Extraterrestres de um ponto de vista biológico.

Dênis Glauber da Silva Reis

 

A existência de vida extraterrestre é uma hipótese a ser considerada a partir de um ponto de vista biológico e muitos estudos têm sido realizados procurando respostas, dentro e fora de nosso planeta. Será que algum dia terão uma resposta para a pergunta: “Estamos sozinhos no universo ou não?”

O que a maioria dos cientistas que estudam a exobiologia concorda é que a existência de água tenha sido uma condição fundamental para o surgimento e para a manutenção da vida em nosso planeta.

A partir disso, muitos esforços já foram feitos a fim de se detectar corpos celestes que contenham esta molécula e possivelmente vida dentro destes. Ao todo já foram identificados 340 exoplanetas, sendo que 30 destes situam-se em regiões chamadas de zonas habitáveis.

Essas regiões são definidas como as distâncias máximas e mínimas de um planeta em relação à estrela que orbitam e nas quais a temperatura e a iluminação permitem a existência de água no estado líquido. Em nosso sistema solar os principais candidatos para abrigar uma possível forma de vida, devido ao fato de possuírem água são: Marte, Europa (uma lua de Júpiter), Titã e Encélado (luas de Saturno).

Abaixo do solo marciano existe gelo em abundância similar ao permafrost (solo terrestre que jamais descongela). Se microorganismos que se multiplicam no gelo já foram detectados na Antártida, seria razoável admitir que eles possam igualmente habitar o gelo marciano.

 

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O gás metano na atmosfera deste planeta também sugere a presença de microorganismos, já que na terra a liberação deste gás só ocorre pela atividade biológica ou por atividade vulcânica.

A baixa pressão exercida pela rarefeita atmosfera marciana, aliada a altas concentrações de sais e de peróxido de hidrogênio (água oxigenada), permite que a água exista sob a forma líquida em Marte, uma vez que essa mistura atrapalha o congelamento da água, mesmo aos 56ºC negativos de temperatura do planeta. No entanto, a falta de um escudo protetor atmosférico faz com que a quantidade de radiação ultravioleta solar seja altíssima na superfície do solo deste planeta. Consequentemente, quaisquer indícios de organismos viventes estariam no subsolo.

Em Europa existe uma superfície de gelo que varia de 5 a 30 km de espessura, bem como um oceano líquido de aproximadamente 100 km abaixo desta camada gelo. Esse satélite jupteriano é considerado um local propício para algumas formas particulares de vida, pois o fundo de seu oceano poderia abrigar microrganismos associados à fumarolas hidrotermais, similares às existentes no lago Vostok na Antártida.

Recentemente, em Encélado, a sonda Cassini revelou que esta lua também é um potencial local para abrigar vida. Esta sonda detectou partículas e grandes jatos de vapor d’ água a partir da crosta, sugerindo a existência de água líquida abaixo de sua superfície.

Outro ponto importante a ser considerado é o fato de que todo o organismo de nosso planeta tem como base os ácidos nucléicos DNA e RNA. Poderiam existir formas de vida que não se baseassem em tais moléculas?

Um grupo de cientistas do Instituto de Astrobiologia da NASA encontrou uma bactéria, a Gamaproteobactéria GFAJ-I da família das Halomadáceas, uma extremófila, especializada em sobreviver no hostil ambiente hipersalino do lago Mono entre os estados da Califórnia e Nevada. Segundo eles, esta bactéria empregaria arsênico no lugar do fósforo em suas moléculas. O fósforo é um elo chave no esqueleto dos ácidos nucléicos, e existe a possibilidade de esta ser uma forma de vida que possui uma maneira diferente de “armazenar sua informação genética”.

Embora não chegue a ser vida extraterrestre, caso tal hipótese se confirme, teríamos uma expansão da abrangência do fenômeno da vida e do que podemos especular sobre possíveis formas de vida extraterrestre.

Outra forma encontrada pelos cientistas de buscar por formas de vida no espaço é procurando sinais que indiquem a presença de seres capazes de realizar fotossíntese; este é um processo tão bem sucedido que funciona como base de boa parte da vida em nosso planeta.

A fotossíntese surgiu há 3,4 bilhões de anos, com as bactérias fotossintetizantes; elas absorviam luz do infravermelho próximo em vez de luz visível e produziam enxofre e compostos sulfúricos em vez de oxigênio; ela é um processo muito particular que poderia produzir bioassinaturas. As bioassinaturas fotossintéticas poderiam ser de vários tipos; características como a presença de oxigênio, água, ozônio, metano e oxigênio, ciclos sazonais de metano Cloreto de metila, óxido nitroso ou cores da superfície que indiquem a presença de pigmentos especializados como clorofila verde. Em nosso planeta existem organismos adaptados as mais diversas condições de luminosidade ambiental; existem seres adaptados a condições de alta e baixa luminosidade, bem como criaturas aquáticas que se adaptaram a luz filtrada pela água.

Apesar alguns organismos viverem do calor e do metano em fontes hidrotermais, todos os ricos ecossistemas da superfície do planeta dependem da luz solar.

E se existisse vida extraterrestre, qual a probabilidade de encontrarmos seres iguais a nós? E qual a probabilidade de encontrarmos seres que possuam inteligência?

Mesmo que a vida se desenvolva em outros sistemas solares, a chance de encontra-la em um estágio reconhecidamente humano é mínima. Embora sem muita razão, tende-se a ver a inteligência como uma consequência inevitável da evolução. Porem não está claro que a inteligência possui um grande valor de sobrevivência. As bactérias se defendem muito bem sem inteligência, se adaptaram aos mais diversos ambientes e sobreviveriam em nosso planeta caso nos extinguíssemos.

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Dênis Glauber da Silva Reis é acadêmico do curso de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa, campus de Rio Paranaíba, e foi bolsista de Iniciação Científica do CNPq.


 

Como citar esse documento:

Reis, D.G.S. (2012). Extraterrestres de um ponto de visto biológico. Folha biológica 3. (Edição Especial 3-6): 2

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