Importância social e econômica da “Gueroba”

Você conhece a “gueroba”? Esse é um dos nomes populares para a planta Syagrus oleracea, pertencente à família Arecaceae Schultz. Ela também é conhecida como gueiroba, guarirova, guariroba, gariroba, gairoba, jaguaroba, catolé, pati, pati-amargosa, coqueiro-amargoso e palmito-amargoso. Essa palmeira chega a atingir 20 m de altura e o seu caule pode medir entre 15 e 30 cm de diâmetro. Possuem de 12 a 20 folhas concentradas no topo do caule, formando uma copa de 4 m de diâmetro, em média. Indivíduos dessa espécie podem viver até aproximadamente 100 anos.

Sua frutificação ocorre durante os meses de agosto a fevereiro. Muitas vezes, seus cocos são coletados após caírem no chão ou com o corte do cacho maduro. Seu plantio é tradicionalmente feito junto a áreas de cultivo de arroz, milho, feijão e abóbora, também sendo cultivada em quintais com diversas espécies medicinais e frutíferas. Por ser uma espécie com potencial ornamental, a gueroba também é utilizada em paisagismo nas propriedades rurais, em jardins e até mesmo em ruas e avenidas das cidades, sendo atrativas para muitos pássaros.

A amêndoa e a polpa do coco possuem sabor adocicado e são muito apreciadas como alimento, principalmente por crianças. A polpa do coco é rica em nutrientes, com quantidade significativa de carboidratos e a amêndoa é muito calórica, rica em fibras e proteínas. A amêndoa, ainda hoje, é usada para fazer doces, conhecido como “doce de taia” e, no passado, já foi usada para fazer óleo de cozinha. Isso é possível pois a palmeira tem grande potencial oleaginoso dos frutos. o óleo da polpa é rico em ácidos graxos insaturados, principalmente o linoléico e o oleico. Já o óleo da amêndoa é rico em ácidos graxos saturados, principalmente o ácido graxo láurico, não sendo indicado para alimentação, embora possua propriedades medicinais e de uso cosmético.

A coleta do palmito da gueroba jovem é feita, em média, de três a quatro anos após o seu plantio. A quantidade de palmito aproveitável vai depender do tamanho da cabeça (parte interna, envolvida pelas folhas), variando em média de 500 g a 1,0 kg. Esta exploração comercial da gueroba é vista como atividade extrativista e vem sendo feita de maneira irracional, sem controle e preocupação com sua regeneração natural, uma vez que os indivíduos são colhidos antes mesmo que possam produzir frutos e sementes. Para a extração do palmito, faz-se necessário realizar o corte do estipe (caule), o que ocasiona a morte da palmeira. Dessa maneira, as populações naturais de gueroba vêm diminuindo drasticamente devido ao extrativismo predatório.

Os diversos usos da gueroba mudaram ao longo dos anos: você sabia que, antigamente, a madeira da gueroba era muito usada pela população rural devido à dificuldade de se con- seguir maquinário para serrar madeiras mais duras? O caule da gueroba podia ser cortado em ripas compridas e retas, apenas com o uso do machado devido a ser uma madeira mais macia. A madeira era retirada de palmeiras com pelo menos 30 anos de idade e era usada principalmente para construção de casas, currais, chiqueiros, galinheiros, paióis, telhados, pequenas pontes e móveis. É importante citar também que as folhas e cocos da gueroba sempre foram usados para alimentar animais domésticos, como gado, cavalos e porcos, principalmente, em períodos com falta de pastagens.

Imagem: https://www.farturabrasil.com.br/ingredientes/palmito-gueroba/

Sarah Magalhães Dias é graduanda em Engenharia Florestal na Universidade Federal de Goiás (UFG), membra do Grupos de Frutíferas do Cerrado (Gefruce) e da Liga Acadêmica de Biodiversidade Vegetal e Interações (LABIVI).

João Victor de Sousa Lima é graduando em Engenharia Florestal na Universidade Federal de Goiás (UFG), membro do Grupos de Frutíferas do Cerrado (Gefruce) e da Liga Acadêmica de Biodiversidade Vegetal e Interações (LABIVI).

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