Importância das abelhas para os ecossistemas e suas ameaças.

As abelhas são insetos pertencentes à ordem Hymenoptera, juntamente a outros animais bem conhecidos, como vespas e formigas. Podem ser solitárias, quando não vivem em colônias, ou eusociais, compartilhando a colmeia com outros indivíduos da mesma espécie. Dentre as abelhas sociais mais conhecidas, a espécie Apis mellifera é a mais conhecida mundialmente, tendo sua imagem altamente popularizada, além de grande relevância e reconhecimento em diversos âmbitos, o que não é por acaso: essas abelhas apresentam um perfil altamente generalista na busca de recursos, ou seja, visitam diversos tipos de plantas diferentes ao buscarem por pólen e néctar, auxiliando na polinização de inúmeras espécies vegetais ao redor do mundo, onde atua como espécie essencial para a manutenção e preservação da natureza.

 Além disso, elas produzem a maior parte do mel que é comercializado no mundo, se destacando entre muitas outras abelhas nesse quesito por produzirem grandes quantidades de mel por colmeia, o que faz com que sua criação em atividades apícolas seja fortememente visada por produtores. Contudo nem tudo são flores para estes pequenos insetos, pois além de enfrentarem grandes perdas populacionais devido à expansão agrícola, urbanização e consequente fragmentação de habitat, ainda passam por outras ameaças relacionadas a doenças, exposição à agrotóxicos e outros estressores ambientais.

Entre os anos de 2006 e 2010 cerca de 30% das abelhas criadas em diversos países da Europa e nos Estados Unidos foram perdidas por causas até então não compreendidas por cientistas e criadores, levantando grande preocupação a nível internacional acerca da importância desses organismos. O fenômeno que causou a morte de abelhas ficou conhecido como Distúrbio do Colapso de Colônia (CCD em inglês), tendo como principais sintomas o desaparecimento de abelhas adultas, excesso de crias em relação a operárias, aparecimento de abelhas mortas fora da colméia etc. Após algum tempo de investigação, pesquisadores puderam concluir que as causas para este distúrbio seriam multifatoriais, sendo causado pela exposição a agrotóxicos, infecção por patógenos, cuidados inadequados com as colônias e como tais fatores poderiam interagir entre si, causando o eventual colapso das colônias.

A partir dessa época, houve um aumento no volume de pesquisas com o intuito de compreender de que modo diferentes estressores podem atuar em sinergia para ocasionarem neste fenômeno, seja pela forma como doenças podem afetar a busca por recursos para a colmeia, a forma como diferentes agroquímicos interagem com órgãos e sistemas de abelhas ou até a interação desses inúmeros fatores em características imunológicas destes insetos, havendo uma abordagem multidisciplinar no que tange a compreensão das variadas nuances desses fenômenos. Assim, é importante entender que as abelhas são essenciais não apenas para a conservação dos ecossistemas, mas também para o bem estar humano no planeta, uma vez que elas contribuem para a polinização de diversas plantas voltadas para o consumo humano, e que atualmente não há uma forma de substituir as funções que eles exercem, sendo imprescindível que sua preservação seja feita de forma efetiva.

Referência: Pires, C. S. S., Pereira, F. de M., Lopes, M. T. do R., Nocelli, R. C. F., Malaspina, O., Pettis, J.S., & Teixeira, É. W. (2016). Enfraquecimento e perda de colônias de abelhas no Brasil: Há casos de CCD? Pesquisa Agropecuária Brasileira, 51(5).

Thalys Augusto de Souza Ribero é graduando em Ciências Biológicas na Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba.

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