As modificações o último par de pernas das Scolopendridae

As pressões evolutivas transformaram as pernas de diversos táxons dos artrópodes, levando ao surgimento das mais diversas modificações, inclusive nos Myriapoda, os famosos seres com elevado números de pernas. Apesar de não parecerem especiais, os artrópodes têm diversas especializações nos Chilopoda, animais popularmente conhecidos como lacraias. Uma das modificações mais conhecidas das lacraias é a exaptação1 das pernas anteriores em forcípulas2.

Os últimos pares de pernas também possuem uma diversidade morfológica ampla e com várias funções diferentes. Algumas observações feitas em campo já mostraram que uma das funções é a ancoragem. Além disso, os últimos pares de pernas podem também auxiliar as pernas locomotoras na caça de morcegos em cavernas, que é o ambiente do qual muitas espécies preferem. Algumas lacraias, como a S. spinosissima, quando se sentem ameaçadas arqueiam e movimentam o último par de pernas para afugentar possíveis predadores. Há também as que possuem espinhos (ou esporões) acessórios, que podem auxiliar na proteção. Algumas espécies foram observadas apresentando o comportamento de virar as forcípulas como também o último par de pernas para o mesmo lado de um invasor, possibilitando assim tanto o ataque quanto a defesa, respectivamente.

Além das modificações raptoriais de defesa e ataque, também podem funcionar como órgãos sensoriais. As últimas pernas podem possuir glândulas coxais3, que são quimiossensoriais e que, até então, se tem indícios de que possam ser usadas para comunicação por feromônios e reconhecimentos intraespecíficos. Outra modificação que pode ser muito interessante é o dimorfismo sexual e uso … Leia mais

Diferenças estruturais e suas influências na evolução em Procariotos e Eucariotos

As células são formas de vida que refletem o que os seus genomas são, apresentando características
produzidas pela expressão de um conjunto de genes¹ presentes em seu genoma. A informação genética de todas as células vivas possui três principais funções, como: preservação, replicação e a expressão de genes responsáveis por gerar certas características nas células. Com base nisso, mesmo possuindo organizações semelhantes como o DNA formado por uma fita dupla com replicação semiconservativa², as células procariontes e eucariontes apresentam diferentes tipos de evolução no seu genoma, sendo
alguns dos eventos, a transferência horizontal de genes e rearranjos internos.

A transferência horizontal de genes³ é basicamente a troca de material genético entre células de espécies diferentes, e assim, juntamente com os rearranjos internos desse material genético distinto esse processo causa impacto na evolução das duas espécies. As células procarióticas são muito mais suscetíveis a mudanças em seu genoma por transferência horizontal, principalmente pelo fato de que não possuem organelas como as células eucarióticas, e por tanto, fica muito mais fácil um fragmento de DNA externo acessar os cromossomos dos procariotos, pois o mesmo está solto no citoplasma celular. Enquanto isso,
em genomas eucariotos a transferência horizontal é muito mais difícil de acontecer, pois o DNA externo precisa transpor todas as membranas e organelas até chegar ao núcleo para acessar os cromossomos. Portanto, a evolução do genoma eucarioto é comandada muito mais pelos rearranjos entre os cromossomos do que pela transferência horizontal. Mas ainda assim, pode acontecer transferência horizontal em eucariotos, principalmente … Leia mais

Por que alguns frutos amadurecem mesmo após colhidos?

Você provavelmente já ouviu falar que, ao colocar um fruto dentro de uma sacola plástica e em um local quente, ele amadurece mais rápido. Isso já se tornou um conhecimento popular, mas você sabe qual a explicação para isso? E qual o motivo disso não acontecer com todos os frutos?

Há uma classificação dos frutos de acordo com seu amadurecimento: frutos climatéricos e os frutos não climatéricos. Basicamente, os frutos climatéricos são aqueles capazes de amadurecer mesmo após colhidos, já os não-climatéricos não amadurecem após colhidos.

O amadurecimento dos frutos se dá, entre outras condições, pela ação dos hormônios vegetais, ou
fitormônios. O fitormônio que atua no amadurecimento dos frutos é o etileno (C2H4), um hormônio vegetal gasoso.

Então, a resposta para a pergunta inicial é simples: os frutos climatéricos produzem muito etileno no pós-colheita, enquanto que os não-climatéricos apresentam produção baixa de etileno após serem retirados do pé. Por isso, quando guardamos frutos em ambientes fechados e mais aquecidos, a tendência é que eles amadureçam muito rápido, pois o etileno gasoso fica concentrado junto ao fruto e, ao invés de ser liberado para atmosfera. As altas concentrações de etileno junto aos frutos potencializam a ação do hormônio, acelerando o amadurecimento.

O etileno age nas células dos frutos e gera as mudanças que estamos acostumados a ver durante o amadurecimento de frutos: mudança de uma coloração verde para cores mais chamativas (degradação da clorofila); mudança de uma textura endurecida para uma consistência mais mole (modificações da parede celular); mudança de … Leia mais

Avanços na clonagem genética: O futuro do melhoramento de raças?

Quando falamos sobre clonagem genética o que vem em sua mente? Talvez cenas antigas de um animal fofo e branquinho em alguma fazenda escocesa cercada por cientistas? Bem, as chances são altas de falar sobre o tema e evocar no imaginário do leitor, quase que instantaneamente, a imagem de uma ovelha com um nome inusitado, Dolly. Isso devido às incessantes reportagens jornalísticas que tomaram o mundo no início do século. Dolly foi o primeiro animal a ser clonado em laboratório pela humanidade, mas não foi o único. Desde fevereiro de 1997 até os dias atuais, a corrida continua (embora os métodos de se conseguir tal feito tenham se diversificado desde então).

A partir do momento que a possibilidade surgiu no horizonte científico, diversas tentativas de clonagem foram feitas a fim de compreender melhor suas implicações e recentemente uma das técnicas demonstrou excelentes resultados, conhecida como Clonagem por Transferência de Células Somáticas (TNCS).

O experimento ocorreu pelo ICAR-Central Institute for Research on búfalos, situado no norte da Índia, onde cientistas decidiram avaliar os impactos da clonagem genética nas espécies de Búfalo Murrah, no intuito de contribuir no entendimento das implicações na qualidade de vida do clone bovino e em seus descendentes. Para isso foram utilizadas metodologias que já demonstraram eficiência na clonagem bovina e a clonagem de transferência de células somáticas foi aplicada em fêmeas através de reprodução assistida.

O método consiste na obtenção do núcleo de células somáticas¹ do doador macho, que são coletadas das células ordinárias da pele e … Leia mais

Você conhece os principais tipos de fruto?

O fruto é o resultado do desenvolvimento do ovário das flores, que garante proteção e auxilia a dispersão das sementes surgidas após a fecundação. Frutos são órgãos encontrados exclusivamente nas Angiospermas e são formados por pericarpo e uma ou mais sementes. A morfologia vegetal se dedica a estudar os frutos e os classifica pela disposição dos carpelos (unidades estruturais que compõem os ovários), quantidade de sementes, consistência dos frutos maduros e presença ou ausência de mecanismos de deiscência (abertura espontânea ou não dos frutos, quando maduros). Ou seja, os diversos tipos de frutos podem ser classificados de maneiras diferentes. Você conhece os principais tipos de fruto?

Frutos são simples quando a origem é de 1 ou vários carpelos unidos, como por exemplo o fruto do baru, pequi, mangaba e sapucaia. São classificados como agregados quando são derivados de um gineceu com carpelos livres entre si, mesmo que pertencentes a uma única flor, como ocorre com o araticum, atemóia, graviola e a magnólia. Ou, ainda, podem ser múltiplos quando resultam de muitos ovários de um grande número de flores de uma inflorescência, como no abacaxi, na jaca, na amora e na fruta-pão.

Quando observamos a consistência dos frutos, esses podem ser classificados em carnosos, isto é, aqueles que apresentam pericarpos suculentos, como visto na manga, no maxixe, na goiaba e no mamão. Por outro lado, os frutos secos são aqueles que apresentam pericarpo não suculento (seco na maturidade), como no urucum, no chichá, no jatobá e nos ipês. Uma outra forma … Leia mais

Evolução do RNA: Primeiro passo para desenvolvimento da vida.

O Ácido Ribonucléico (RNA) é uma molécula grande que desempenha diversas funções, como controlar a síntese de proteínas e conter informações genéticas. No início do desenvolvimento da vida na Terra, a replicação do RNA era o que garantia a continuidade genética, além disso, as moléculas de RNA serviam como catalisadores¹, aumentando a velocidade de reações químicas específicas. Já se perguntou como surgiu a vida na Terra?

A resposta para essa pergunta passa pelo surgimento do RNA. A principal hipótese é que na Terra prebiótica, componentes do RNA disponíveis no ambiente pode- riam ter se reunido em estruturas que conhecemos como nucleotídeos, que funcionam como blocos que formam o que conhecemos como ácidos nucleicos. Essa hipótese pode ser testada, já que é possível que polímeros de RNA se formem espontaneamente em superfícies minerais ou no congelamento de nucleotídeos entre cristais de gelo que, em uma temperatura constante de fusão, se polimerizam e formam o RNA. É possível que o RNA estruturado tenha passado por diversas pressões seletivas, se mantendo vantajoso, sendo assim a evolução darwiniana e a seleção natural começaram a atuar antes mesmo do que conhecemos e definimos como vida, na permanência do RNA.

Tendo conhecimento sobre como surge o RNA, a verdadeira questão se torna o que teria permitido a evolução de RNAs funcionais. A protocélula³ é como é chamada a entidade celular pré-vida onde ocorreu a replicação do material genético primitivo e onde atuavam os catalisadores que deram origem a produtos que beneficiaram a entidade celular. Poderiam haver … Leia mais

As diversas aplicações dos Bambus: do caule ao broto

Você sabe reconhecer um bambu ou quantas espécies dessas plantas já foram identificadas pela ciência? De modo geral, as espécies conhecidas popularmente como bambus englobam plantas herbáceas e lenhosas que fazem parte da família Poaceae, da subfamília Bambusoideae, a qual abriga aproximadamente 1300 espécies pelo mundo; dentre essas, mais de 250 ocorrem no Brasil. Os bambus possuem caule do tipo rizoma (subterrâneo) no qual estão gemas que originam o colmo (caule aéreo) e este, em geral, é dividido em nós (regiões do caule de onde saem as folhas) e entrenós (região entre um nó e outro) bem visíveis, dando suporte às folhas. A depender do tipo de rizoma, os colmos podem ficar aglomerados ou se alastrarem. Outro detalhe importante é que em seu estágio inicial de desenvolvimento, o colmo é chamado de “broto-de-bambu”.

Por que usar os bambus? Eles são os principais produtos florestais não madeiráveis e potenciais substitutos da madeira em função da presença de tecido lenhoso/ fibroso em sua estrutura. Possuem capacidade de sequestrar rapidamente o dióxido de carbono atmosférico, devido ao seu crescimento muito acelerado, e apresentam excelentes características físicas e mecânicas. Além disso, sua propagação pode ser feita por ramos, gemas, colmos e rizomas, gerando mudas de maneira rápida e eficiente. Devido ao seu crescimento rápido, os bambus são plantas de fácil regeneração e, devido ao ciclo reprodutivo longo (em geral, mais de 30 anos), é desnecessário o replantio frequente. Assim, o seu manejo permite extração e também multiplicação de novos indivíduos, sendo uma boa opção … Leia mais

Importância social e econômica da “Gueroba”

Você conhece a “gueroba”? Esse é um dos nomes populares para a planta Syagrus oleracea, pertencente à família Arecaceae Schultz. Ela também é conhecida como gueiroba, guarirova, guariroba, gariroba, gairoba, jaguaroba, catolé, pati, pati-amargosa, coqueiro-amargoso e palmito-amargoso. Essa palmeira chega a atingir 20 m de altura e o seu caule pode medir entre 15 e 30 cm de diâmetro. Possuem de 12 a 20 folhas concentradas no topo do caule, formando uma copa de 4 m de diâmetro, em média. Indivíduos dessa espécie podem viver até aproximadamente 100 anos.

Sua frutificação ocorre durante os meses de agosto a fevereiro. Muitas vezes, seus cocos são coletados após caírem no chão ou com o corte do cacho maduro. Seu plantio é tradicionalmente feito junto a áreas de cultivo de arroz, milho, feijão e abóbora, também sendo cultivada em quintais com diversas espécies medicinais e frutíferas. Por ser uma espécie com potencial ornamental, a gueroba também é utilizada em paisagismo nas propriedades rurais, em jardins e até mesmo em ruas e avenidas das cidades, sendo atrativas para muitos pássaros.

A amêndoa e a polpa do coco possuem sabor adocicado e são muito apreciadas como alimento, principalmente por crianças. A polpa do coco é rica em nutrientes, com quantidade significativa de carboidratos e a amêndoa é muito calórica, rica em fibras e proteínas. A amêndoa, ainda hoje, é usada para fazer doces, conhecido como “doce de taia” e, no passado, já foi usada para fazer óleo de cozinha. Isso é possível pois a … Leia mais

Quais as adaptações da vegetação do Cerrado?

O Cerrado é um bioma que abriga aproximadamente 12 mil plantas catalogadas, das quais mais de 4 mil são endêmicas, ou seja, só ocorre neste bioma. Assim, tanta diversidade faz com que ele seja considerado um ‘hotspot’ global de biodiversidade. Além disso, é formado por um mosaico de vegetações, sendo descritos 11 tipos principais de vegetação para o Bioma:

  • Formações florestais: Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão;
  • Formações savânicas: Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda;
  • Formações campestres: Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre.

A vegetação do Cerrado é influenciada por uma série de fatores ambientais, como regime de fogo, tipo de solo e de clima, cujas variações contribuem para a uma alta diversidade de espécies em sua flora. Você conhece a morfologia das árvores do cerrado? Sabia que existem adaptações morfológicas nelas? Características como sistemas subterrâneos bem desenvolvidos, isto é, raízes profundas que buscam por água (floresta invertida) e órgãos de reservas e com gemas, que permitem a rebrota após
fogo e seca prolongada, são exemplos de algumas adaptações. Como exemplos de órgãos subterrâneos, podemos citar os xilopódios (espessamento das raízes), raízes tuberosas (como cenouras e beterrabas), sistemas subterrâneos difusos e os rizóforos (caule que desenvolve ramos que crescem em direção ao solo, auxiliando na sustentação da planta).

Por outro lado, plantas do cerrado também podem ter caules aéreos espessos, com grande camada de súber (é a “casca” das plantas lenhosas), que atua como isolante térmico e impede que o calor chegue até … Leia mais