Se você gosta de pterossauros e os acha incríveis, saiba que muitos cientistas ao redor do mundo concordam com você. Apesar de extintos, os fósseis nos revelam que estes animais eram criaturas fantásticas. O que os pesquisadores já descobriram ao longo de anos de estudo é, no mínimo, muito intrigante.
Pterossauros foram enormes répteis voadores. É isso mesmo, não são dinossauros! Eles viveram entre 210 e 66 milhões de anos atrás. Ao longo da vida na Terra, eles foram um dos 4 grupos que conseguiram desenvolver a habilidade de voar, juntamente com os morcegos, os insetos e as aves. Algumas pessoas podem confundir os nomes, pois pterossauro e pterodáctilo são bastante parecidos. A real é que o pterodáctilo é uma espécie de pterossauro, uma das 17 espécies que já viveram neste planeta.
Mas, apesar de todo o registro fóssil, principalmente porque não são tão bem preservados quanto outros, não tínhamos certeza absoluta de como era a alimentação deles. Sabemos apenas que, assim como a grande maioria dos répteis, eles eram carnívoros. Entretanto, somente isso era muito raso, e não esclareceu todas as dúvidas que alguns estudiosos levantaram durante anos sobre esse tema. Foi com base nisso que alguns pesquisadores se propuseram a desenvolver um estudo inovador que analisava os dentes preservados de várias espécies de pterossauros vivos. Utilizando métodos avançados de imagem e análise, esses pesquisadores conseguiram visualizar diferentes padrões de marcas e desgaste, micro fissuras, nos dentes que puderam ter acesso.
Com essas análises, os pesquisadores puderam inferir que, no início da história de vida desse grupo, a alimentação provavelmente era baseada em alimentos mais duros, como moluscos com carapaças formadas por substâncias sólidas e difíceis de mastigar ou quebrar, pois os dentes dos pterossauros mais antigos eram relativamente mais desgastados e com mais microfissuras do que o restante do grupo. Também puderam perceber que, em certa altura da história evolutiva desses organismos, a alimentação sofreu uma mudança. Obviamente que isso não aconteceu rapidamente, pois nada na biologia é do dia para a noite. Mas mesmo assim, o padrão de desgaste e de fissuras mudou a tal ponto que, aliado ao registro fóssil, perceberam que a alimentação passou de algo mais duro e difícil de mastigar para algo mais macio e fácil de triturar com os dentes. Provavelmente a alimentação durante esse período foi à base de peixes, o que não é muito difícil de mastigar.
Por fim, já na época compreendida próxima à extinção desses incríveis animais, a alimentação parece ter mudado novamente. De quase completamente à base de peixes para uma alimentação envolvendo animais vertebrados terrestres também. Isso é indicado pela diferença entre o padrão de marcas nos dentes preservados em fósseis também. O ato de mastigar ossos, em especial ossos de animais vertebrados terrestres, é algo que vai desgastando os dentes ao longo do tempo. Ainda que o desgaste não seja tão forte quanto o desgaste de comer animais com carapaças duras, ainda é possível visualizar microfissuras.
Esta descoberta ajuda a entender como era a vida e a ecologia desses animais, esclarecendo lacunas históricas que antes eram mistérios.
Gustavo Gonçalves Marciano é graduando em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba.