 11 mil anos atrás, quando houve a última idade do gelo. Duas versões para a extinção dos mamutes são contadas. A primeira delas é que os homens que conviviam com esses animais extinguiram grupos através da caça. Já a segunda versão é sobre a mudança climática, que fez com que a vegetação existente na época mudasse, tornando difícil a existência desses bichos.

Podemos colocar essas duas explicações juntas. Com a mudança repentina do clima, o padrão de vegetação mudou em todo o mundo, levando ao desaparecimento de vários mamíferos que se alimentavam apenas de plantas e de tipos particulares desse grupo. O que antes era predominado por clima muito frio e vegetação composta por gramíneas, ervas e arbustos, deu lugar a um clima mais quente e úmido com florestas restritas a um único tipo de vegetação. Sendo assim, a maioria desses animais morreu devido … Leia mais

Nova descoberta sobre as onças-pardas: de solitárias à sociais

Leão-da-montanha, puma, suçuarana ou simplesmente onça-parda (Puma concolor)… Esse animal incrível desperta o interesse de inúmeros pesquisadores na busca da compreensão de seu comportamento. Estudos recentes demonstram que as onças-pardas são animais sociais e que vivem em grupos baseados principalmente no compartilhamento de comida, contrapondo o pensamento de cientistas passados, que as definiam como indivíduos solitários.

A discrição e a reciprocidade são duas características do comportamento social desses animais, destacando ainda mais a surpresa na descoberta. O estudo aconteceu no parque de Yellowstone (EUA), e foi feito por Mark Elbroch, cientista-chefe do programa de onças-pardas da Panthera, e colaboradores, os quais, em um primeiro momento, tinham o objetivo de observar a alimentação da espécie. A principal metodologia usada foi o uso de uma rede de armadilhas fotográficas com cerca de 1,5 mil km de extensão, a qual permitiu registrar momentos únicos do comportamento diário dos animais.

Mas e aí, como Elbroch chegou às suas conclusões? Os principais, e inesperados resultados, vieram através do contato e socialização entre duas onças-pardas após uma delas matar sua presa durante a caça e permitir que a companheira de grupo também se alimentasse. Além disso, as duas passaram cerca de um dia e meio juntas, e, análises genéticas realizadas recentemente demonstraram que existia um parentesco entre as mesmas. Outro ponto da sociedade é baseado na hierarquia, na qual fêmeas são mais propensas à se relacionar com os machos cujos territórios se sobrepõem com os delas, ao invés do relacionamento com machos de diferentes territórios. Os … Leia mais

Entendendo a modificação genética com CRISPR

Todas as células possuem DNA, sejam as células do nosso corpo, as células de plantas ou as de bactérias. Cada célula guarda informações hereditárias sobre como elas devem funcionar, o que devem produzir, e como devem se organizar. O conjunto dessas informações, cada uma escrita em genes, forma o genoma. A biotecnologia permitiu estudar de forma mais profunda esse genoma, sequenciando-o a fim de conhecer a ordem em que cada nucleotídeo (adenina, guanina, citosina e timina) aparecia ao longo da fita de DNA. Essa informação permite que agora modifiquemos os genomas de diversos organismos para obtermos produtos biológicos em prol da saúde e bem-estar humano.

Um exemplo clássico de modificação genética feita pela biotecnologia foi a produção da insulina transgênica em bactérias, para posterior comercialização para diabéticos. Essa modificação consistia em pegar a fita de DNA do organismo aceptor, no caso a bactéria, e cortá-la utilizando tesouras moleculares denominadas de enzimas de restrição. O DNA do doador, o gene para a produção de insulina da espécie humana, era então inserido na bactéria através da formação de pequenos poros em sua membrana induzidos artificialmente, e colado ao DNA aceptor através da ligase, uma enzima que atua como uma cola molecular.

Hoje é possível fazer modificações genéticas de outro modo, utilizando-se um sistema denominado CRISPR. Esse sistema foi descoberto em bactérias, e acredita-se que ele atue como um sistema de defesa nesses organismos contra genomas invasores, como os virais. Esse sistema é formado por três componentes principais: a molécula de CRISPR propriamente … Leia mais

Vinhos da Caatinga

Até o início dos anos 2000 acreditava-se que produzir uvas viníferas em ambientes secos e quentes era impossível. No entanto, recentemente em Portugal iniciou-se a produção dessas uvas na região sul, a qual possui clima semelhante ao semiárido brasileiro. Atualmente essa região é responsável pela produção de 50% dos vinhos portugueses. A Caatinga brasileira possui índices de pluviosidade muito baixos, cerca de 1100 mm/ano, sendo que em alguns meses esses índices são praticamente nulos. Este fator durante muitos anos foi considerado limitante para agropecuária do local, mas quando houve a transposição do Rio São Francisco, a produção de alimentos da indústria primária foi facilitada. Com isso, a produção de uvas viníferas surgiu na Caatinga, mais especificamente no Vale do Rio São Francisco.

A região conta com mais de 300 dias de sol por ano, facilitando o ciclo da videira, que ao invés de gerar uma safra, como no sul do país, gera até três safras anuais. Desta forma a região se tornou atualmente um grande polo exportador de vinhos de qualidade. O ciclo de vida da videira em vinícolas usuais se constitui em 8 etapas:

        – O “choro”: a planta é podada geralmente no início da primavera, para que assim perda sua seiva e renove os nutrientes perdidos no inverno;

        – Germinação: primeiras folhas brotando entre 20-30 dias após o “choro”;

        – Vegetação: crescimento vegetativo da planta;

        – Floração: início da floração se dá normalmente 8 semanas após a germinação, sendo esta etapa altamente influenciada pela temperatura e quantidade de … Leia mais

Glaciações: a vida em ciclos

Glaciações são eventos naturais nos quais o planeta Terra passa a apresentar temperaturas muito baixas e tem grande parte de sua superfície coberta por gelo. Normalmente a Glaciação acontece depois de uma série de eventos envolvendo fatores bióticos e abióticos. Por ser uma condição muito severa e relativamente rápida, a maioria dos animais morrem e a diversificação só volta a acontecer depois que o excesso de gelo derrete, fazendo o ambiente ficar mais propício à vida. Durante a história da Terra, várias vezes aconteceram eventos de glaciação. Em todas as grandes extinções em massa, pelo menos um evento de glaciação estava envolvido.

O que pode acontecer para levar a um episódio de glaciação é o aumento excessivo de indivíduos vegetais no ecossistema, deixando os níveis de CO2 muito baixos – fazendo o efeito estufa perder força – e aumentando de mais a quantidade de oxigênio na atmosfera – provocando a diminuição da temperatura. Com essa mudança brusca, muitos indivíduos acabam morrendo devido ao ambiente não estar propício, mantendo o nível de CO2 baixo.

Pode acontecer também de algum vulcão começar a expelir lavar ou gases tóxicos. Esses gases tóxicos e a cinza acabam provocando anoxia, desequilibrando o
meio e levando consequentemente à morte de muitos animais – diminuindo o nível de CO2, pois os animais não vão mais liberá-lo pela respiração. O vulcão solta também muito CO2, o que pode aumentar de mais a temperatura, matando a fauna, ou esse CO2 pode ser aprisionado nas pedras causando intemperismo, e levado … Leia mais

A conquista do ambiente terrestre pelos Vertebrados

Os primeiros Vertebrados surgiram nos oceanos, atingindo sua diversidade máxima na água salgada, assim como os peixes. De alguma maneira, o grupo deixou o ambiente aquático e conquistou o terrestre. Mas como isso foi possível?

Vamos lá, o sucesso na conquista de um novo ambiente envolve inúmeros fatores. O primeiro envolve o sistema ósseo, já que o esqueleto dos vertebrados deveria ser mais resistente, com juntas mais fortes. Nadadeiras frágeis foram substituídas por ossos rígidos, algumas costelas se modificaram em cintura escapular e pélvica, ocorrendo também alterações no crânio e pescoço. Tudo isso para sustentar o corpo fora d’água e resistir à força da gravidade e às demais exercidas pela própria locomoção animal.

O segundo se relaciona com os ossos, os quais não poderiam ser frágeis nem muito densos, já que isso os tornariam pesados demais. Assim, os animais que possuíam ossos intermediários, como os que temos hoje (com uma porção densa e uma “porosa”), se sobressaíram. Mas para sustentar um corpo, a musculatura também é essencial, já que mantém a postura e permite a locomoção e movimentação. Isso significa que todo o sistema muscular se modificou junto com o esquelético. Por fim, os feixes musculares simples que encontramos nos peixes, se ramificaram e tornaram-se mais desenvolvidos e fortes.

Tudo isso que foi dito não adiantaria de nada se não fosse possível respirar no ambiente terrestre, resultando na mudança lenta e gradual da respiração branquial para pulmonar. Acredita-se que os pulmões se desenvolveram ao longo de grandes alterações de uma … Leia mais