O Cerrado é um bioma que abriga aproximadamente 12 mil plantas catalogadas, das quais mais de 4 mil são endêmicas, ou seja, só ocorre neste bioma. Assim, tanta diversidade faz com que ele seja considerado um ‘hotspot’ global de biodiversidade. Além disso, é formado por um mosaico de vegetações, sendo descritos 11 tipos principais de vegetação para o Bioma:
- Formações florestais: Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão;
- Formações savânicas: Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda;
- Formações campestres: Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre.
A vegetação do Cerrado é influenciada por uma série de fatores ambientais, como regime de fogo, tipo de solo e de clima, cujas variações contribuem para a uma alta diversidade de espécies em sua flora. Você conhece a morfologia das árvores do cerrado? Sabia que existem adaptações morfológicas nelas? Características como sistemas subterrâneos bem desenvolvidos, isto é, raízes profundas que buscam por água (floresta invertida) e órgãos de reservas e com gemas, que permitem a rebrota após
fogo e seca prolongada, são exemplos de algumas adaptações. Como exemplos de órgãos subterrâneos, podemos citar os xilopódios (espessamento das raízes), raízes tuberosas (como cenouras e beterrabas), sistemas subterrâneos difusos e os rizóforos (caule que desenvolve ramos que crescem em direção ao solo, auxiliando na sustentação da planta).
Por outro lado, plantas do cerrado também podem ter caules aéreos espessos, com grande camada de súber (é a “casca” das plantas lenhosas), que atua como isolante térmico e impede que o calor chegue até os tecidos internos, vivos, da planta. Em geral, plantas do Cerrado possuem caules tortuosos devido à morte das gemas (formação inicial de um ramo das plantas vasculares) terminais e do desenvolvimento das gemas laterais como também pode ser uma resposta à toxicidade do solo e baixa fertilidade.
Muitas espécies sofreram adaptações em suas folhas, ou seja, possuem cutícula espessa (camada externa impregnada por cutina, de natureza lipídica, que impermeabiliza as folhas) ou são pilosas (presença de “pêlos” que protegem as plantas contra herbivoria, perda de água por transpiração e excesso da radiação solar). Algumas folhas conseguem, também, acumular alumínio, elemento muito presente nos solos do cerrado, sem que este lhe cause nenhuma toxicidade ou atrapalhe seu crescimento. São exemplos de espécies típicas do cerrado: Araticum (Annona crassiflora), Baruzeiro (Dipteryxalata), Buritizeiro (Mauritia flexuosa), (Cajuzinho-do-cerrado) (Anacardium humile), Ipês (Tabebuia spp. e Handroanthus spp.), Jatobazeiro (Hymenaea courbaril e L., Hymenaeastignocarpa), Lobeira (Solanum lycocarpum), Mangabeira (Hancornia speciosa), Pequizeiro (Caryocar brasiliense).
Sarah Magalhães Dias é graduanda em Engenharia Florestal na Universidade Federal de Goiás (UFG), membra do Grupos de Frutíferas do Cerrado (Gefruce) e da Liga Acadêmica de Biodiversidade Vegetal e Interações (LABIVI).
João Victor de Sousa Lima é graduando em Engenharia Florestal na Universidade Federal de Goiás (UFG), membro do Grupos de Frutíferas do Cerrado (Gefruce) e da da Liga
Acadêmica de Biodiversidade Vegetal e Interações (LABIVI).